José Araújo e Didi, 1940. |
Primeiramente foram descobertas as
Minas Gerais, de um lado, e as minas de Cuiabá, de outro. No século XVII havia a concepção
renascentista de que os filões de metais preciosos se dispunham de forma
paralela em relação ao equador. Isso iria alimentar a hipótese de que, entre
esses dois pontos, também haveria do mesmo ouro.
Assim, foram intensificadas as
investidas bandeirantes, principalmente paulistas, em território goiano, que
culminariam tanto com a descoberta quanto com a apropriação das minas de ouro
dos índios goiá, que logo seriam extintos mais rapidamente que o próprio metal.
Aqui, onde habitava a nação Goiá, Bartolomeu
Bueno da Silva fundaria, em 1727 ,
o Arraial de Sant’Anna.
Didi, Letícia e Raul, 1980. |
Pouco mais de uma década depois,
em 1736, o local seria elevado à condição de vila administrativa, com o nome de
Vila Boa de Goyaz, ortografia arcaica. Nessa época, ainda pertencia à capitania
de São Paulo. Em 1748 foi criada a Capitania de Goiás, mas o primeiro
governador, dom Marcos de Noronha, o Conde dos Arcos, só chegaria cinco anos
depois.
Com ele, instalou-se um Estado
mínimo e, logo, a vila
transformou-se em capital da comarca. Noronha mandou construir,
entre outros prédios, a Casa de Fundição, em 1750, e o Palácio que levaria seu
nome - Conde dos Arcos -, em 1751. Até hoje eu me emociono a cada vez que
visito esse local!
Tia Mª Hermínia Araujo |
Décadas depois, outro governador - Luís da
Cunha Meneses, que ficou no cargo de 1778 a 1783, criou importantes marcos,
fazendo a arborização da vila, o alinhamento de ruas e estabelecendo o primeiro
plano de ordenamento urbano, que delineou a estrutura mantida até hoje. Meus
avós chegaram a Goiás na década de 20 do século passado!
Com o esgotamento do ouro, em
fins do século XVIII, Vila Boa teve
sua população reduzida e precisou
reorientar suas atividades econômicas para a agropecuária, mas ainda assim
cultural e socialmente sempre esteve sintonizada com as modas do Rio de
Janeiro, que era a capital do Império. Daí até o início do século XX, as
principais manifestações seriam de arte e cultura, com sarais, jograis, artes
plásticas, literatura, arte culinária e cerâmica, além de um ritual único no
Brasil, a Procissão do Fogaréu, realizada na Semana Santa.
Vovó Magdalena |
Entretanto, a grande mudança, que
já vinha sendo ventilada há muito tempo, foi a transferência da capital
estadual para Goiânia, nos anos trinta e quarenta, coordenada pelo então
interventor do
Estado, Pedro Ludovico Teixeira. De certa forma, foi essa
decisão que preservou a singular e exclusiva arquitetura colonial da Cidade de
Goiás. Meu tio Venerando de Freitas Borges seria o primeiro prefeito da nova
capital!
Vovô João A. Araujo |
Às 0h da quinta-feira da Semana
Santa, os postes de luz do Centro Histórico da cidade de Goiás se apagam. Ao
som de tambores e à luz de tochas, tem início a Procissão do Fogaréu.
Tradição na cidade desde 1745, o
ritual simboliza a procura e a prisão de Cristo. Cerca de 40 homens
encapuzados, os farricocos, que representam os soldados romanos, carregam as
tochas enquanto um coro entoa cantos em latim.
Farricocos, procissão Fogaréu |
A procissão é acompanhada por
aproximadamente 10 mil pessoas. Ela parte do Museu de Arte Sacra da Boa Morte,
passa pela Igreja do Rosário (representando o local da última ceia) e chega até
a Igreja de São Francisco de Paula, que faz o papel do Monte das Oliveiras,
onde Cristo foi preso. A partir daí, o estandarte com a imagem de Jesus é
carregado por um dos farricocos, simbolizando sua captura. A cerimônia dura
cerca de uma hora. E este ano vamos
prestigiar esse evento!
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