quinta-feira, 30 de agosto de 2012

ADEVALDES PEREIRA


Regina  lembra-se com saudade do Val
Há um pássaro na Shamballa que não vemos durante o dia. Todavia, assim que anoitece ele começa o seu canto noturno diário. Ontem eu consegui vislumbrá-lo no nosso bosque com o auxílio do Aleixo suprindo a minha miopia. Nossas noites passaram a ser orquestradas com a música deste bacurau! Ele é um pássaro rasteiro, desajeitado e de voo baixo. A gente fica na expectativa alegre de seu desempenho à medida que nos acomodamos no sofá à noitinha, percebendo as árvores próximas da sala.
Estou contente com as boas notícias de meu amigo terapeuta Luís Alfredo! Eu simplesmente o adoro! 
Adevaldes, Clélia e seus filhos, 1988.
Ele compartilhou que está reinventando a sua vida em uma cidadezinha do sul, escolhida com cuidado. Luís continuará com o consultório de psicologia, os cursos, o estudo constante, os grupos de sonhadores, em maioria, em meio a muito afeto e chocolate. Voltas românticas que a vida dá!
Minha sobrinha Tarsila postou uma foto no facebook e lembrei-me com carinho de seu pai – Adevaldes Pereira. 
Eu o conheci em 73 quando minha filha Fábia nasceu e fiquei alguns dias na casa de minha mãe porque já era mãe de outro bebê de 13 meses – Otávio. O pai deles havia viajado para visitar uma fazenda no Maranhão que comprara só por meio de informações.
Clélia com Otávio e Fábia, 1975.
Fábia chorava muito e Val costumava visitar a minha irmã Clélia com quem estava namorando. 
Eram colegas de trabalho, companheiros de futebol e de outras formas de lazer. Ele era simpático, responsável, bonito e logo ganhou a simpatia irrestrita de toda a família. Val não falava muito, mas aos poucos fomos conhecendo-o e admirando as suas qualidades!
Difícil encontrar alguém com seu caráter tão íntegro e cristão.  Estava sempre disposto a ajudar o próximo sem alarde. Ele e Clélia costumavam levar meus filhos pequenos para passeio aos domingos. Ele era excelente fotógrafo e até hoje guardo as inúmeras fotos que ele tirou das crianças. 
Logo eu o convidei para batizar a Fábia junto com Clélia e dois anos mais tarde eles se casaram. Esta união foi abençoada com a chegada de três filhos maravilhosos: Gustavo, Priscila e Tarsila.
Adevaldes, Sônia, Didi e Ziquinho, 93.
Nós convivemos muito em família por duas décadas. Estávamos sempre juntos nos finais de semana e fizemos algumas viagens de férias em sua companhia. A gente costumava alugar uma casa na praia e dividíamos as despesas. Ele cuidava da contabilidade de maneira que tudo acontecesse de maneira justa e organizada. 
Lembro-me de eu gostava de cuidar da administração da casa e fazíamos as compras de supermercado, juntos. Val foi esposo, filho, irmão, cunhado, genro, amigo perfeito.  Era o mais velho dos irmãos do sexo masculino e cuidou de sua mãe e irmãos responsabilizando-se pela educação de todos. Quando seu pai adoeceu, ele também o acolheu e costumava cuidar pessoalmente de seu banho diário! Gostava de viajar e era um ótimo companheiro nestas ocasiões. Clélia e ele viajaram bastante. Nunca o vi de mau humor! Ele se destacava por sua bondade onde quer que atuasse!
Renata, Leandro, Regina, Fábia
 e Tarsila, na praia, 1986.
Meu marido estava sempre fora e, algumas vezes, Val me levou ao hospital com suspeita de crise de angina. Muito tempo depois, descobriu-se que era apenas uma grande pedra na vesícula e fui operada, com a intersecção de minha amiga Helga, no Hospital das Clínicas. 
Lembro-me de que ele foi me visitar e me presenteou com uma maravilhosa corbeille de flores silvestres, as minhas favoritas.  No meio da cesta, havia antúrios brancos, famosos na época devido a uma novela global, cuja personagem - Jorge Tadeu -, vivida por Fábio Júnior, pretensamente fazia brotar em uma árvore de fictícia cidadezinha! Isto alegrou a pobreza do hospital público à beira de uma greve e alvoraçou as enfermeiras. Tive que presentear algumas delas com os antúrios e mais uma vez o Val contribuiu para a harmonia do ambiente!
Nosso pássaro Bacurau da Shamballa.
Adevaldes lutou bravamente contra um câncer durante três anos, mas os seres como ele não precisam ficar muito na terra e nosso tenista partiu aos 44 anos.  Eu poderia escrever muito mais sobre o Val... Difícil descrever como me emociona a lembrança de sua convivência querida. Mas acredito que ele deva estar muito bem onde se encontra e, na certa, intervém por seus amigos e por sua descendência. Sinto que ele faz parte de minha família espiritual e sou grata por este privilégio!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

