quinta-feira, 28 de novembro de 2013

RIOS DA MINHA INFÂNCIA



Regina lembrando alguns rios goianos
Sempre tive medo de água! Não se deve a trauma desta existência, pois, apesar de ter passado alguns sustos na infância, essa fobia é anterior e, talvez, meio ancestral! O interessante é que sempre senti uma atração imensa pelo mar e disse muitas vezes que se minha cidade natal fosse litorânea, ela seria perfeita e, portanto, injusto com as demais capitais brasileiras.  E só conheci o mar no final de minha adolescência, pouco antes de minha primeira viagem ao continente europeu. Lembro que, desde muito pequena, sonhava com o exterior e não sosseguei enquanto não viajei atrás de outras culturas. 

Sem mar em Goiânia, quatro rios tiveram importância em minha infância: Meia Ponte, João Leite, Araguaia e Santo Antônio.

Rio Meia Ponte, em Goiás.
O Rio Meia Ponte é um rio brasileiro que banha o estado de Goiás. É um dos rios mais importantes do estado, pois, em torno de sua bacia hidrográfica vive quase a metade da população goiana. O rio é utilizado para diversos fins, desde abastecimento de água, irrigação de lavouras, dessedentação de animais, lazer e, infelizmente, ainda para despejo de esgotos domésticos e industriais.

Dada a importância do rio para o estado de Goiás, tem-se travado uma luta para que o rio seja despoluído.  A condição do rio tem melhorado, mas é necessário muito mais para que esse rio volte a ter uma condição aceitável em suas águas.

O Anhaguera - bandeirante B. B. da Silva
O Rio Meia Ponte teve um papel decisivo para a escolha da nova capital. O volume e a queda d'água possibilitaram a construção de uma nova usina hidrelétrica, que foi chamada de Usina do Jaó, para abastecimento elétrico da cidade.

O rápido crescimento da cidade, aliado à especulação imobiliária e à ausência de um planejamento efetivo levaram ao péssimo estado que se encontram o rio Meia Ponte e seus afluentes que cortam a cidade de Goiânia. Dos 85 mananciais, mais de 90% possuem algum tipo de
Ave no Rio Araguaia
egradação, desde ocupação irregular de suas margens até erosão, assoreamento e lançamento de esgoto, sendo que este último acinzenta as suas águas na época de estiagem.

Existem várias teorias para a razão do nome do rio. A mais difundida é a que diz que o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, em 1732, utilizou duas toras de madeira como ponte num trecho do rio. Ao voltar, só encontrou uma, porque a outra havia sido levada pela enchente. Então, ele teria chamado o rio de Meia Ponte.

O rio nasce no município de Itauçu, na Serra do Brandão. Em 2006 descobriu-se uma nova nascente do rio no município
Por do sol no Rio Araguaia
de Taquaral. Além dele, alguns municípios que o rio banha são: Santo Antônio de Goiás, Brazabrantes, Goiânia, Goianira, Nova Veneza, Inhumas, Itauçu, Aparecida de Goiânia, Senador Canedo, Aloândia, Joviânia, Goiatuba e Panamá.

Rio João Leite

A barragem desse rio foi criada para fornecer água potável à região metropolitana de Goiânia, mas a construção desta Barragem do Rio João Leite provocou um efeito colateral nos municípios que compõem sua bacia hidrográfica.
Ainda o Rio Araguaia
Transformadas em caixa d’água da capital, estas localidades têm a base econômica fundada na agricultura. Mas no lugar dos agrotóxicos, agora somente é permitida a produção sustentável de alimentos. O problema é que os agricultores não sabem como mudar de prática e, em consequência disto, seus produtos perdem competitividade.

Antes de ser represado, o curso d água passa por municípios como Campo Limpo, Goianápolis, Nerópolis, Ouro Verde e Teresópolis. Nestes lugares, a agricultura mobiliza até 80% da população, de forma direta ou indireta. A produção de alimentos nesta região corresponde a 45% do que é comercializado na Central de
Paisagem à beira do Araguaia.
Abastecimento de Goiás (Ceasa). No entanto, a maior parte do plantio dos itens alimentícios está em desacordo com práticas sustentáveis. Papai teve uma fazendinha ás margens do João Leite e lá costumávamos passar os fins de semana de nossa infância.

RIO ARAGUAIA

Rio Araguaia - Rio das Araras Vermelhas, em tupi - é um rio brasileiro, que nasce nos altiplanos que dividem os estados de Goiás com Mato Grosso do Sul. A nascente do Rio se encontra na Serra do Caiapó, próximo ao Parque Nacional das Emas, no município Goiano de Mineiros. Este rio faz também a divisa natural entre os estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará. 
Ave sobrevoando o rio Araguaia
Possui uma extensão de 2.114 km e é considerado um dos mais piscosos do mundo. Porém, ainda sofre com a pesca predatória que contribui para a diminuição do número de peixes, junto com a construção da Hidrelétrica de Tucuruí que não possui recursos necessários para a subida natural de peixes em período de desova. Observa-se, ainda, grande quantidade de assoreamentos e a diminuição na quantidade de água, o que está dificultando a navegação de barcos maiores em muitos trechos do rio.

