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Aleixo Nuss de Oliveira, na Shamballa |
Minha família é extensa e
continuamos trabalhando no sentido de juntar material para um livro sobre a
saga da família Nuss e associados. Claro que contamos com a colaboração de
todos os membros para lograr êxito!
Lembro que, aos treze anos de
idade, não mais via graça na vida rural. Queria conhecer o mundo. Conhecer o
mar, uma grande cidade. Meu pai, após muita insistência minha, levou-me para
morar no Rio de Janeiro. Meu avô perguntou: vai levá-lo para aprender a ser
ladrão? As oportunidades para isso não
faltaram, mas a pergunta de
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Aleixo, 1978. |
meu avô sempre se repetia na minha mente e, graças
a ela, acho, escapei. A situação financeira era difícil. Fui morar na casa de
um tio e tive que trabalhar de ciclista entregador de uma farmácia, não me
agradou. Arranjei um emprego de auxiliar de sapataria em Copacabana, deu para
levar, o tempo foi passando, comecei a estudar numa escola noturna. Depois, veio
a época de servir o exército, dureza, aprontei bastante, mas consegui sair na
última baixa, após 15 meses de serviço à Pátria.
Terminei o serviço militar,
empreguei-me num laboratório farmacêutico como manipulador, mas tive várias
promoções após terminar o segundo grau. Tentei vestibular para medicina na
UFRJ, mas não tive
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Aleixo e Regina, em Londres, 2010. |
sucesso. Então, tentei classificação para estudar medicina na
Universidade Patrice Lumumba, na Rússia. Originalmente chamava-se Universidade
da Amizade dos Povos. Em 22 de fevereiro de 1961, passou a chamar-se
Universidade de Amizade dos Povos Patrice Lumumba (UAPPL), em memória do líder
guerrilheiro e depois primeiro-ministro (1960-1961) do Congo, Patrice Lumumba,
deposto por um golpe militar articulado pela CIA e, posteriormente, assassinado
por rebeldes separatistas. Patrice Émery Lumumba foi um líder anticolonial e o
primeiro-ministro eleito, em junho de 1960,
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Aleixo e Regina, 2012. |
na atual República Democrática do
Congo, depois de ter participado da conquista da independência do Congo Belga
em relação à Bélgica.
Em 05 de fevereiro de 1992, a
universidade passou a chamar-se Universidade Russa da Amizade dos Povos –
Instituto Estatal de Educação Superior (PFUR), vinculada ao governo da
Federação Russa. Entre os 700 mil estrangeiros que estudaram na UAPPL, mais de
mil eram brasileiros – a maioria ligada ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Através da União Internacional de Estudantes (UIE) era feito o encaminhamento
de estudantes do Brasil para a UAPPL.
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Aleixo, em Natal, RN, 1996. |
Segundo João Prestes, filho de Luís
Carlos Prestes e ex-aluno da instituição, "A universidade formava quadros
técnicos (médicos, advogados, engenheiros), sem viés político. O problema era a
volta ao Brasil. Muitos tiveram dificuldade para reconhecer seus diplomas, pois
havia uma circular secreta do Ministério da Educação determinando o não
reconhecimento dos cursos feitos lá". Quase tudo era custeado pelo Estado
soviético - passagem aérea, livros, hospedagem. Também era concedida uma
pequena mesada equivalente a cerca de 80 dólares.
Todavia, tampouco obtive sucesso
nessa minha segunda
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Aleixo com Astro e Bettina, 2012. |
investida para estudar medicina, talvez, por não ser
associado ao PCB, por sorte ou simples desenrolar do destino.
Porém, minha necessidade de ir
além não saía da cabeça. Chegava a hora de ir mais longe, tentar outros
caminhos. Surgiu a Austrália como opção viável e, assim, outras oportunidades.
Pedi demissão do Park Davis, sob muitos protestos, mas quando eu disse que ia para a Austrália, alguns
sonhadores da administração começaram a me apoiar e deram um jeito.
Lá fui eu para Sydney no meu
primeiro voo num jato 707 da
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Aleixo e Regina, no Rio de Janeiro. |
Lufthansa. Posso dizer, hoje, que foi uma
verdadeira viagem indianajonesca, o avião caiu num bolsão de vácuo sobre o
deserto e quase mergulhamos nas dunas escaldantes logo depois de Bagdá.
Mas, voltando à primeira escala, paramos em
Dakar no Senegal, na Suíça, na Alemanha (pernoite em Frankfurt), na Grécia, no
Iraque, na Índia, em Cingapura, entre outros, até chegar a Sydney, na Austrália
uns três dias depois. De lá fui direto para Port Kembla onde, após alguns dias,
hospedado em uma casa de família, consegui emprego na Port Kembla Steel Works,
uma grande siderúrgica.
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João e Benedita Nuss. |
Mas isto foi por pouco tempo,
pois o meu objetivo era voltar a trabalhar num Laboratório Farmacêutico, como o
Park Davis, onde havia trabalhado por cinco anos no Rio de Janeiro. Nesse meu
tempo aproveitava para melhorar o Inglês que era ainda muito fragmentado, porém
já dava para ajudar até ao próprio dono da casa onde morava, uma família
italiana, pois ele estava sem emprego e não falava nada de Inglês. Nessa época,
ajudei-o numa entrevista, sua mulher e filhas ficaram muito agradecidas...
A prima Sonia Nuss nos relatou
que há poucos dias
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Aleixo, Regina, Cida Nuss e Fernando. |
encontrou-se com um rapaz lindo, educado e gentil em uma
farmácia. Ela não o reconheceu, pois ela o havia visto pela última vez quando
era pequeno! Mas achou algo familiar e lhe perguntou o nome. Soube que é meu sobrinho,
filho do Felipe, que faleceu precocemente. Ficou deveras emocionada... Afinal,
o tempo passa e a família cresce sempre mais, porém, quando é possível
reencontrar os filhos dos primos é muito gratificante...
Contou-nos ainda que em recente
confraternização natalina que o prazer de reconhecer entre o grupo de
fisioterapeutas a filha do primo João, neta do tio Bruno... Acrescentou que a
menina é linda e simpática também!
Sonia Nuss afirmou que adorou
conhecer mais primos da quarta geração dos Nuss...
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