MAL DO SÉCULO XXI


Na juventude aprendemos, com a idade compreendemos. Marie Von Ebner Eschenbach
Regina refletindo sobre a ansiedade
A ansiedade é o mal do século. Em nossos ancestrais, o mecanismo da ansiedade-estresse foi destinado à sobrevivência da espécie diante dos perigos próprios da luta pela vida, como acontece com qualquer animal. Era útil no caso das ameaças de animais ferozes, das guerras tribais, das intempéries climáticas, da busca pelo alimento, da luta pelo espaço geográfico, entre outros.
Com a civilidade do ser humano, outros perigos apareceram e ocuparam o lugar daqueles que estressavam nossos ancestrais arqueológicos. Hoje em dia tememos a competitividade social, a segurança, a competência profissional, a sobrevivência econômica, as perspectivas futuras e mais uma infinidade de ameaças abstratas e reais. Enfim, tudo isso passou a ter o mesmo significado de ameaça e de perigo que as questões de pura sobrevivência que assombravam nossos ancestrais.
Grupo de reikianos na Shamballa.
Na antiguidade tais ameaças eram concretas e a pessoa tinha determinado objeto real a combater, precisava fugir ou atacar para sobreviver! Agora, esse objeto de perigo vive dentro de nós. As ameaças vivem, dormem e acordam conosco.
Se, em épocas primitivas, o coração palpitava, a respiração ofegava e a pele transpirava diante de um animal feroz a nos atacar, se ficávamos estressados diante da invasão de uma tribo inimiga, hoje em dia nosso coração bate mais forte diante do desemprego, dos preços altos, das dificuldades para educação dos filhos, das perspectivas de um futuro sombrio, da luta pela concretização de nossos sonhos, dos muitos compromissos econômicos cotidianos e assim por diante. 
Aleixo e Regina, no Algarve, Portugal.
Como se percebe, hoje, nossa ansiedade é contínua e crônica. Se a adrenalina antes aumentava só de vez em quando, hoje ela está aumentada quase diariamente. Se a gente não consegue controlar tudo isso, pode-se desenvolver a temida síndrome do pânico frequente na atualidade!
A ansiedade aparece em nossa vida como um sentimento de apreensão, uma sensação de que algo está para acontecer, ela representa um contínuo estado de alerta e uma constante pressa em terminar as coisas que ainda nem começamos. É a corrida para não deixar nada para trás, além de nossos concorrentes. É um estado de alarme contínuo e uma prontidão para o que der e vier!
Escritor Brasigóis Felício, Aleixo e eu.
No ser humano, o conflito parece ser essencial ao desenvolvimento da ansiedade. Em nosso cotidiano, sem termos plena consciência, experimentamos um sem-número de pequenos conflitos, interpessoais ou intrapsíquicos; as tensões entre ir e não ir, fazer e não fazer, querer e não poder, dever e não querer, poder e não dever, assim por diante. Portanto, motivação fisiológica para o aparecimento da ansiedade existe de sobra. 
Acredito que cultivar a espiritualidade, em seu sentido mais amplo, independentemente de religiões ou crenças, ajuda a enfrentar com mais serenidade, sabedoria e equilíbrio a vida pessoal com seus desafios. 
 Professora Maluba e amigos na Shamballa
Com rotinas cada vez mais estressantes, pressão crescente por resultados e competitividade, quem consegue olhar além do mundo material, com certeza, pode sofrer menos e aceitar mais.
Concordo com alguém que disse que o segredo da vida é aceitar que tudo vem em ciclos, que tudo que começa, mas termina. Acredito na reencarnação e no resgate de vidas passadas. Talvez, isso tenha me dado maior suporte nos momentos de crise. Mesmo porque, a prática da espiritualidade genuína agrega valores como a ética, além do significado das ações e dos objetivos estabelecidos e a cooperação.
Situações de dificuldade, angústia e tensão são momentos nos quais se conectar com a própria espiritualidade e força interior é ainda mais importante para recuperar o equilíbrio. Eu, pessoalmente, busco na oração o alimento de que necessito para determinados conflitos de muita ansiedade.
Kuthumi ou São Francisco de Assis.
Segundo os especialistas, as práticas espirituais modificam positivamente a maneira como o sistema nervoso reage às pressões, permitindo que o ser humano enfrente os desafios mais complexos com sucesso e satisfação.
Elas permitem aumentar a resistência ao estresse,  aumentando a clareza mental, a capacidade de tomar decisões,  diminuindo a ansiedade e, consequentemente, melhorando o nosso desempenho integral e os relacionamentos interpessoais.
O aspecto espiritual tem-me auxiliado a encontrar a força interior, a energia vital para o controle do estresse e das incertezas, proporcionando-me um significado mais profundo às ações do dia a dia. Mas sei que cada indivíduo é impar e deve buscar o seu próprio caminho para vencer as suas ansiedades!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

