terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

PROVAÇÕES E APRENDIZADO




Com filhos, noras e netos, em Natal, 2012.
Muitas vezes, a vida nos coloca de frente com situações que nos fazem pensar que as coisas chegaram ao fim... O fim dos nossos sonhos, das nossas esperanças, em alguma área... Mas pode ser justamente o caminho que o universo encontrou para um recomeço e uma vida mais plena, satisfatória, consciente.
Hoje refleti sobre o quanto crescemos neste último ano. A doença de minha nora Luciana nos aproximou mais e temos aprendido muito com esse convívio. E
Aleixo e eu, em Fátima,Portugal, 2011
quis agradecer por tudo que temos vivenciado. Luciana tem sido um exemplo de fé, força, coragem! Estou muito orgulhosa em tê-la como nora e mãe de meus netos!
Um dos resultados positivos da provação é a humildade que produz. O homem tem tendência a orgulhar-se do que é e faz, por isso tem tendência a se iludir. Como na história da formiguinha que passou numa ponte daquelas antigas, de cabos, que balançam. Quando
Aleixo e Regina, na Shamballa,2014.
estava iniciando a travessia, entrando na ponte, um elefante saía da mesma ponte pelo outro lado, balançando-a intensamente. A formiguinha iludida acreditou que tudo aquilo era provocado por ela mesma. Nós também temos essa tendência de exagerarmos nossos efeitos. Neste momento entra o benefício da provação. Ela nos faz enxergar as nossas limitações...
E a provação produz sensibilidade. Ao sofrermos, desenvolvemos sentimentos solidários, pois ficamos mais
Aleixo, eu, Edilene, Rosane,Áurea..
sensíveis à dor de outrem. Capazes de chorar com os que choram. Essa sensibilidade é muito importante, pois que nos põe no caminho do bem, da beneficência.
A provação produz, ainda, maturidade. Quando saímos da provação já não somos mais a mesma pessoa. Há uma nova visão do mundo, das coisas, do que é realmente importante. Do que realmente vale a pena. Isso nos proporciona a concentração necessária para triunfarmos em algumas circunstâncias de nossa vida.
Meus sobrinhos, década de oitenta.
Por derradeiro, a provação produz fraternidade! Ela nos ensina, primeiramente, a receber. Tem muita gente que não sabe fazer isso. A provação nos ensina a receber e a colaborar. Ou seja,   ou ato de receber e  de doar são aprendizados da provação que fortalece os laços de fraternidade...
No domingo, tivemos uma tarde muito agradável. As amigas queriam comemorar o meu aniversário que passei no Rio. Depois fui a Brasília dar apoio à minha nora. Acabamos marcando para este domingo. Alguns se desculparam impossibilitados de comparecer, mas foi tão
Jantar com filho, nora, amigos, 2002.
agradável que me assustei ao perceber que estávamos ali há mais de quatro horas... Fomos atendidos pelo Plínio no Outback. Muito atencioso, bem no estilo de meu restaurante preferido! Soubemos, ao final, que ele é acadêmico de engenharia, quase formando. Valorizo muito a disciplina, a pessoa que sabe aproveitar o tempo construindo um futuro com trabalho honrado! E
Aleixo, Regina, em Lamego, 11.9.2011
logo voltaremos lá para receber o bônus ganho pela participação na pesquisa da rede.
E há mais de uma semana chove suavemente na Shamballa. Hoje cedo curtimos a chuva no verde, ao som de Haendel, música recebida de nosso querido amigo Ricardo Abrahão!

domingo, 16 de fevereiro de 2014

DOMINGO DE FEVEREIRO




Regina e Aleixo, 15.02.2014.
Gosto muito de ler e também de falar... Com os janeiros, venho aprendendo a cultivar algum silêncio no turismo contemplativo do bosque de nossa Shamballa. Mas adoro escrever.  Agora, aposentada da vida acadêmica, não preciso me submeter aos horários rígidos e posso fazê-lo sempre que me inspiro...

Ontem cedo fomos a Brasília. Era a comemoração do aniversário dos netos brasilienses. Digo isso para simplificar, porque Juliana nasceu há cinco anos em
Sabiá do campo na Shamballa
Montreal, no Canadá, quatro dias após o quinto aniversário do Matheus. Ela queria muito essa festa. No ano anterior, a festividade foi cancelada em razão do tratamento de saúde de minha nora.

Juju quis vestir-se de Tinkerbell e colocou a sua fantasia toda orgulhosa na hora do clássico parabéns. Teteu, aos dez anos, já se acha rapaz para este tipo de festa, mas suportou o ritual com resignação ao interromper a brincadeira com os amigos por instantes.

