terça-feira, 22 de julho de 2014

APRENDENDO A OUVIR



Aleixo e Regina, UK, 2010.
Eu era tímida na infância, em parte pela educação disciplinadora que a minha geração costumava receber. Depois, na adolescência, fui desenvolvendo, quis ser professora e acabei falando demais! Hoje, realizo um trabalho voluntário, embasado na teoria de Carl Rogers, que prioriza a escuta amorosa. E tem sido um grande aprendizado! À medida que tento realizar uma relação de ajuda, quem mais se beneficia sou eu...
Aliás, o que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira tranquila e sem julgamento. Em silêncio, sem dar conselhos...  Lembrando Rubem Alves, “a fala só é bonita quando nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não escuta que ele termina”.
Lei e eu com Otavio, Lu, netos, 2012.
O cuidado com o ouvir é essencial nas interações humanas. Nós sempre nos ocupamos do falar, buscamos aprimorá-lo, nos avaliamos a partir dele e das reações que provocamos nas pessoas. O ouvir costuma ser menos considerado. Mas, nas nossas interações, no nosso contato com o outro, a sua importância é muito grande.
Ouvir o outro é uma arte, uma habilidade e requer muita disciplina, pois exige autocontrole e muita boa vontade, amor compaixão! Há certas regras implícitas numa conversação que parecem ser assimiladas inconscientemente pelas pessoas. É que nós sabemos o momento de falar, aproveitamos as brechas para tomarmos
Minha filha Fábia, 2013.
a palavra, prestamos maior atenção quando o outro sinaliza mais convicção…
 Todavia, às vezes é necessário que reflitamos sobre como tem sido o nosso comportamento perante o outro em um mundo cada vez mais apressado, com tanto bombardeio de informações, com tanta urgência de tudo. No dia a dia, é importante nos treinarmos para ouvir com atenção, com empatia. Isso é muito mais do que escutar! É entender a mensagem do outro, perceber todo o contexto, os sentimentos e as emoções envolvidos. Isto é a compreensão
empática ou capacidade de colocar-se no lugar da outra pessoa, percebendo e compreendendo seus sentimentos, quando ela está se expressando.
Há algumas barreiras que devem ser evitadas. Devemos evitar a crítica e o julgamento, deixar de colocar-se como  donos da verdade. A maioria das conversas busca apenas a troca saudável de ideias, portanto, a gente deve evitar os conselhos e controlar a vontade de dirigir a vida da outra pessoa.
Devemos ouvir com interesse genuíno, demonstrar atenção total, vontade genuína de compreender. É válido pedir
Otávio e Fábia, 1975.
esclarecimentos sempre que não entendermos bem. Rogers sugere que a gente parafraseie o interlocutor, ou seja, repita o que entendeu com outras palavras, a fim de certificar-se  de que está correto.
A demonstração de atenção e interesse em ouvir espelha o nosso cuidado com a outra pessoa. Ao se sentir assim considerado, nosso interlocutor coloca-se em condição favorável e todas as possibilidades de entendimento se ampliam. É nessa escuta amorosa que a harmonia se cria e que a comunicação cumpre mais esse papel, o de aproximar as pessoas e colocar em prática a experiência do amor por meio do diálogo compreensivo.

Um comentário:

  1. Sou muito grata a tantos interlocutores que sempre tiveram a paciência de me ouvir com amor... São tantos! Helga Brockes, Ricardo Abrahão, Luis Alfredo, Giuseppe, Divina, Bené, Helen, Aleixo... Cito apenas alguns, mas agradeço a todos de coração!

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