SONHOS DE AMOR E TRANSCENDÊNCIA


Lei e Regi, no posto sete, Rio,19.05.12.
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos. Fernando Pessoa
A perua está presa no canil com os três peruzinhos que sobreviveram e o peru macho fica namorando-a pela grade. Ele se incha todo, vira pra cá e pra lá, posiciona-se de perfil, tentando impressioná-la, mas ela só o observa, talvez porque saiba que ainda não pode transpor grades e a maternidade peruana é seu alvo neste momento...
Peru galanteador, na Shamballa, 27.08.12.
Ando refletindo sobre as minhas buscas adolescentes. Em minha travessia, sonhei e persegui sonhos de amor e de transcendência.
Será que viver significa apenas cumprir com as necessidades básicas de que o ser humano precisa? Respirar, comer, crescer, reproduzir... Será isso o bastante?
Transcendental é tudo aquilo que está além dos limites conhecidos do universo em que estamos inseridos. É qualidade atribuída ao divino e relativa ao conceito de Deus. Compreendendo também sua natureza, seu modo de agir e o entendimento a partir de uma perspectiva mística.
Sobrinho Amaro e seu Dionísio, 16.06.12.
Entretanto, o termo não possui um caráter exclusivamente místico, podendo ser aplicado ao que ultrapassa a explicação da lógica e o formalismo da ciência.
O transcendental não é algo superior, ou ainda algo que venha a quebrar as leis da natureza, nem tampouco um conceito mágico/fantástico. Este seria o domínio do sobrenatural, que diverge de transcendental no sentido que este último está além dos limites ou simplesmente não é afetado por eles. 
Ave sobrevoando o Rio Araguaia,
registrada por Lêda Selma, jul.12.
Enquanto que o sobrenatural é uma ruptura nas leis naturais ou físicas de um sistema, de caráter não aceito pela ciência. O transcendental é tido como o domínio ou amplitude total deste sistema, de um modo inconcebível para aqueles que estão limitados ao sistema, e não mensurável por meio de conceitos científicos.
Não há como ignorar, o mundo não é uma colônia de férias. Estamos aqui para aprender a lidar com cada situação que se apresenta e cada um tem que chegar sozinho, mesmo contando com o apoio de afins em algumas fases. 
Aquele que vive deixando somente os dias passarem, já deixou de viver há muito tempo, porque morreu por dentro, porque o olho não brilha mais, porque tem a certeza de que quase não viveu... Apenas existiu. E aí vem o arrependimento de não ter dito, de não ter feito, de não ter vivido. E pode se amargurar pensando na própria vida, percebendo que deixou muitas coisas pra trás. 
Netas do irmão Júnior: Amanda e Sofia.
Mas uma coisa é certa, o tempo que passou nunca mais voltará. Pode haver novas oportunidades posteriores para aqueles que acreditam, como eu, na multiplicidade da existência... Mas houve desrespeito ao tempo e consequente atraso!
Nossa existência terrena é efêmera. Ao respirarmos pela primeira vez fora do corpo de nossa mãe, começamos a envelhecer. E vamos existindo até que tenhamos envelhecido o bastante para mudarmos de plano. 
Porque cada um tem seu tempo... Não importam quantos anos tenham se passado desde que nascemos, pois se nada mudou dentro da gente, não houve crescimento! É necessário planejar, buscar algo além da mesmice ou da normose do cotidiano! Cada ser humano deve sonhar e perseguir os seus sonhos... Mesmo transcendentais!
Breno Gustavo e Ana Júlia, netos da Clélia.
Contudo, não podemos achar que aqueles que vivem toda uma vida sem atravessar um rio ou ver o outro lado da montanha tenham deixado de viver intensamente dentro de suas perspectivas. Refiro-me, por exemplo, à realidade de um nativo, aquém do mundo da globalidade.
Nossas aspirações variam muito e nossa felicidade pode estar contida em nosso próprio ser, em nosso mundo de domínio. Lembremo-nos de que “conhecimento médio nos afasta de Deus, ignorância e conhecimento totais nos reaproximam Dele”.

