terça-feira, 19 de agosto de 2014

CLÓVIS ALESSANDRI



Pianista Clóvis Alessandri
Dizem que a infância é melhor fase da vida, pois é aquela em que não temos grandes preocupações e tudo à nossa volta parece conspirar para que sejamos felizes e alegres. Talvez porque o que nos fazia felizes àquela época eram coisas extremamente simples, como banho de chuva, chocolate, passeios com a família e brincadeiras com outras crianças. Depois que nos tornamos adultos mudamos os nossos critérios de felicidade e costumamos relacioná-la a pessoas ou situações inatingíveis, esquecendo-nos daquilo que nos trazia alegria na infância. Por isso, é sempre muito bom recordar os tempos passados, percebendo o poder da infância em nossas almas e o quanto recordar os primeiros anos dourados faz bem aos nossos corações.

Conheci o Clóvis Alessandri na pré-adolescência. Nossos pais eram amigos
Regina Lúcia, Saquarema, 2002.
e compartilhamos passeios familiares e muitas aulas, pois éramos sonhadores, curiosos e tínhamos muita afinidade. Fomos colegas no conservatório, no curso de inglês por uns quatro anos, um ano no curso de alemão e bastante tempo na professora de Francês, madame Andrée, depois que o diretor da Aliança Francesa e nosso professor de língua e civilização francesa suicidou...Lembro-me ainda da minha primeira viagem de avião. Nossas mães nos levaram para conhecer o Chico Xavier em Uberaba. O aviãozinho tipo teco-teco sacudia muito pelas montanhas mineiras e eu enjoei o tempo todo. Parando em Uberlândia, pedi à mamãe que me deixasse ali mesmo no aeroporto. Podia me buscar na volta! Ela não permitiu e para me agradar comprou-me uma caixa de bombons. 
Regina e seu piano, 1964.
Claro que comi tudo no caminho e chegando a Uberaba nem pude ver o Chico a não ser de longe. Eu não saía do banheirinho situado no jardim daquela casa de oração. Clóvis estava sempre por perto e me apoiou com extrema discrição. Eu era tão tímida! Ao retornar, passamos por Monte Alegre de Minas onde vi pela primeira vez um pé de carambolas, na casa de Dona Izoleta Alessandri, avó de meu amiguinho Clóvis.

A convite de seus pais, nossa família costumava ir ao Clube dos Vinte, onde a gente almoçava  e nadava... Era um clube fechado, bem familiar e apreciado como lazer em tempos de opções limitadas. Helga Brockes era minha vizinha, foi nossa professora de inglês e gostava muito do Clóvis. Ele já se destacava na aprendizagem de idiomas e na música.

Dona Maria Antonieta, sua mãe, foi minha madrinha de casamento e presenteou-me com um faqueiro do qual ainda guardo algumas peças. Clóvis foi visitar-me à véspera do enlace, pois eu moraria em Sampa. Dona
Clélia, Nilton Ferreira e Gracinha, 67.
Antonieta foi uma grande mulher. Filha de Izoleta e Vittorio Alessandri, foi casada com o cardiologista Clóvis Figueiredo com quem teve quatro filhos.

Ela era graduada em pedagogia pela Universidade Federal de Goiás e em filosofia pela Universidade de São Paulo. Com o esposo Clóvis Figueiredo, a irmã Sílvia Alessandri e um grupo de trabalhadores voluntários, incluindo meus pais – José e Geraldina Araújo -, fundaram inúmeras obras filantrópicas, em Goiânia, sob a orientação de Chico Xavier as quais assistem, diariamente, a mais de 8000 pessoas carentes. Hoje, essas obras integram o Centro
Antonieta na Tenda do Caminho, 1958.
Espírita Irradiação Espírita,  na capital goiana, uma das maiores instituições espíritas do Brasil. Eu me encanta­va com sua oratória emérita. Proferiu milhares de palestras espíritas em todo o Brasil.

Bem, Clóvis Alessandri tornou-se grande músico e radicou-se na Alemanha há mais de três décadas. Veio participar da tradicional homenagem à Nhanhá do Couto nesta data e quis prestigiá-lo! Voltei encantadíssima com seu talento musical. Poderia ouvi-lo tocar o resto dos meus dias. Difícil explicar a emoção que ele desperta no público ouvinte...Foi aplaudido de pé reiteradas vezes...Lembro-me  de quando ele iniciava sua caminhada e desde então foi meio século de extrema dedicação à música, mas esse resultado incrível deve-se à sua sensibilidade artística aguçada somada ao  talento nato! 

Um comentário:

  1. Seu nome: Maria Angélica da Costa Brandão (porém ficou conhecida como Nhanhá do Couto), foi pianista, cantora lírica, professora e incentivadora da música erudita. Na antiga capital do Estado, ela tornou-se uma espécie de líder dos movimentos culturais e influenciou o ensino da música de piano.
    Musicista e promotora cultural montou a primeira orquestra da cidade de Goiás, compondo os fundos musicais para os filmes mudos. Fundou um clube carnavalesco de mulheres e a primeira orquestra feminina do Brasil. Criou os grupos de teatro e música em várias localidades do estado.
    Nhanhá do Couto realizou recitais também em Goiânia. Muito dos seus conhecimentos a artista transmitiu à neta Belkiss S. Carneiro de Mendonça, que também contribuiu de forma relevante com as artes goianas.
    (1880-1945)

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