Durante a seca nos meses de julho e agosto, formam-se em seu leito ilhas de areia que são utilizadas como área de acampamento por turistas. Cadastros realizados pela Agência Ambiental de Goiás mostram que mais de 50 mil pessoas passam pelos acampamentos montados entre Aragarças e Luiz Alves (distrito de São Miguel do Araguaia) em Goiás, em trecho de cerca de 600 km. O maior número de acampamentos no trecho do rio que passa pelo estado de Goiás, são montados no
Rio Meia Ponte
município de Aruanã. Há desde acampamentos montados por pequenas famílias a acampamentos comerciais frequentados por milhares de pessoas durante a temporada de praia principalmente no mês de julho.

A maioria dos turistas possui alguma conscientização ambiental, faz coleta do lixo inorgânico e leva para a cidade mais próxima, enterra nas margens o lixo orgânico e ao desmontar o acampamento não deixa lixo nas praias. Acampados que descumprem as normas de convivência podem ser multados e até responderem a processo. O pôr do
Vaca Brava -Cartão postal goianiense
sol visto das margens do Rio Araguaia é uma das imagens mais belas captadas por turistas e veículos de comunicação. Mas não é difícil também ver botos subindo rapidamente para respirar, gaivotas, mergulhões, jacarés e até cardumes de peixes subindo o rio durante a piracema - período em que é proibida a pesca de qualquer espécie. Três espécies são proibidas de serem pescadas em qualquer época do ano: pirarucu, pirarara e filhote.

Juntamente com o Rio Javaés, o rio forma a maior ilha fluvial do mundo, a Ilha do Bananal, onde se encontram localizados o Parque Nacional do Araguaia e o Parque Indígena do Araguaia. Todo goiano se orgulha muito do Rio Araguaia e faz questão de curtir a sua beleza, participando dos acampamentos, sobretudo de julho a setembro. Mas eu evito esse passeio, porque no dia de meu chá de panela perdi uma amiga querida e vários membros de sua família nas águas daquele rio. Mas a beleza da fauna e flora compensa a visita!

Rio João Leite
SANTO ANTONIO

O córrego Santo Antônio na época de Pedro Ludovico poderia ser chamado de Rio. Mas, hoje em dia, não passa de um córrego. É um dos córregos com a situação mais crítica da região metropolitana de Goiânia. Papai costumava levar-nos ali para passeio nos fins de semana. Mamãe preparava a comida, nadávamos no córrego e depois almoçávamos à sua beira.

O Ribeirão Santo Antônio nasce na Serra das Areias. Ele corta setores como Independência Mansões, Jardim Tiradentes, Parque das Nações, Veiga Jardim e continua seguindo seu curso até desaguar no
Corrégo Vaca Brava, em Goiânia.
Rio Meia Ponte. Um dos principais problemas que cercam o Santo Antônio atualmente é o assoreamento do seu leito, pois, as ocupações desordenadas de suas margens e uma política de drenagem urbana ineficiente levaram o córrego ao caos. Não é à toa que frequentemente no período das chuvas existem casos de inundação ou até mesmo mortes provocadas pela fúria avassaladora do curso d’água. Observa-se a ausência completa de vegetação ciliar causada pela expansão urbana sem controle, o que de fato provoca o carregamento de sedimentos pelas águas das chuvas. Todos os afluentes do Santo Antônio estão na mesma situação: paredões imensos de terra são deslocados todos os anos para dentro do leito destes, provocando um grave problema de
Arvore da Felicidade
assoreamento. Apesar de parecer que o volume de água do córrego é grande, a profundidade nesse trecho oscila entre 20 a 30 cm. Além das erosões e assoreamentos do leito do córrego, ainda  existem os problemas causados pelos restos de construções, abandonados indiscriminadamente nas margens do córrego na tentativa de controle das erosões nas margens do córrego. Somam-se a isso os resíduos sólidos, tais como plásticos, pneus, brinquedos e isopores, além do esgoto clandestino que chega ao córrego diariamente.  

Dizem que, após as chuvas, o projeto MeiaPonte.Org e convidados fará uma expedição pelo leito do córrego Santo Antônio, partindo por um ponto com uma vazão maior do córrego, que permita a navegação por caiaque, para ir fotografando e filmando o estado atual do córrego até próximo a sua foz. Espera-se, assim, descobrir muita coisa bonita, mas infelizmente muita coisa triste também irá aparecer. Meus filhos, quando adolescentes, praticavam canoagem e participaram de projeto semelhante no Rio Meia Ponte.

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