quinta-feira, 24 de outubro de 2013

LUCIANA EM OUTUBRO ROSA



Luciana, na quimioterapia, 2013.
Outubro chegou e mais uma vez vemos monumentos em todo mundo se vestindo de rosa para reiterar a importância da prevenção ao câncer de mama. Segundo tipo mais frequente no mundo, a doença é a mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom.

Porém, no Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.

Apesar de todas as informações disponíveis sobre o assunto, alguns mitos ainda persistem, como a ideia de que a doença só atinge mulheres acima dos 40 anos. Minha nora Luciana faz parte de alguns grupos de mulheres que tiveram câncer de mama antes desta idade! Apesar de ainda ser relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente.

O câncer – de qualquer tipo – é a doença mais democrática que conhecemos. Ele atinge ricos, pobres, homens, mulheres, crianças, jovens, adultos e idosos, brancos, negros, amarelos. Não faz distinção de raça, idade, condição social ou gênero. Todos nós estamos sujeitos a ter essa doença.

Símbolo
Claro que existe a prevenção. Hábitos saudáveis com certeza diminuem o risco de um câncer aparecer. Uma boa alimentação, exercícios físicos, não fumar e não ingerir bebidas alcoólicas são fatos que contribuem para se tentar evitar a doença. Porém, não existe uma garantia 100% segura. Ninguém pode afirmar com absoluta certeza que não vai ter a doença, mas podemos fazer nossa parte para evitá-la. Meu cunhado Adevaldes nunca fumou, só bebia socialmente, praticava esportes, cuidava da alimentação, mantinha bons pensamentos, levava uma vida extremamente saudável e morreu aos 44 anos, depois de lutar contra um câncer de pulmão por três anos!

Lu, netos e labrador.
Digo isso porque ainda vejo muitas pessoas que não se preocupam com o assunto, deixando de fazer exames periódicos, mesmo já tendo passado da faixa etária dos 35 anos ou até mesmo aqueles que tiveram casos de câncer na família. Muitos alegam a falta de tempo e o esquecimento, mas a melhor medicina ainda é a preventiva.

Lu diagnosticou o câncer de mama e axila em dezembro. Desde então já passou por 16 sessões de quimioterapia, mastectomia, radioterapia, entre outros medicamentos. Ela tem sido uma guerreira, sempre nos contagiando com seu alto astral e a fé em Deus! Apesar de tudo isso, seu último exame constatou que os tumores espalharam e vai retomar a quimio.

Lu, com colegas do Perpétuo. 18.10.2013
Esta semana, Lu teve acesso a novas possibilidades e  acreditamos em sua vitória! Consultou um grande médico, em Brasília, na linha ortomolecular - Dr. Arnoldo Velloso Costa - e iniciou também a oncothermia com o Dr. Francisco Humberto Freitas Azevedo. Eu soube que esse tipo de termoterapia utiliza o calor para matar as células cancerígenas. O processo é feito através de micro-ondas que aquecem as células cancerosas. Esse procedimento é utilizado para o tratamento de outros tipos de câncer, como o de rim, em que evita a cirurgia. O uso desse tratamento para o câncer de mama é novo, mas já existe em Brasília.

Paralelamente, Luciana fará uso da vitamina B17 que pode ser um preventivo ou auxiliar no tratamento do câncer.
Aleixo e Otávio, na Shamballa.
Esta vitamina é composta por 4 moléculas, 2 açúcares, 1 benzaldeído, 1 grupo cianeto. O cianeto sozinho é mortal se ingerido, mas por ele estar ligado a um segundo elemento químico-benzaldehidro-, ele passa pelo trato intestinal sem causar danos ao nosso organismo. A molécula da vitamina B 17, quando em contato com uma célula cancerosa, é quebrada e o elemento tóxico cianeto ataca diretamente a célula cancerosa, agindo como se fosse uma quimioterapia dirigida, ou seja, como um tiro ao alvo. O componente químico que proporciona a quebra da molécula se chama Beta–Glucosidase, que envolve as células cancerosas. Todavia, Otavio e Luciana continuam a busca pelo tratamento adequado e têm feito verdadeira peregrinação por consultórios médicos e espaços similares.
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terça-feira, 22 de outubro de 2013