domingo, 26 de agosto de 2012

OS IPÊS EM FLOR


Bougainville florida na Shamballa!
Nesta época da seca, os pés de ipê ficam inteiramente floridos. Soube que a cor da flor depende da terra da região. Neste setor da Vargem Bonita, a maioria é amarela, mas há também cor de rosa. Eu plantei uma muda de ipê roxo aqui na chácara Shamballa, há uns dois anos, mas ele ainda está pequeno, apesar de viçoso. Demora muito a crescer! 
Poste que brotou em Porto Velho.
Há muito tempo atrás, em Porto Velho, Rondônia, a companhia de energia do estado utilizava troncos de árvores como poste de luz. E o curioso foi que esse poste foi fincado no chão e nele foram instalados os fios elétricos, ou seja, naquilo que se pensava ser uma árvore morta. Mas algum tempo depois, ele começou a criar galhos e, de repente, havia retomado à vida. Creio que os seus elementais não o haviam abandonado... O pessoal preservou a nova árvore, colocando outro poste próximo para os fios.
 Ipê amarelo próximo da Shamballa.
O ipê amarelo é a árvore brasileira mais conhecida, a mais cultivada e, sem dúvida nenhuma, uma das mais belas. Na verdade, o ipê constitui um complexo de nove ou dez espécies com características mais ou menos semelhantes, com flores amarelas, rosas, brancas ou roxas. Nas lojas turísticas com lembranças de Goiânia podemos encontrar arvorezinhas: ipês amarelos, roxos e cor de rosa.
Lembro que há muitos anos a imprensa divulgou que nessa planta estaria a cura para o câncer, mas não foi comprovado. Dizem que o ipê-roxo é antifúngico, antimutagênico, antibacteriano e antiinflamatório.
Outro pé de ipê rosa na Vargem Bonita.
Pode ser indicado nos casos de artrite, úlcera, algumas formas de leucemia, anemia, lúpus, mal de Parkson, osteomielite, psoríase e inflamações no útero e ovário. Tem propriedades adstringentes, anti-inflamatórias e anticancerígenas, estimula o sistema imunológico e ajuda no controle da diabete. 
Para preparar o chá, pegue duas colheres de sopa da erva, misture com um litro de água e deixe cozinhar por cinco minutos, a partir do momento em que começa a ebulição. Quando amornar, coe e beba duas a três xícaras ao dia.
O ipê roxo é usado na fitoterapia.
Outra planta que flore nesta época é a Rosa de Santana que chamamos também de bougainvile.  Para alegria de nossa visão, temos algumas floridas na Shamballa! A muda desta que fotografamos foi presente de minha sobrinha Lívia!

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

SILÊNCIO


O silêncio também fala, fala e muito! O silêncio pode falar mesmo quando as palavras falham. Osho