A festa foi linda e muito bem organizada em espaço
Adicionar legenda
próprio. Retornamos felizes à Shamballa ao final da tarde. Choveu toda a noite e neste domingo percebemos os pássaros cantando com maior alegria nas árvores. Resolvemos fazer uma caminhada pelos arredores e fomos até o toco da corujinha. Ela está sempre ali durante o dia, de olho em sua toca que guarda ovos ou filhotes. Além de bem- te- vis, udus- da- coroa- azul, canários, rolinhas, periquitos, da nossa corujinha, vimos muitos sabiás do campo, não apenas em nosso sítio, mas
Sabiá do campo no chão
também pelo caminho. E como eles cantam!  

O Sabiá-do-campo mede uns 25 cm. Possui uma coloração cinzenta no dorso, alto da cabeça, asas e cauda. O peito e o ventre são de um branco amarelado ou arroxeado pela terra, íris às vezes amarela. O sabiá do campo pode ser identificado pela sobrancelha branca proeminente e a cauda comprida com as pontas de cor branca. Às vezes esta ave aparece inteiramente marrom, com as partes inferiores mais claras, possui uma faixa marrom-escura atravessando os olhos e uma sobrancelha branca. A ponta da cauda também é branca. É comum vê-la levantando a cauda durante os segundos
Corujinha do Aleixo
após seu pouso sobre galhos finos, antenas e cabos da rede elétrica.

Sei que são campestres, vivendo em regiões semiáridas e em geral prefere habitar campos abertos com árvores esparsas e vegetação arbustiva. É comum nas capoeiras, no cerrado ralo e nos campos de pastagens das fazendas. Pode ser observado também nas montanhas e nos buritizais. Mas podem também se adaptam às cidades maiores, desde que estejam disponíveis água e áreas
verdes onde eles possam pousar, caçar e fazer ninhos. É comum vê-los em pequenos
Juju vestida como Tinkerbell e seus pais
bandos de 3 a 7 indivíduos são bastante dóceis e não temem a presença humana, ao contrário dos pardais e bem-te-vis que são muito ariscos.

Movimentam-se em largos saltos ou correm pelo chão. Pode pousar na ramagem apoiando-se em dois galhos vizinhos, demonstrando agilidade incomum. Destaca-se o modo dessas aves de se aprumarem e esticarem o pescoço, avaliando os arredores, enquanto se escondem
Aleixo e Juju antes do aniversário
deixando exposta apenas a cabeça. Voam muito bem. A cauda indica qualquer emoção, sendo fortemente arrebitada, daí conhecido também com o nome de "arrebita-rabo".

Onívoros, comem tanto insetos e aranhas como frutinhas e sementes. Colhem o alimento de preferência no solo. Dizem que ocasionalmente eles predam ninhos com ovos de outros pássaros. Alimenta-se principalmente de invertebrados e frutos, bem como de filhotes de outras
Luciana e Regina, 15.02.2014
aves retirados dos ninhos. Dentre os invertebrados, os insetos como formigas, cupins, besouros constituem a maior parte das presas. Os frutos podem ser silvestres, neste caso, de pequeno tamanho, engolidos inteiros ou cultivados, como banana, mamão, laranja e abacate. As sementes não são digeridas e atravessam intactas o seu tubo digestivo.

A ave atua, assim, como dispersora das sementes dos frutos que ingere. A maior parte do alimento é obtida
Regina e seu filho Otávio
enquanto a ave caminha pelo solo. Outros métodos de alimentação com presas animais são menos frequentes, como a captura de insetos em voo a partir de poleiros elevados ou com saltos a partir do solo. Os frutos são coletados pela ave empoleirada, mas os frutos de grande tamanho, como o mamão e a banana de nossa chácara, podem ter parte de sua polpa consumida após caírem ao solo ou emprestados do poleiro do papagaio.

O ninho é em forma de uma tigela, confeccionada na copa de uma árvore no campo, sendo visível de longe; o centro do ninho é forrado com material macio. Costumam
Luciana e Aleixo
também usar cumeeiras e pilastras das casas para fazer seus ninhos. Os ovos são esverdeados com manchas cor de ferrugem. A fêmea põe de 3 a 4 ovos. Os filhotes saem do ovo após 12 ou 14 dias, abandonando o ninho com 11 a 14 dias. O interior da boca dos filhotes é amarelo laranja. O sabiá é explorado pelo pássaro preto ou godero que põe seus ovos em seu ninho e deixa que ele crie seus filhotes.
A vocalização desta espécie é notável pela maestria com
Personagem Tinkerbell
que imitam os cantos e chamados de outras aves, mas sem grande perfeição. Voz: agudo e penetrante "tschrip", "tschik" que é a chamada característica da espécie; "scha-scha-scha", "krrrra" bufando, tipo advertência ou zanga. O sabiá-do-campo é uma ave famosa por seu vasto repertório de cantos, que incluem imitações de outras espécies. Também pode ser chamada de tejo-do-campo, sabiapoca ou calhandra. O casal é auxiliado por um terceiro ou quarto indivíduo do bando, que talvez sejam crias de anos anteriores. Repelem os outros pássaros das proximidades do ninho.