ALEIXO E A NOITE DAS MENTIRAS



Aleixo Nuss Oliveira, 1968
Na venda do Tio Alfredo acontecia uma espécie de disputa. O pessoal se reunia e cada um contava a sua mentira. Eram histórias incríveis, mas Aleixo não participava porque ainda era criança. Ele nunca foi um tipo muito sociável, mas era muito curioso, atento e observador. Os detalhes, até onde suas leituras de mundo podiam ir, eram bem gravados. Os adultos sempre foram seus melhores amigos, salvas as exceções, claro. Aquele que pegava no seu pé, fosse quem fosse, não era seu amigo ou sua amiga. Ele era um perguntador de marca maior, queria detalhes, mas nem sempre acreditava nas respostas, já que os adultos, às vezes, não davam o braço a torcer dizendo “não sei”... 
Aleixo, 1978.
Eles preferiam inventar respostas e corriam o risco de cair no seu descrédito. Diz que seu pai e sua mãe sempre caíam.

Quando ele viu, pela primeira vez, uma Maria-fumaça (locomotiva à lenha), ele ficou maravilhado. Perguntou a seu pai como “aquilo” funcionava. Seu Sílvio pensou um pouco e disse: "lá tem uma caldeira que gera vapor com o fogo que ferve a água e empurra as engrenagens que fazem as rodas moverem". Aleixo pensou no fogo, na chaleira d’água fervendo, jogando a tampa para cima, aceitou!
Aleixo Nuss, 2003.
Mas outra vez, dentre muitas, pegou seu pai no pulo: queria saber como as lâmpadas elétricas acendiam. Obteve como resposta que “dentro do fio tem querosene para acender a lâmpada”, coisa que gerou um sem fim de indagações e dúvidas, obrigando seu pai a dizer que a lâmpada era acesa por meio de eletricidade e que ele não sabia muito bem como ela acendia. Calou-se, então, claro. Saberia como a luz acendia quando fosse um pouco mais velho... Além do mais, seu pai havia ganhado o concurso de mentiras que promoviam lá na venda de seu tio, como aquela da onça gigante que ele tinha segurado pelo rabo, rodado no ar e jogado longe, dentre muitas outras histórias contadas nas noites das mentiras...

Aleixo e Regina, em Alto Paraíso, 2012
Um dia, na primeira e excitadíssima viagem de Maria fumaça, perguntou ao condutor barrigudo, de nariz de bolota e vermelho, se ele sabia falar na moega do telefone para se comunicar com outras estações. Seu pai piscou o olho para o condutor e ele disse que sim. 
Numa dessas rodadas de mentiras, um senhor, também contador de mentiras bem elaboradas, apareceu com a história de um repolho gigante que o próprio havia colhido em sua horta. O repolho era tão grande, mas tão grande, mas tão grande, que foi preciso de um carro de bois para transportá-lo e, mesmo assim, com muita dificuldade, pois as seis juntas de bois suaram para arrastar o carro até à Rua(povoado de São João do Paraíso), no interior do Estado do Rio de Janeiro. Daí, tudo bem, todos acreditaram...
Aleixo com labradores no sítio.
Lá pelas tantas, depois de muito café, broa de milho e um pouco de uca, já nas últimas mentiras, todos tinham que acordar cedo para os afazeres, que nunca eram poucos, seu pai, com aquele sorrisinho moleque, começou com uma história de uma panela que ele havia mandado fazer, especialmente, lá na forja do seu... Sei lá como se chama... Todos se entreolharam, silêncio... Mas o espertinho do homem do repolho não aguentou: mas pra quê, esse panelão tão grandão, seu Sirvo? "Ô meu filho, como é que vão cozinhar seu repolho"? 
Silvio Ribeiro de Oliveira
A gargalhada foi geral, todos se despediram, prometendo nova rodada para breve, mas dessa vez Seu Sílvio ficaria de fora, iria cantar e tocar violão em uma festa. Lá haveria dança, muita comida e bebidas para todos. 
Hoje, Lu, irmã do Aleixo, me enviou uma foto de seu pai, o senhor Sílvio. Ele está sobre uma árvore que eu tive oportunidade de ver quando visitei a região da Capivara em que residia a família Nuss. Lourdes me confidenciou que ajudou a plantar essa árvore em comemoração escolar! Ela fica perto da antiga escola...

