domingo, 5 de janeiro de 2014

COSME VELHO




Regina no Cosme Velho
O nome eu conhecia da leitura machadiana. Cosme Velho é uma joia escondida na zona sul do Rio de Janeiro. Lembrei-me do grande Machado de Assis que Drummond chamou de o Bruxo do Cosme Velho! O termo ganhou força no meio literário quando Carlos Drummond de Andrade publicou o poema: A um bruxo, com amor, no qual o poeta fez referência à casa de número 18, na Rua Cosme Velho, situada nesse bairro do Rio de Janeiro em que morou Machado de Assis. O poema toma a casa como ponto de partida, como um passaporte para a proximidade com Machado, e, a partir daí, faz um passeio pela obra do autor, do geral ao particular, manifestando admiração profunda e respeitosa ao bruxo.

Machado de Assis
O Cosme Velho é um bairro da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, situado no sopé do morro do Corcovado e do morro de Dona Marta, ocupando a parte mais alta do vale do rio Carioca. Antes conhecido como Águas Férreas tem como rua principal, a Rua Cosme Velho, que é a continuação da Rua das Laranjeiras. Na verdade, esses dois bairros poderiam ser um só, pois não existe nenhum acidente geográfico entre eles e suas histórias são estreitamente ligadas. A população do bairro é de classe média alta e alta.

Casa de Machado
O Cosme Velho ainda guarda o charme dos bairros marcados pelo passado. Esse bairro foi o endereço de artistas, escritores e compositores como Machado de Assis, Manuel Bandeira, Euclides da Cunha, Austregésilo de Athayde, Alceu Amoroso Lima, Cecília Meireles, Jorge Mautner, Roberto Marinho, dentre outros.

O nome do bairro é uma homenagem a Cosme Velho Pereira, comerciante português da antiga Rua da Direita, atual Rua Primeiro de Março. No século XVI, o comerciante habitava a parte mais alta do vale do Carioca, no caminho para o Corcovado. Sua chácara era banhada pelo rio Carioca, que ainda corre no local. Após sua morte, sua chácara foi loteada e ali passaram a viver alguns nobres da corte.

Estação do Corcovado
É no Cosme Velho que se situa a Estação de Ferro do Corcovado, de onde sai o trem do Corcovado que leva turistas até seu pico com a estátua do Cristo Redentor, símbolo máximo da cidade e eleita uma das sete maravilhas do mundo moderno.

Soube que o escritor Machado de Assis e sua esposa Carolina já moravam há alguns anos na Rua do Catete, quando o proprietário do imóvel pediu a casa. De uma hora para outra, o casal viu-se novamente obrigado a mudar de residência. Já estavam acostumados àquela moradia
Largo do Boticário
pequena, mas aconchegante, com grandes janelas na parte da frente, através das quais os transeuntes podiam ver o escritor e sua esposa conversando na sala.

Com a morte de Rodrigo Pereira Felício, a Condessa de São Mamede, Joana Maria, herdara uma bela chácara nas Laranjeiras. Decidiu lotear sua propriedade e mandou construir no terreno quatro chalés, que ela resolveu alugar. Ao saber que Machado de Assis e Carolina estavam procurando uma nova casa, a condessa ofereceu-lhes o seu imóvel. A princípio, Joaquim Maria esteve para recusar a
Rio Carioca
proposta, pois imaginava que não teria condições de arcar com o custo do aluguel naquele bairro elegante, mas Joana Maria afirmou que lhes cobraria a mesma importância que eles pagavam em sua residência anterior. Assim sendo, no início de 1884, o casal mudou-se para a Rua do Cosme Velho, 18, onde ele permaneceria até o final da vida.

Era uma ruazinha sossegada, bem ao gosto do escritor. O único inconveniente é que ela ficava um pouco longe do centro da cidade, para onde Machado teria de ir diariamente, tomando o bondinho das Águas Férreas. Diante de sua casa, havia um riachinho, ladeado por um pequeno muro de pedra. Era aí que ficava a famosa Bica da Rainha, onde dona Carlota Joaquina costumava vir lavar seu rosto, pois corria pela cidade a lenda de
Aleixo, prima Eunice e Sophia Nuss
que tais águas tinham certas propriedades miraculosas, capazes de transformar em mulheres belíssimas aquelas que haviam sido pouco ajudadas pela natureza...

Já estive  nesse bairro outras vezes em visita ao Rio. A maioria dos turistas visita o largo do Boticário e passeia de bondinho indo para o Cristo Redentor... E ontem estivemos mais uma vez no Cosme Velho visitando familiares... Ficamos encantados com a paisagem verde, o clima mais ameno, a tranquilidade daquele espaço bem residencial. E que riqueza de energia histórica  a gente percebe ali... Tudo isso faz bem à minha alma romântica e literária!

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