domingo, 27 de julho de 2014

ARROZ COM PEQUI NA SHAMBALLA



Angelo e Luiza, 26.07.2014.
Na quinta-feira estávamos curtindo o verde da chácara na rede ao entardecer e senti cheiro de chuva no ar, comentando com Aleixo que lembrou que meu olfato é semelhante ao dos cães... Mais tarde, no sofá, assistindo à TV, disse a ele que iria mesmo chover, porque meu joelho meteorológico começava a dar sinais de dor... Rimos muito e logo pudemos comprovar a eficiência dos meus sentidos. Choveu a noite toda e ainda chuvisca. Muito agradável este friozinho em fins de julho enquanto os pássaros cantam alegremente no bosque... Minha irmã holandesa - Luiza -
Luiza com labradores
veio com meu sobrinho Ângelo passar o final de semana na Shamballa e resolvi fazer arroz com pequi entre outras iguarias goianas! Celina também veio neste domingo para cantarmos parabéns para seu neto Guilherme que completa 15 anos!

O pequi é uma fruta nativa do cerrado brasileiro, muito utilizada na cozinha goiana, mas também no nordeste e norte de Minas. Em Goiás e Mato Grosso, é conhecido como o rei do cerrado, tal o seu valor como alimento.  A árvore do pequi atinge geralmente 10 metros de altura, apresenta o tronco com ramos grossos, normalmente tortuosos, de casca áspera e rugosa de cor castanha acinzentada. Folhas recobertas com pelos curtos, formadas por três folíolos com as bordas recortadas, tendo as nervuras bem marcadas. Suas folhas, ricas em tanino, fornecem substância tintorial, usadas pelas tecelãs. Grandes flores brancas amareladas, vistosas e bastante decorativas. As flores, de até oito cm de diâmetro, são
Gui soprando as velas...
hermafroditas. O pequizeiro floresce durante os meses de agosto a novembro.

Fruto arredondado, casca esverdeada, como um abacate pequeno, só que mais gordinho. O fruto, do tamanho de uma pequena laranja, está maduro quando sua casca amolece. Polpa de coloração amarela intensa que envolve uma semente dura, formada por grande quantidade de pequenos espinhos. Seu caroço é dotado de muitos espinhos e é preciso ter muito cuidado ao roer o fruto, evitando cravar nele os dentes, o que pode causar sérios ferimentos nas
Flor do Pequi
gengivas. Sua frutificação  vai de novembro a fevereiro. O pequi é altamente calórico, bastante perfumado, assim como o gosto meio adocicado, é usado como condimento. O fruto do pequizeiro é rico em Vit. A e C, principalmente. Sua polpa contém uma boa quantidade de óleo comestível, sendo muito rica em vitamina A e proteínas.

Os frutos são muito usados para se cozinhar com arroz ou outros pratos salgados, das mais variadas formas: cozido, no arroz, no frango, com macarrão, com peixe, com carnes, no leite e na forma de um dos mais apreciados licores de
Frutos do pequizeiro
Goiás. Seu grande atrativo, além do sabor, são os cristais que forma na garrafa, que dizem, são afrodisíacos. A amêndoa ou castanha é comestível e muito saborosa. É utilizada na indústria de cosméticos para a produção de sabonetes e cremes, usado para fortalecer a pele. O óleo da polpa tem efeito tonificante, sendo usado contra bronquites, gripes, resfriados e controle de tumores. O chá das folhas é tido como regulador menstrual, combatendo também enfermidades dos rins e bexiga.

Pequi
O pequi deve ser comido apenas com as mãos, jamais com talheres. Deve ser levado a boca para então ser "raspado" - cuidadosamente - com os dentes, até que a parte amarela comece a ficar esbranquiçada e parar antes que os espinhos possam ser vistos. Jamais atire os caroços ao chão: eles secam rápido e os espinhos podem se soltar. A castanha existente dentro do caroço é muito saborosa; para comê-la, basta deixar os caroços secarem por uns dois dias e depois torrá-los.

Flores na Shamballa
Parece que a raiz do pequi é tóxica e, quando macerada, serve para matar peixes. Sua madeira é de ótima qualidade, alta resistência e boa durabilidade. A madeira fornece dormentes, postes, peças para carro de boi, construção naval e civil e obras de arte. Suas cinzas produzem potassa, massa utilizada no preparo de sabões caseiros. A casca fornece tinta, de cor acastanhada, utilizada pelos artesãos no tingimento de algodão e lã.

