terça-feira, 11 de junho de 2013

TEMPO E MUDANÇAS


Aleixo e Regina, m Portugal, 2011.
A gente sabe que o cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos.   Assim, se alguém nos colocar dentro de uma sala vazia, sem portas ou janelas, sem qualquer espécie de relógio, a gente começará a perder a noção do tempo. 
É o que acontece quando uma pessoa está no CTI, nos cassinos, nos bingos ou sem nenhum marcador de tempo. Por alguns dias, a nossa mente pode detectar a passagem
Cristo Redentor, Rio.
do tempo sentindo as reações internas do nosso corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, a fome, sede e pressão sanguínea. 
Lembro-me bem de que, quando bem pequenos, meus filhos contavam os dias pela quantidade de noites dormidas.  Com a aproximação do Natal, Otávio e Fábia queriam dormir mais vezes durante o dia, imaginando que isto anteciparia a distribuição de presentes!
Elci, Brasigóis, Regina e Lei, na
Pousada do Farol, RN.
Isso acontece porque a noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, das pessoas, dos sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol. E o nosso cérebro é extremamente otimizado e evita fazer duas vezes o mesmo trabalho. Imaginem que um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia. Qualquer um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar conscientemente tal quantidade. 
Por isso, a maior parte desses pensamentos é automatizada
Programa Praia Limpa, Rio.
e não aparece no índice de eventos do dia e, portanto, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo. É quando você se sente mais vivo! Mas conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no piloto automático e apagando as experiências duplicadas. Após entender estes dois pontos, a gente pode compreender por que parece que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e por que os natais chegam cada vez mais rapidamente... 
Hotel Cupim, em Cristiano Otoni
Exemplificando, quando começamos a dirigir automóveis, tudo parece muito complicado, nossa atenção parece ser requisitada ao máximo. Então, um dia, dirigimos trocando de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando ao celular ao mesmo tempo.  Isto é possível porque o cérebro já sabe o que está escrito nas placas, a gente nem precisa ler com os olhos, mas com a imagem anterior registrada na mente. Nosso cérebro já sabe qual marcha trocar e ele simplesmente pega nossas experiências passadas e as usa, no lugar de repetir realmente a experiência. Ou seja, nós não vivenciamos aquela experiência, pelo menos para a mente. Aqueles críticos segundos de troca de marcha, leitura de placa são apagados de nossa noção de passagem
Jantar na casa da Lane com amigos.
do tempo. Portanto, quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a experiência repetida.
E à medida que envelhecemos, as coisas começam a se repetir: as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de televisão, reclamações, enfim, as experiências novas, ou seja, aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que nosso dia pareça ter sido longo e cheio de novidades, vão diminuindo. 
Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que
Com os netos em BSB.
tivemos de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década. Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a rotina. A rotina é essencial para a vida e aperfeiçoa muita coisa, mas a maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos. Mas felizmente há um antídoto para a aceleração do tempo: mudança. A gente deve mudar, fazendo algo diferente e marcando com algum ritual, uma festa ou os registros com fotos. Por que não um blog? 
Aleixo em Pirinópolis.
Devemos mudar de paisagem, tirar férias com a família sempre que possível, preferindo variar e marcando os acontecimentos com fotos, cartões postais, publicações. Ter filhos ou netos acaba destruindo a rotina e devemos buscar sempre situações diferentes. Adoro comemorar tudo e descobri que isto também é positivo!  Aliás, sempre busquei ser diferente, inovar de acordo com as minhas possibilidades, viver. 
E tive a sorte de encontrar um companheiro que compartilha de meus desejos de aventura e temos viajado muito interior e externamente, pois se a gente puder viver intensamente as

Regina e Aleixo, no Rio, 2013.
diferenças, o tempo vai parecer mais longo. Vivemos cercados de familiares e amigos com gostos diferentes, oriundos de lugares diversos, com religiões variadas  e que gostam de coisas diferentes. 
Dessa maneira vamos fazendo a nossa parte para aproveitar da melhor forma possível os anos que nos restam. Todas essas experiências acabarão por expandir nosso tempo com qualidade, sentimento de vida genuína! E amanhã passaremos o dia dos namorados viajando...

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