domingo, 16 de fevereiro de 2014

DOMINGO DE FEVEREIRO




Regina e Aleixo, 15.02.2014.
Gosto muito de ler e também de falar... Com os janeiros, venho aprendendo a cultivar algum silêncio no turismo contemplativo do bosque de nossa Shamballa. Mas adoro escrever.  Agora, aposentada da vida acadêmica, não preciso me submeter aos horários rígidos e posso fazê-lo sempre que me inspiro...

Ontem cedo fomos a Brasília. Era a comemoração do aniversário dos netos brasilienses. Digo isso para simplificar, porque Juliana nasceu há cinco anos em
Sabiá do campo na Shamballa
Montreal, no Canadá, quatro dias após o quinto aniversário do Matheus. Ela queria muito essa festa. No ano anterior, a festividade foi cancelada em razão do tratamento de saúde de minha nora.

Juju quis vestir-se de Tinkerbell e colocou a sua fantasia toda orgulhosa na hora do clássico parabéns. Teteu, aos dez anos, já se acha rapaz para este tipo de festa, mas suportou o ritual com resignação ao interromper a brincadeira com os amigos por instantes.

A festa foi linda e muito bem organizada em espaço
Adicionar legenda
próprio. Retornamos felizes à Shamballa ao final da tarde. Choveu toda a noite e neste domingo percebemos os pássaros cantando com maior alegria nas árvores. Resolvemos fazer uma caminhada pelos arredores e fomos até o toco da corujinha. Ela está sempre ali durante o dia, de olho em sua toca que guarda ovos ou filhotes. Além de bem- te- vis, udus- da- coroa- azul, canários, rolinhas, periquitos, da nossa corujinha, vimos muitos sabiás do campo, não apenas em nosso sítio, mas
Sabiá do campo no chão
também pelo caminho. E como eles cantam!  

O Sabiá-do-campo mede uns 25 cm. Possui uma coloração cinzenta no dorso, alto da cabeça, asas e cauda. O peito e o ventre são de um branco amarelado ou arroxeado pela terra, íris às vezes amarela. O sabiá do campo pode ser identificado pela sobrancelha branca proeminente e a cauda comprida com as pontas de cor branca. Às vezes esta ave aparece inteiramente marrom, com as partes inferiores mais claras, possui uma faixa marrom-escura atravessando os olhos e uma sobrancelha branca. A ponta da cauda também é branca. É comum vê-la levantando a cauda durante os segundos
Corujinha do Aleixo
após seu pouso sobre galhos finos, antenas e cabos da rede elétrica.

Sei que são campestres, vivendo em regiões semiáridas e em geral prefere habitar campos abertos com árvores esparsas e vegetação arbustiva. É comum nas capoeiras, no cerrado ralo e nos campos de pastagens das fazendas. Pode ser observado também nas montanhas e nos buritizais. Mas podem também se adaptam às cidades maiores, desde que estejam disponíveis água e áreas
verdes onde eles possam pousar, caçar e fazer ninhos. É comum vê-los em pequenos
Juju vestida como Tinkerbell e seus pais
bandos de 3 a 7 indivíduos são bastante dóceis e não temem a presença humana, ao contrário dos pardais e bem-te-vis que são muito ariscos.

Movimentam-se em largos saltos ou correm pelo chão. Pode pousar na ramagem apoiando-se em dois galhos vizinhos, demonstrando agilidade incomum. Destaca-se o modo dessas aves de se aprumarem e esticarem o pescoço, avaliando os arredores, enquanto se escondem
Aleixo e Juju antes do aniversário
deixando exposta apenas a cabeça. Voam muito bem. A cauda indica qualquer emoção, sendo fortemente arrebitada, daí conhecido também com o nome de "arrebita-rabo".

Onívoros, comem tanto insetos e aranhas como frutinhas e sementes. Colhem o alimento de preferência no solo. Dizem que ocasionalmente eles predam ninhos com ovos de outros pássaros. Alimenta-se principalmente de invertebrados e frutos, bem como de filhotes de outras
Luciana e Regina, 15.02.2014
aves retirados dos ninhos. Dentre os invertebrados, os insetos como formigas, cupins, besouros constituem a maior parte das presas. Os frutos podem ser silvestres, neste caso, de pequeno tamanho, engolidos inteiros ou cultivados, como banana, mamão, laranja e abacate. As sementes não são digeridas e atravessam intactas o seu tubo digestivo.

A ave atua, assim, como dispersora das sementes dos frutos que ingere. A maior parte do alimento é obtida
Regina e seu filho Otávio
enquanto a ave caminha pelo solo. Outros métodos de alimentação com presas animais são menos frequentes, como a captura de insetos em voo a partir de poleiros elevados ou com saltos a partir do solo. Os frutos são coletados pela ave empoleirada, mas os frutos de grande tamanho, como o mamão e a banana de nossa chácara, podem ter parte de sua polpa consumida após caírem ao solo ou emprestados do poleiro do papagaio.

O ninho é em forma de uma tigela, confeccionada na copa de uma árvore no campo, sendo visível de longe; o centro do ninho é forrado com material macio. Costumam
Luciana e Aleixo
também usar cumeeiras e pilastras das casas para fazer seus ninhos. Os ovos são esverdeados com manchas cor de ferrugem. A fêmea põe de 3 a 4 ovos. Os filhotes saem do ovo após 12 ou 14 dias, abandonando o ninho com 11 a 14 dias. O interior da boca dos filhotes é amarelo laranja. O sabiá é explorado pelo pássaro preto ou godero que põe seus ovos em seu ninho e deixa que ele crie seus filhotes.
A vocalização desta espécie é notável pela maestria com
Personagem Tinkerbell
que imitam os cantos e chamados de outras aves, mas sem grande perfeição. Voz: agudo e penetrante "tschrip", "tschik" que é a chamada característica da espécie; "scha-scha-scha", "krrrra" bufando, tipo advertência ou zanga. O sabiá-do-campo é uma ave famosa por seu vasto repertório de cantos, que incluem imitações de outras espécies. Também pode ser chamada de tejo-do-campo, sabiapoca ou calhandra. O casal é auxiliado por um terceiro ou quarto indivíduo do bando, que talvez sejam crias de anos anteriores. Repelem os outros pássaros das proximidades do ninho.

Sanhaço azul e Sabiá com fruta
Enquanto caminha pelo solo, de tanto em tanto, o pássaro abre ambas as asas numa exibição denominada "lampejo de asas", cuja finalidade não é entendida e que é observada em outras espécies do gênero. O lampejo pode ser executado também quando a ave se depara com uma ameaça em potencial, humanos próximos demais ou serpentes.

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