Eu soube que no Parque Indígena do Xingu (MT), o pequi representa uma reserva alimentar para a época das chuvas,
Aleixo, Regina e Fábia
quando a caça e a pesca escasseiam. A palavra pequi, na língua indígena, significa "casca espinhosa".
Sempre que como pequi lembro-me de um livro chamado Os Frutos Dourados do Pequizeiro, da  saudosa escritora Marieta Teles Machado... Eu costumava usar esse texto nas aulas  de análise estilística que eu ministrava na universidade...

terça-feira, 22 de julho de 2014

APRENDENDO A OUVIR



Aleixo e Regina, UK, 2010.
Eu era tímida na infância, em parte pela educação disciplinadora que a minha geração costumava receber. Depois, na adolescência, fui desenvolvendo, quis ser professora e acabei falando demais! Hoje, realizo um trabalho voluntário, embasado na teoria de Carl Rogers, que prioriza a escuta amorosa. E tem sido um grande aprendizado! À medida que tento realizar uma relação de ajuda, quem mais se beneficia sou eu...
Aliás, o que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira tranquila e sem julgamento. Em silêncio, sem dar conselhos...  Lembrando Rubem Alves, “a fala só é bonita quando nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não escuta que ele termina”.
Lei e eu com Otavio, Lu, netos, 2012.
O cuidado com o ouvir é essencial nas interações humanas. Nós sempre nos ocupamos do falar, buscamos aprimorá-lo, nos avaliamos a partir dele e das reações que provocamos nas pessoas. O ouvir costuma ser menos considerado. Mas, nas nossas interações, no nosso contato com o outro, a sua importância é muito grande.
Ouvir o outro é uma arte, uma habilidade e requer muita disciplina, pois exige autocontrole e muita boa vontade, amor compaixão! Há certas regras implícitas numa conversação que parecem ser assimiladas inconscientemente pelas pessoas. É que nós sabemos o momento de falar, aproveitamos as brechas para tomarmos
Minha filha Fábia, 2013.
a palavra, prestamos maior atenção quando o outro sinaliza mais convicção…
 Todavia, às vezes é necessário que reflitamos sobre como tem sido o nosso comportamento perante o outro em um mundo cada vez mais apressado, com tanto bombardeio de informações, com tanta urgência de tudo. No dia a dia, é importante nos treinarmos para ouvir com atenção, com empatia. Isso é muito mais do que escutar! É entender a mensagem do outro, perceber todo o contexto, os sentimentos e as emoções envolvidos. Isto é a compreensão
empática ou capacidade de colocar-se no lugar da outra pessoa, percebendo e compreendendo seus sentimentos, quando ela está se expressando.
Há algumas barreiras que devem ser evitadas. Devemos evitar a crítica e o julgamento, deixar de colocar-se como  donos da verdade. A maioria das conversas busca apenas a troca saudável de ideias, portanto, a gente deve evitar os conselhos e controlar a vontade de dirigir a vida da outra pessoa.
Devemos ouvir com interesse genuíno, demonstrar atenção total, vontade genuína de compreender. É válido pedir
Otávio e Fábia, 1975.
esclarecimentos sempre que não entendermos bem. Rogers sugere que a gente parafraseie o interlocutor, ou seja, repita o que entendeu com outras palavras, a fim de certificar-se  de que está correto.
A demonstração de atenção e interesse em ouvir espelha o nosso cuidado com a outra pessoa. Ao se sentir assim considerado, nosso interlocutor coloca-se em condição favorável e todas as possibilidades de entendimento se ampliam. É nessa escuta amorosa que a harmonia se cria e que a comunicação cumpre mais esse papel, o de aproximar as pessoas e colocar em prática a experiência do amor por meio do diálogo compreensivo.

sábado, 12 de julho de 2014

MUDANÇA DE PARADIGMAS




Regina, Londres, 15.09.2010.
Muita gente ainda não se deu conta das mudanças geradas pelas redes de comunicação. Mas elas serão mais perceptíveis e perturbadoras no futuro. A compreensão sobre a condição humana, a vida social e política tendem a mudar, mas ainda não se sabe bem de que maneira. Já se tem noção do grande impacto da web, mas isso vai se acelerar... Aliás, com a mesma tecnologia que colocou o mundo de cabeça para baixo, pode-se também construir um mundo novo!

Hoje alguém me confidenciou o desejo de correr mundo e
Bel, Lu, Otávio e Aleixo, jan. 2012.
lembrei-me da necessidade que eu sentia de mudar de espaço quando bem jovenzinha. A inquietação de querer mudar não tirou mais o meu sossego porque  me casei cedo e  a educação dos filhos foi a minha prioridade...