Aleixo e Regina, 08.09.2010.
Aleixo dirigiu na volta do Rio e sua copilota observava a paisagem silenciosamente, aproveitando os longos momentos de reflexão! 
Lembrei-me de várias fases de minha existência e, mais uma vez, comprovei o que o dramaturgo americano Tennessee Williams disse e eu gravei: “o tempo é a maior distância entre dois lugares...”.
Tantas experiências vividas, tanto a recordar... Quantas respostas eu obtive! De quantas perguntas eu desisti... Creio que nada foi desperdício, tudo se soma e, hoje, sou o resultado do que fiz, do que pensei, do que sonhei, do que tentei, do que errei e do que acertei... Dos sonhos, concretizados ou não!
Às vezes, em meus atendimentos de apoio emocional, eu teria tanta coisa a dizer à outra pessoa, mas, de acordo com Rogers, tento apenas ouvir com empatia, estar junto! Uma vez Rogers disse: “descobri que sou mais eficaz quando posso ouvir a mim mesmo aceitando-me, e quando posso ser eu mesmo... Julgo que aprendi isto com meus clientes, bem como através da minha experiência pessoal - não podemos mudar, não podemos afastar do que somos enquanto não aceitarmos profundamente o que somos”. O texto integra a sua obra - Tornar-se Pessoa. 
Carl Rogers.
Também é dele esta reflexão: “o único homem que se educa é aquele que aprendeu como aprender: que aprendeu como se adaptar e mudar; que se capacitou de que nenhum conhecimento é seguro, que nenhum processo de buscar conhecimento oferece uma base de segurança”.
Outras vezes, nas conversas ou na troca de mensagens subjetivas sinto que teria tantas respostas, mas me calo, porque a caminhada é individual e o ser deve chegar à sua meta no seu próprio ritmo! Com o tempo venho aprendendo a julgar menos e sei que isso é algum avanço!
Voltamos felizes, agradecidos pela energização marinha. A viagem de volta foi tranquila. Chegamos e encontramos a paisagem diferente do que deixamos. Agora, quase não se vê o verde. Os tons variam do amarelo ao marrom de várias nuances, o tempo está seco, a poeira e a penugem das queimadas povoam o ar ao nosso redor! E como está ventando em nosso bosque!
Bettina e Astro no riacho da Shamballa
Na Shamballa, as plantas são regadas diariamente com a água do pequeno riacho e ainda somos privilegiados com a presença das inúmeras árvores. Assim, a unidade relativa do ar não nos agride tanto como na cidade!
Reencontrar nossos cães é algo que só quem cria bichos pode entender. Quanta alegria cúmplice! Amizade genuína! Eles não sabem se pulam, se nos lambem ou rosnam de felicidade! Apolo, o papagaio, também tentou verbalizar sua alegria emitindo sons, assovios, dançando e se movimentando para exprimir seu grau de reconhecimento da nova situação...

terça-feira, 21 de agosto de 2012

ENERGIA VITAL UNIVERSAL


Aleixo e Regina em Copacabana, 21.08.12.
Reiki é uma palavra japonesa que significa Energia Vital Universal. O Reiki não é uma religião, tampouco uma crença. Ele abre novos caminhos para experiência espiritual e o aprendizado. Para receber a técnica do Reiki, a pessoa precisa passar por uma iniciação feita por um Mestre de Reiki. Essa iniciação é feita pela imposição das mãos em forma de uma concha, visualizando símbolos secretos que adentram o corpo da pessoa. Costumo organizar grupos e faço a iniciação dos dois primeiros níveis gratuitamente.
Energia do Reiki.
Durante a iniciação a pessoa que vai receber o Reiki fica em uma posição confortável, com a coluna reta para facilitar a absorção de energias. Geralmente, durante as sessões, muitos mestres de Reiki preferem ficar em silêncio para facilitar a conexão com seus mestres, com os seres superiores ou outras energias de amor universal. 
As posições são variadas e é costume trabalhar-se atrás da cabeça e na frente. A duração de uma iniciação pode levar até uma hora, variando de mestre para mestre. Após essa iniciação, a pessoa não precisa passar novamente por este processo para melhorar ou recuperar os seus canais de energia. O iniciado passa por uma grandiosa transformação, sentindo-se diferenciado das outras pessoas. Essa transformação permanece por toda a vida.
Cristo Redentor no Rio.
Após a iniciação, a energia do Reiki é encaminhada através do corpo em exercício semelhante àquele que é necessário para a cura. O corpo humano ou animal irradia calor e energia. Essa energia é a força da vida chamada CH'I. O que cura é a energia do Cosmos (Ki ou CH'I) que é direcionada pelas mãos do praticante. 
A palavra CH'I quer dizer "ar, respiração, vento, essência vital, energia ativa do universo..." CH'I ou KI é também a força vital da Terra, dos planetas, das estrelas, dos céus e das fontes de energia que afetam os corpos com a energia KI. A energia que sai das mãos do reikiano é uma força transformadora, trazendo o KI do universo para dentro dos corpos. 
Energia Reiki nas mãos dos canais
Na energia vital do Reiki, a pessoa que está sendo inicializada, fica com todos os canais de energia abertos e limpos de obstruções pela inicialização do Reiki. Na prática do Reiki, não há transmissão de nenhuma energia pessoal.
A gente pode aplicar Reiki em tudo, silenciosamente, contribuindo para a harmonização dos seres. Costumo enviar Reiki a distância, atendendo pedidos de amigos e familiares, mas eu uso esta energia nos ambientes, nas plantas, nos animais ou no contexto que eu ocupar no momento. Sinto que faz bem ao universo, como a mim mesma e sou grata por ser um canal nessas ocasiões. 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