Sanhaço azul e Sabiá com fruta
Enquanto caminha pelo solo, de tanto em tanto, o pássaro abre ambas as asas numa exibição denominada "lampejo de asas", cuja finalidade não é entendida e que é observada em outras espécies do gênero. O lampejo pode ser executado também quando a ave se depara com uma ameaça em potencial, humanos próximos demais ou serpentes.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

EM BUSCA DO AUTOCONHECIMENTO




Aleixo e Regina, riacho, 2013.
 “... se puder estar sensivelmente consciente dos meus próprios sentimentos e aceitá-los – é grande a probabilidade de poder vir a estabelecer uma relação de ajuda com a outra pessoa.” Carl Rogers
Já sabemos que é muito difícil fazer uma reflexão com o intuito de nos conhecermos profundamente e como tendemos a fazer o que é mais fácil, vamos querendo conhecer o outro quando nem conhecemos aquilo que está dentro de nós. Passamos tantos anos agindo de acordo com o que esperam de nós que até acreditamos ser esse nosso próprio jeito de ser. Às vezes, somos tão
Regina, Divina e Lane,2012.
incentivados a competir, a querer ser e ter mais que o outro e nessa busca desenfreada acabamos por nos esquecer de nós mesmos. O homem procura tanto elevar-se acima do semelhante, quando poderia se preocupar em elevar-se acima de si mesmo, aperfeiçoando-se em cada momento, mas esse é um longo e difícil processo.
Quando conhecemos alguém queremos saber tudo sobre essa pessoa, mas o quanto  a gente sabe sobre nós
Regina e Clélia, Rio, 2013.
mesmos? Para aqueles que acreditam que já sabem tudo sobre si mesmos, vale lembrar que nem sempre somos aquilo que parecemos ser... O autoconhecimento faz parte de um processo para o resto da vida. Ou seja, não há um momento em que podemos parar porque já nos conhecemos o suficiente, sempre há o que descobrir, pois o autoconhecimento requer uma constante autorreflexão, uma vez que nos estimula a manter contato profundo e significativo com nosso eu mais
Matheus com Astro, na Shamballa.
verdadeiro, que Jung chama de self. Devemos ouvir o que podemos chamar do próprio silêncio. Mas quantas vezes buscamos nos ouvir, e acabamos por desistir e ignorar aquilo que sentimos por permitirmos que outras preocupações nos desviem de nosso foco? O autoconhecimento requer mesmo um constante exercício, sem medo de olhar para dentro de nós. Não há receita para buscar o autoconhecimento, mas podemos começar refletindo sobre tudo que envolve esse longo processo.
Maluba e Regina, 2012.
Faz parte do processo de autoconhecimento:
- Estar em constante diálogo consigo mesmo (a);
- Identificar os sentimentos;
- Não reprimir sentimentos, principalmente os negativos;
- Buscar o autoconhecimento na experiência pessoal ao longo da existência;
- Identificar a necessidade da busca por reconhecimento, aprovação e agradar;
- Aprender a dizer "não posso, não quero, não vou, não sinto" ou ao menos identificar quando sentiu vontade de dizer não, mas não conseguiu;
Juliana,  outubro de 2012
.- Ser flexível, pois o autoconhecimento proporciona maior visão de si mesmo, do mundo, das pessoas;
- Acreditar na capacidade de mudar o que quiser;
- Ser responsável pela própria felicidade, saindo assim do papel de vítima e das infinitas lamentações;
- Exercitar a humildade. Quem entende o processo de autoconhecimento sabe que "não sabemos nada", e temos muito que aprender, e "o pouco que sabemos devemos doar àqueles que ainda não sabem sequer esse pouco”;
Aleixo e Regina, Serra da Portaria, 2004
- Questionar as crenças que nos foram transmitidas como verdades absolutas;
- Libertar-nos das prisões da ignorância sobre nós mesmos;
- Aprender a ouvir os próprios desejos, sentimentos, enfim, sua própria voz, valorizando a intuição;
- Controlar as emoções, pois as identifica com mais facilidade;
- Identificar as máscaras e continuar a usá-las, porém conscientemente;
Regina e Aleixo, Colinas do sul, 2012.
- Dizer mais não para os outros e menos para si mesmo;
- Transformar as culpas em responsabilidades;
- Sentir paz interior.
E não é só isso não, esses são alguns aspectos e temos que trabalhar muito para atingirmos aquilo que está tão perto de nós, mas que agimos como se estivesse muito distante. O autoconhecimento nos permite perceber tudo que necessitamos transformar, pois amplia nossa consciência sobre nossos potenciais até então adormecidos, para que possamos vir a ser aquilo que somos em essência! Além disso, segundo Rogers, atingindo o autoconhecimento estaremos mais aptos a compreender a outra pessoa, além de nós mesmos!