terça-feira, 27 de julho de 2010

Bem, a experiência de hoje vai integrar as minhas memórias...

Aleixo foi internado ontem. Deve ter comido algo que não deu certo! Fomos ao hospítal de Senador Canedo para consulta pela manhã. Ele estava vomitando tudo que ingeria desde a véspera, inclusive chá com torradas, soro, caldo de fubá, tinha a pressão baixa e achamos melhor assim em razão do fim de semana.

O médico o atendeu e disse que devia ser internado porque nada pararia em seu estômago por via oral. Prescreveu soro e logo ele melhorou. Pensamos que viríamos para casa, mas eles foram nos enrolando...Por fim disseram que só após a visita do médico no dia seguinte, ou seja, hoje. Terminou o terceiro soro ontem ainda à tarde, eles foram dando outros e mais outros...

Vim à casa, peguei travesseiros, cobertas, chinelos, escovas de dentes, uma revista, frutas, cuidei dos animais e voltei conformada em dormir lá para esperar a alta hoje. Um fim de semana diferente! Ainda bem que ele melhorou logo e achamos até engraçado!

Realmente, o médico passou lá em torno de 8h30. Mas disse que deveria esperar o resultado do exame de sangue feito hoje de manhã. Como é fim de semana, o exame é feito por um laboratório e devolvido o resultado na parte da tarde. Por ser domingo, a enfermeira chefe me adiantou que não havia previsão de hora... No último domingo atrasou, chegando só na segunda-feira. Conversei umas duas ou três vezes com o médico, muito atencioso, mas ele me pediu para falar com a enfermeira chefe e vice-versa. Assim, compreendemos que a alta não viria. O hospital tem vagas, nosso plano é integral e deve ser bom para o hospital manter um interno que não dá muito trabalho além da rotina.

Então, juntamos tudo, deixei dois livros de minha autoria com dedicatória para o médico e sua equipe, Aleixo trocou de roupa e me esperou no carro. Fugimos... E estamos felizes em casa. Aleixo vai preparar o almoço. Peixe com batatas que ele faz tão bem!

À tarde, vamos assistir ao jogo. Holanda ou Espanha?! Hehehe... ESPANHA, afinal a Holanda nos tirou do jogo....

Shamballa, 11.07.2010.

Lembranças de Minha Primeira Infância

Regina Lúcia, 2010.

Da minha primeira infância, recordo-me de poucas cenas. A mais remota deve ter sido na véspera do ano 50. Eu tinha menos de dois anos. Havia uma escada com poucos degraus na saída da porta da cozinha. Os degraus eram grossos e altos, uns três lances apenas para descer ao pequeno pátio que levava ao barracão onde dormiam as empregadas. Do lado direito havia um tanque de lavar roupa, um banheirinho e um fogão caipira onde minha mãe fazia doce. Ainda, um portão de levava ao lote, também de nossa propriedade, com fruteiras, galinheiro, horta e grande espaço para as crianças brincarem. Eu era apenas a segunda filha, mas viriam mais cinco com o passar dos anos. Meu primo Luiz Roberto estava sempre lá em casa brincando com meu irmão Marco Antônio e foi com os dois que comecei a brincar a partir dos três anos.



Do lado esquerdo do pátio havia um corredor bem estreito e curto. Levava ao jardim pelo lado da rua cinco, pois nossa casa era nessa esquina da rua seis. A garagem era no fim do jardim e lá estavam muitas gaiolas penduradas com a coleção dos canários australianos de meu pai. Lembro-me de que desci a escada com cuidado, tirei meus chinelinhos e carreguei a minha cadeira de comer. Calcei os chinelinhos embaixo e transportei com dificuldade a cadeira pelo corredorzinho que levava à garagem. Então, fui posicionando a cadeira em frente a cada gaiola, eu subia a cada vez e abria a porta para que os passarinhos saíssem. Soltei todos e feliz comecei o caminho de volta. Meu pai ficou furioso ao chegar mais tarde, mas perdoou logo a primeira arte de sua filhinha querida.



Outra cena de que me recordo foi mais ou menos na mesma época. Nossa sala de estar era bem grande e tinha um vitreau enorme na lateral que dava para o jardim. Havia um sofá embaixo em que eu subia e escalava a vidraça, brincando. Um dia chovia muito e experimentei colocar o braço fora. Fiquei encantada e exclamei: - Mamãe, chuva é água! Foi a minha primeira descoberta científica.



Eu gostava muito de brincar lá fora, com água e terra e voltava muito suja, mas era vaidosa e logo me trocava e estava sempre arrumadinha. Desde cedo manifestava o meu gosto pelas plantas e vivia fazendo mudas em copinhos, latinhas ou vidrinhos. Eu era apaixonada pelo nosso jardim e todas as espécies de plantas. Nosso jardineiro era gago e descendente de alemães - Senhor Waldemar- que mais tarde se transferiu para a recém inaugurada capital brasileira. Tínhamos dezenas de roseiras, palmas, jasmins, azaléias, margaridas, begônias, lírios, cravos, canteiros de violetas, ciprestes podados de modo ornamental, chuva de ouro, murta, bouquet japonês, bougainvilles.



Lembro-me de meu berço e do de minha irmã Clélia que chegou quando eu tinha dois anos.