SERRA NEGRA E COPACABANA


Regina na antiga residência de Jorge Amado
Havia uma foto que instigava a imaginação curiosa de todos os irmãos Araújo na infância. Ela foi tirada em Serra Negra, SP, antes de nosso nascimento. Meu pai a mostrava a todos dizendo que ele mesmo havia tirado a foto no jardim da pousada onde nossa mãe e ele se hospedaram durante uma estação de águas. 
Com as araras na Lagoa.
Papai  não entendia por que ao revelar os negativos aparecia uma perna humana avulsa e em posição invertida que não estava no cenário que ele registrou. Agora, conversando com minha irmã Clélia, ela garante que se lembra apenas da bota que aparecia visível. Talvez, minha memória acrescentasse a perna por conta própria devido à imaginação da aspirante à escritora. Mas, no retorno do Rio, quero passar para conhecer essa cidade.
Cristo de Serra Negra, SP.
Soube que o turismo é o alicerce da economia local e se subdivide em três partes: o comercial, ligado a compras na região; o rural, que explora o cotidiano das fazendas e o ecológico, com enfoque nos passeios programados pela cidade. O ecoturismo surge como forma de aproveitar os recursos hidrominerais da cidade para o desenvolvimento sustentável do meio ambiente e da economia local.
Localizada no interior paulista a 153 km de São Paulo, 72 de Campinas e a 59 de Mogi-Mirim, a região é também conhecida como Cidade da Saúde e, além de suas águas minerais com poderes terapêuticos, conta com o clima de montanha. Imaginem que em homenagem ao Cristo carioca, o município inaugurou, em 1952, o monumento ao Cristo Redentor. A obra está localizada a 1.080 m de altura e tem 18 m, sendo 06 de pedestal e 12 de estátua.
Praia de Copacabana, no Rio.
Fábia me encomendou uma lanterna pediátrica e aproveitamos para ir às compras pelo bairro de Copacabana. Passamos pela Rua Rodolfo Dantas e pudemos observar o edifício Sumaré no qual residiu Jorge Amado, juntamente com sua esposa Zélia Gatai e a filha Paloma. O novo proprietário mantém, no apartamento 704, a antiga decoração e, no dia 10 de agosto deste, centenário do autor, colocaram uma placa em sua homenagem na portaria do prédio. Prometi ao Heleno Godoy que um dia haverá uma placa neste Condomínio Dom Miguel registrando a sua passagem! E de outros autores que aqui vierem...

domingo, 19 de agosto de 2012

BACON & EGGS DO ALEIXO


Regina à beira da Lagoa Rodrigo Freitas
Acordei com o cheirinho de ovos com bacon preparados por meu marido. Esta é a sua especialidade! Delicioso! Ninguém consegue fazer melhor que ele! Detalhe: os ovos são do tipo caipira, trazidos lá de nossa Shamballa!
Depois fomos dar uma volta pela feirinha de Ipanema. Ela existe há mais de quarenta anos e é uma das maiores do país. Os turistas nacionais e estrangeiros ficam encantados. Como goianoca, de espírito cigano, gosto de feiras e sempre faço questão de conferir as novidades criativas. 
Aleixo e Regina, 18.08.2012.
Íamos almoçar no Flamengo que ainda não visitamos nesta temporada, mas desistimos por hoje. Saudade do arroz com brócolis, das pescadinhas e coradas! Preferimos curtir um cineminha carioca aqui no Roxy, após a caminhada pelo calçadão com direito ao conserto de Chorinho, no Forte de Copacabana. 
O  Roxy é um cinema localizado no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, fundado em 3 de setembro de 1938. Hoje, é o único cinema em funcionamento no bairro e reconhecido pela prefeitura como "marco referencial na cultura cinematográfica da cidade".
Cristo Redentor fotografado pelo Aleixo
Ele foi inaugurado quando estreava o filme Bloqueio, protagonizado por Henry Fonda. Na época existiam vários outros cinemas no bairro.
Desde sua  estreia, o Roxy vem se mantendo como uma das principais salas de exibição de filmes do bairro e, entre os muitos outros cinemas que já existiram aqui,  ele foi o único que restou.
Meryl Streep
No início dos anos 90, o Roxy passou por uma grande reforma e passou a comportar 3 salas menores: Roxy 1, 2 e 3. Nos anos 2000, após nova intervenção, passou a contar com poltronas numeradas, além de pequenas mudanças e intervenções em sua fachada. Ele tem público cativo e tem sido importante no lazer de gerações de moradores. 
Vamos assistir Divã para Dois, com a Meryl Streep, de quem gostamos tanto! O sol brilha, mas venta bastante.  Senti frio e reduzimos a caminhada vespertina...