Todavia, desde a adolescência tive paixão pelas viagens... Sei que o desejo de viajar é nitidamente uma necessidade de mudança, não necessariamente geográfica. É que sempre senti uma necessidade de correr mundo, visitar outras
Eu, Aleixo e seus primos, Italva, 2012.
culturas. Costumava dizer ao final das viagens que tinha vontade de continuar a aventura em vez de voltar para casa. Isso mudou um pouco com os janeiros, pois antes eu desejava apenas continuar, deixar-me levar pela brisa...

Claro que muitas vezes os desejos se confundem com as influências do meio. Há meio século a comunicação era bem diferente, tudo era muito mais romântico, mais desconhecido... A globalização atual aproximou tudo!

Sei que o contexto influencia as nossas decisões,
Aleixo e Regina, Posto Seis, Rio, 2014.
sobretudo, na juventude.  Naquela época, com frequência, eu me sentia perdida no labirinto da vida. Então, optava pelo racional. Fechava os olhos, respirava e me obrigava a pensar o que realmente desejava em curto, médio e longo prazo. Daí, eu optava pela calma, refletindo a cada novo passo. A evolução é dolorosa e exige muita sabedoria. Mas ela nos transforma em uma pessoa melhor! E é prazeroso saber mais sobre as questões e as conexões que existem entre o real e o imaginário...

Arthur, Lei, Juju e Teteu, Natal, 2012.
Lembro-me de que sempre gostei de recomeçar... Certo filósofo disse que “para sair do fundo do poço, a primeira atitude é parar de cavar”. E o início de um novo ciclo é uma ótima oportunidade para começar a varrer tudo o que não faz mais diferença em nossa vida e criar novas oportunidades de ser feliz. Lembrando os versos do poeta Victor Hugo: “desejo primeiro que você ame. E que, amando, também seja amado. E que, se não for, seja breve em esquecer. E que, esquecendo, não guarde mágoa”.

Em tempo de fim de Copa no Brasil, nosso país disputa, neste sábado, a terceira colocação com a Holanda. Todavia, o jogo final de amanhã, entre  Alemanha e Argentina, atrai mais torcedores!

sexta-feira, 4 de julho de 2014

APROVEITAR A VIDA



Regina, Aleixo, Copa, 2014.
As últimas palavras do ator Paulo Goulart à sua mulher veiculavam a sugestão de que ela aproveitasse a vida, pois esta é muito curta!

Alguns acreditam que aproveitar a vida é se deixar levar pelos pequenos prazeres da existência terrena, vivendo sem medo de ser feliz, aprendendo com os próprios erros e acreditando que se pode ser sempre um pouco melhor... É necessário acreditar em  si mesmo e viver a vida sem medo, sem preconceitos ou tabus....
Aleixo e Regina, 04.07.2014.
Dizem que aproveitar a vida é se sentir livre para crescer, para  amar e fazer das pequenas coisas  os fatos grandiosos para nossa vida. Ou viver intensamente cada momento, como se fosse o último de nossa efêmera existência.  Todavia, com responsabilidade! Eu aproveito a vida curtindo a natureza, viajando sempre que posso, estando perto de amigos e familiares queridos às vezes, vivendo com simplicidade, mas, sobretudo, buscando sempre o lado positivo em cada experiência... Acredito que se deve viver da melhor maneira possível, sem ódio, rancor, mágoas e com muito amor...Devemos buscar a felicidade, mas tenho percebido que a melhor forma de sermos felizes é contribuirmos para a felicidade dos outros!

Netos: Matheus e Juliana, 2013.
Por isso, a oração, a prática de trabalhos e estudos edificantes, boas músicas, leituras, o sorriso, bons pensamentos, boas palavras, boas ações, a prática de atividades físicas, a realização de trabalhos voluntários em favor de pessoas mais carentes e a prática do amor caridade são receitas de felicidade em nossa vida!

A vida passa rapidamente e a transição às vezes chega de inesperado. Para o que vem antes e o que vem depois existem muitas hipóteses. Mas o que de fato importa durante a existência neste orbe? Do que abrimos mão durante a existência terrena em função da vida?

Sofia, Teteu, Lucas e Juju, 2013.
Quantos sonhos e projetos nós não deixamos de lado por motivos mais importantes à sobrevivência? Quantas pessoas nós magoamos na concretização desses planos... Seja pela falta de tempo, seja por frases mal colocadas num momento de correria... Aliás, esse tal corre-corre tem sido responsável por muitos problemas de relacionamento, mas, afinal, estamos correndo atrás de quê? O grande amor, a realização profissional, o enriquecimento, as descobertas, o sucesso, a fama terrena?  Para quê? E o que significa aproveitar a vida para você?