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Aleixo e Regina, UK, 2010. |
Eu era tímida na infância, em
parte pela educação disciplinadora que a minha geração costumava receber.
Depois, na adolescência, fui desenvolvendo, quis ser professora e acabei
falando demais! Hoje, realizo um trabalho voluntário, embasado na teoria de
Carl Rogers, que prioriza a escuta amorosa. E tem sido um grande aprendizado! À
medida que tento realizar uma relação de ajuda, quem mais se beneficia sou
eu...
Aliás, o que as pessoas mais
desejam é alguém que as escute de maneira tranquila e sem julgamento. Em
silêncio, sem dar conselhos... Lembrando
Rubem Alves, “a fala só é bonita quando nasce de uma longa e silenciosa escuta.
É na escuta que o amor começa. E é na não escuta que ele termina”.
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Lei e eu com Otavio, Lu, netos, 2012. |
O cuidado com o ouvir é essencial
nas interações humanas. Nós sempre nos ocupamos do falar, buscamos aprimorá-lo,
nos avaliamos a partir dele e das reações que provocamos nas pessoas. O ouvir
costuma ser menos considerado. Mas, nas nossas interações, no nosso contato com
o outro, a sua importância é muito grande.
Ouvir o outro é uma arte, uma
habilidade e requer muita disciplina, pois exige autocontrole e muita boa
vontade, amor compaixão! Há certas regras implícitas numa conversação que
parecem ser assimiladas inconscientemente pelas pessoas. É que nós sabemos o
momento de falar, aproveitamos as brechas para tomarmos
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Minha filha Fábia, 2013. |
a palavra, prestamos
maior atenção quando o outro sinaliza mais convicção…
Todavia, às vezes é necessário
que reflitamos sobre como tem sido o nosso comportamento perante o outro em um
mundo cada vez mais apressado, com tanto bombardeio de informações, com tanta
urgência de tudo. No dia a dia, é importante nos treinarmos para ouvir com
atenção, com empatia. Isso é muito mais do que escutar! É entender a mensagem
do outro, perceber todo o contexto, os sentimentos e as emoções envolvidos. Isto
é a compreensão
empática ou capacidade de colocar-se no lugar da outra pessoa,
percebendo e compreendendo seus sentimentos, quando ela está se expressando.
Há algumas barreiras que devem
ser evitadas. Devemos evitar a crítica e o julgamento, deixar de colocar-se
como donos da verdade. A maioria das
conversas busca apenas a troca saudável de ideias, portanto, a gente deve
evitar os conselhos e controlar a vontade de dirigir a vida da outra pessoa.
Devemos ouvir com interesse
genuíno, demonstrar atenção total, vontade genuína de compreender. É válido
pedir
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Otávio e Fábia, 1975. |
esclarecimentos sempre que não entendermos bem. Rogers sugere que a gente
parafraseie o interlocutor, ou seja, repita o que entendeu com outras palavras,
a fim de certificar-se de que está
correto.
A demonstração de atenção e
interesse em ouvir espelha o nosso cuidado com a outra pessoa. Ao se sentir
assim considerado, nosso interlocutor coloca-se em condição favorável e todas
as possibilidades de entendimento se ampliam. É nessa escuta amorosa que a
harmonia se cria e que a comunicação cumpre mais esse papel, o de aproximar as
pessoas e colocar em prática a experiência do amor por meio do diálogo
compreensivo.