sábado, 18 de agosto de 2012

CAMINHADA NA LAGOA


Aleixo e Regina, na Lagoa.
Saímos para uma caminhada ao redor da Lagoa Rodrigo de Freitas nesta manhã. Sei que no início da ocupação da cidade do Rio de Janeiro, esta área era chamada de Jardim da Gávea e englobava os atuais bairros da Gávea, Jardim Botânico e Lagoa. Aqui havia propriedades rurais, latifúndios em que se cultivava a cana-de-açúcar.
Após a chegada da Família Real na colônia, em 1808, houve a necessidade de se construir uma fábrica de pólvora para proteger a cidade de prováveis invasões francesas. Essa foi edificada nos arredores da Lagoa Rodrigo de Freitas. 
Aleixo e Regina perto da Fonte da Saudade.
Em virtude da decadência do ciclo da cana, na metade do século XIX, as antigas fazendas tornaram-se chácaras. Na época, a cidade era dividida em freguesias e a ocupação residencial se intensificou quando a Rua São Clemente foi aberta e quando os bondes de burro alcançaram a Freguesia da Gávea, a futura Zona Sul carioca. 
Aleixo com as araras na Lagoa.
Uma das histórias peculiares do bairro é a da Fonte da Saudade. Essa fonte ficava localizada no fim da primitiva praia da Lagoa por onde Aleixo e eu caminhamos hoje. Na passagem do século XIX para o século XX, as lavadeiras portuguesas que atendiam às famílias abastadas de Botafogo se reuniam em torno da fonte lavando as roupas e compartilhando as saudades de sua terra natal. E esta professora de literatura não poderia esquecer que a personagem João Romão de O Cortiço, de Aluísio de Azevedo, morava ali perto! 
Lagoa Rodrigo de Freitas, agosto, 2012
As reformas urbanísticas realizadas trouxeram o saneamento básico à região e a sua urbanização. Na década de 1920, o local nobre ganhou a Avenida Epitácio Pessoa, que circunda a orla da lagoa. Nela, foram construídas mansões da elite carioca, além do Jóquei Clube Brasileiro. 
Nos anos 1970, algumas construtoras aterraram ilegalmente a Lagoa que perdeu grande parte de sua área original. Posteriormente, houve a proibição de outras modificações na linha do espelho d’água do reservatório, além da restrição de construções na área. 
Outra imagem da Lagoa.
Após muitas tentativas, a Lagoa foi parcialmente despoluída e, ao mesmo tempo, o bairro começou a ser um dos redutos da vida noturna da cidade. Agora se percebe a revitalização da Lagoa, cuidada com preocupação ecológica. 
Paramos à sombra por instantes para admirar araras em um bar rústico, ao ar livre, com o chão forrado de serragem. Defronte, o imenso espelho d´agua da lagoa com a visão do Cristo Redentor ao alto! Beleza de cartão postal ao vivo!