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

NOSSO MUNDO NATURAL



Aleixo e Regina, no bondinho, do Rio.
Aleixo e eu gostamos de ouvir os diferentes sons da natureza e achamos prazeroso observar as flores e os frutos silvestres. Quando nos sentimos tristes, procuramos sair para uma caminhada nos arredores do sítio. Esse exercício ao ar livre tem efeito salutar em nosso emocional. Os netos vão chegando e nos perguntando se a gente pode sair para caminhar com os três labradores, porque estar em ambiente natural nos harmoniza e alegra a todos.

A gente ama perceber os animais silvestres vivendo no ambiente natural. Aqui isto acontece sempre. Os macacos
Aleixo com teiú, na Shamballa.
nas árvores, as visitas de lagartos, ouriços, gambás, a presença de inúmeros pássaros no bosque. Eu gosto muito de jardinagem e essa atividade funciona como terapia lúdica na minha vida. Tenho dificuldade de observar os animais feridos e me sinto triste a cada vez que os encontramos atropelados no caminho diário ou durante as longas viagens de carro.

Quando vamos a praias desertas, acho extremamente divertido catar rochas e conchas. Já trouxe pedras da França e do Peru, entre tantos outros locais. 
Regina com orquídeas no sítio.
Tocar as plantas me energiza e às vezes me comunico mentalmente com elas ou com os animais. Aleixo cuida mais dos cachorros que eu, mas eles me acompanham o dia todo esperando agrados palatáveis com que os agracio. Acredito realmente que as pessoas não podem sobreviver sem plantas e animais.

Sinto que os seres humanos fazem parte do mundo natural e buscamos viver a nossa simplicidade voluntária da melhor forma possível. Também procuramos fazer a nossa parte na conscientização ecológica. Há poucos dias um vizinho parou o carro para parabenizar o Aleixo que resolveu catar o lixo atirado fora da
Plantas no nosso mundo natural.
lixeira para dar bom exemplo aos desatentos. No Arpoador, também recolhemos pequenos detritos da praia. Sabemos que esta prática pode ajudar o ambiente natural! Ficar ao ar livre nos faz felizes e somos gratos por desfrutar do bosque da Shamballa. Temos consciência de que fazemos muito pouco ainda, mas essas ações podem contribuir positivamente para melhorar o mundo natural. E deixaremos bom exemplo para nossa descendência...

Creio que o segredo da vida é vivenciá-la em sua plenitude.
Regina, Maluba e Divina.
Vivenciá-la em um domingo de sol ou de chuva, de tranquilidade ou  festa julina em família. Uma saída com os afins, uma leitura agradável ou uma postagem no blog. Uma tarde de muitos afazeres ou de um cochilo gostoso depois do almoço. Devemos repartir o que há de bom e subtrair os espaços que nos afastam da harmonia interior. Lembrar que cada momento é parecido com o que já passou, mas é único pelo fato de apresentar outra chance de fazer o que a gente mais gosta, de curtir novos aprendizados. Já aprendi que os maiores doutorados são na vida! O segredo dos dias é entender que não importa o minuto que passou, mas o instante que ainda virá...

Ana Helena Nuss, neta do Lei.
Ontem, assistimos ao canto de pássaros nos galhos das árvores da Shamballa. Eles voavam traçando linhas imaginárias de um galho ao outro, depois foram pousando um ao lado do outro e levantando o bico enquanto entoavam o canto feliz com a abundância das frutinhas nas árvores. O sol pintava o verde de luz dourada contra o fundo azul do céu... Depois saímos para a caminhada vespertina. Comemos amoras pelo caminho e cumprimentamos a corujinha que hoje posava altaneira no poste da cerca. Ela emitiu um som e nos encarou firmemente com seu olhar verde e arguto. Nosso vizinho Laumir e seu filho  Renato plantavam mudas de ipê amarelo à frente de sua casa e os saudamos na ida e na volta, à noitinha.