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Aleixo e Regina, no Bondinho, 06.12.12. |
Tudo começou em 1908, nas festas de comemoração dos 100 anos da abertura dos portos cariocas por Dom João VI. O engenheiro Augusto Ferreira Ramos teve a ideia de construir um caminho aéreo entre os morros da Baía de Guanabara para alavancar o turismo no Rio de Janeiro. Ao conseguir capital e apoio do governo, ele fundou a Cia. Caminho Aéreo Pão de Açúcar, a mesma que administra o bondinho até hoje.
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Regina e Clélia, no teleférico hoje. |
Na época, o projeto era bastante ousado, só existiam dois teleféricos no mundo: o do Monte Ulia, na Espanha, com extensão de 280 metros, e o de Wetterhorn, na Suíça, com 560 metros. Ambos ficariam no chinelo diante do Pão de Açúcar, cujas duas linhas somam 1 325 metros. As obras começaram em 1910 e o empreendimento consumiu mais de dois anos, centenas de operários e dois milhões de contos de réis - uma fortuna na época!
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Bondinho do Pão de Açúcar, no Rio. |
O primeiro trecho, ligando a Praia Vermelha ao Morro da Urca, foi inaugurado em 1912. O segundo, da Urca ao Pão de Açúcar, foi completado no ano seguinte. Como não havia helicópteros, a construção utilizou equipes de alpinistas especialmente treinados, que levavam as peças nas costas, em escaladas perigosas, informa Giuseppe Pellegrini, diretor técnico da Companhia.
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Aleixo e Regina, em Copa. |
Em 1970, o velho bondinho já não dava conta do intenso tráfego turístico. Por isso, foi construída outra linha, mais segura, com novos cabos, estações e carros, multiplicando por dez a capacidade de transporte. Dessa vez, o bondinho antigo deu uma ajuda considerável como elevador de peças, dispensando o perigoso e extenuante trabalho dos pioneiros alpinistas. A nova linha foi inaugurada em 1972 e, com algumas reformas, continua operando até hoje.
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Antigo Bondinho. |
Assim, o bondinho do Pão de Açúcar, no Morro da Urca, zona sul do Rio, é o mais famoso do mundo e comemorou em outubro deste ano o seu centenário.
Segundo a Riotur, já subiram o Pão de Açúcar por ele mais de 40 milhões de pessoas. No total, foram necessários três anos para a conclusão das obras. O primeiro bondinho era de madeira.
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São Francisco no Jardim de Alah |
Com muitas histórias para contar sobre o bondinho, o funcionário mais antigo da companhia, Antônio Lourenço, com 51 anos de casa, perdeu a conta das figuras ilustres que teve a oportunidade de conhecer e dos “causos” inusitados que testemunhou. Um deles deu origem ao apelido que ganhou dentro da companhia quando começou a trabalhar aos 21 anos como servente.
Relatou que estava ajudando a fazer um muro de contenção. Houve um princípio de acidente e caiu em uma ribanceira de uns 20 metros de altura. Mas chegou lá embaixo, sem nenhum arranhão e aí começaram a chama-lo de gato, porque demonstrou ter sete vidas!
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Presépios natalinos visitados. |
Seu Gato estava lá quando Roger Moore filmou, em 1979, a cena histórica de 007 contra o Foguete da Morte, em que James Bond luta com Dentes de Aço dentro do bonde, pouco antes de o vilão cortar o cabo do teleférico com os dentes. Conta que deram todo o apoio a eles, trataram-nos muito bem, tomávamos café juntos, mas explica que a luta foi só encenação, não teve nada daquilo, lembra o funcionário.
Emoção de verdade, segundo Seu Gato, foi ter visto, em 1977, o equilibrista estadunidense Steven McPeak andar com uma vara sobre o cabo do bondinho. Segundo ele, foi quase um suicídio. Fato inacreditável e ainda guardam a vara usada.
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Meus netos, Matheus e Juliana! |
Ali também foi cenário da novela global Avenida Brasil quando do sequestro das personagens Carminha e Maxwell. Ainda, do filme Tropa de Elite.
Hoje, Aleixo e eu estivemos no Bondinho novamente, acompanhando a minha irmã Clélia que veio nos visitar na Cidade Maravilhosa e quis rever o local que não visitava há muitos anos.
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Desejos futuros do trio. |
Além da visita usual, fizemos questão de participar da Cápsula do Tempo. Nós escrevemos uma mensagem com nossos desejos futuros e depois nos deixamos fotografar, segurando-a. A seguir, nós depositamos essa mensagem na urna que será aberta daqui a cem anos!