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

NA REGIÃO DOS LAGOS


Aleixo e Regina, em Saquarema, 15.8.12.
A gente percebe a magia da região dos lagos e da Costa do Sol quando vê os primeiros moinhos de vento que constituem a marca registrada da localidade. Então, podemos vislumbrar dezenas de praias e lagoas belíssimas, uma após a outra. Um roteiro perfeito para quem gosta de sol, vento, mar, esportes aquáticos como o skite surf, wind surf, encontrar gente bonita e boa comida. A beleza da paisagem justifica o fato de o Rio de Janeiro ser o único cenário tombado como patrimônio da humanidade!
Casal na Pousada da Tia Tatá, em Búzios
Vimos restaurantes de qualidade internacional e uma intensa vida noturna, apesar de não ser este o nosso interesse primordial. Também observamos uma das mais belas regiões da costa brasileira. Totalmente ensolarada durante mais de 300 dias do ano e com praias extensas e indescritivelmente belas.
Atravessamos a ponte Rio Niterói em direção a Itaipu que é um bairro da cidade e praia famosa. Passamos por um local maravilhoso que nem constava do mapa, mas com condomínios de luxo à beira mar e aparente qualidade de vida chamado Caboinhas. 
Aleixo e Regina, em Rio das Ostras.
A seguir, nós nos dirigimos para Maricá, Jacomé e  almoçamos em Saquarema. Lá visitamos a mesma igreja de Nossa Senhora de Nazaré onde Aleixo e eu estivemos há mais de dez anos.
Rumo a Búzios, passamos por Bicuíba e Araruama. Ali vimos enormes lagoas que se confundem com o mar.
Resolvemos ficar em Búzios e selecionamos uma pousada agradável perto da Praia da Tartaruga e no Portal da Praia da Ferradura. Jantamos nunca cantina italiana próxima. Estivemos também na Orla  Bardot que nada fica a dever à Riviera italiana. O lugar ficou famoso depois da passagem da atriz Brigite Bardot que residiu no lugar, na década de sessenta.
Na volta resolvemos passar por Rio das Ostras e São Pedro da Aldeia. Visitamos a famosa Casa da Flor. A casa da Flor foi construída espontaneamente por Gabriel Joaquim dos Santos, entre 1912 e 1985, com materiais recolhidos de lixos domésticos e refugo de construções do local.
Aleixo e Regina, na Casa da Flor.
Em 1987, com o objetivo de preservar e divulgar a casa e o trabalho de Seu Gabriel, foi  criada a Sociedade de Amigos da Casa da Flor, hoje Instituto Cultural Casa da Flor, uma entidade civil sem fins lucrativos.
A construção da casa iniciou em 1912. Após um sonho do artista,  a partir de 1923, ela passou a ser acrescida, aos poucos, com objetos encontrados no lixo, cacos de cerâmica, de louça, de vidro, de ladrilhos e de outros objetos considerados imprestáveis para o uso, tais como: lâmpadas queimadas, conchas, pedrinhas, correntes, tampas de metal, manilhas, faróis de automóveis. Todo esse conjunto foi combinado de maneira a compor flores, folhas, mosaicos, cachos de uvas, colunas e esculturas fantásticas, fixados dentro e fora da casa.
Regina e o Senhor Valdevi, em São Pedro
da Aldeia, 16.08.2012.
A Casa da Flor já foi documentada e filmada por meio de iniciativas no sentido de enaltecimento e conservação de seu valor cultural. A obra constitui arquitetura orgânica e surreal.
A professora e pesquisadora Amélia Zaluar, que conviveu com o artista durante oito anos (1978 - 1985), escreveu uma monografia sobre a Casa da Flor, intitulada “A Casa da Flor – Tudo caquinho transformado em beleza”.
Ali conversamos com Valdevi, sobrinho do artista, que cuidou dele até sua morte e hoje ajuda na manutenção dessa obra de arte.
Ficamos apaixonados por Rio das Ostras e pretendemos voltar aqui outras vezes. 

domingo, 12 de agosto de 2012

CHEIRO DA FELICIDADE SONHADA


Regina, no Rio,
em 12.08.2012.
Neste dia dos Pais, Aleixo e eu almoçamos no Aipo Aipim e saímos satisfeitos com a refeição e a receptividade local. Ao atravessar a rua do cinema Roxy, eu divisei a bela imagem azul do mar de Copacabana, ao fim do quarteirão à minha esquerda.
Parei por um instante infinito. Comecei a sentir o mesmo cheiro de felicidade que experimentei no mês de março, em 69, quando estivemos hospedadas, por uns dias, na casa da Dezinha e do Zezinho, em Ipanema. 
Divina, na década de 60.
Éramos três jovens sonhadoras – Divina, Lazita e eu. Na época, a gente não sabia, mas o filme do resto de nossas vidas estava apenas começando neste palco da Cidade Maravilhosa.
Que sensação de felicidade misteriosamente romântica, eu senti, então!  Nós, a exemplo dos adolescentes de qualquer idade, acreditávamo-nos especiais e preparadas para conquistar nossos sonhos!
Tampouco, sabíamos, mas eu me casaria daí a poucos meses. Divina, no ano seguinte, quando esta sua amiga irmã já morava em São Paulo.
É que o operador divino tinha acelerado a projeção do filme de nossas vidas e a gente mal havia se dado conta... Tantos outros filmes se desenrolavam paralelamente e de modo célere, mudando valores, costumes, crenças, projetos e tantas outras coisas no planeta...
Regina, Divina e o neto Luis Gabriel, 2004.
Ida à lua... Descoberta da pílula... Inúmeras quebras de tabus...
E, diferente dos contos de fada, em que os envolvidos casam-se e são felizes para sempre, a partir de então, começamos a desfolhar as páginas da história desta nossa existência terrena... Com alegrias e tristezas, acertos e desacertos, batalhas em todos os sentidos, tantas buscas, perdas e ganhos, experiências múltiplas, muitas realizações mescladas à fé e à esperança, sempre renovadas em nossas vidas reinventadas a cada dia!