segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

UM CERTO PROFESSOR ALCIDES


"Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento". Machado de Assis

Regina, em 2002.
Eu o conheci no início de meu doutorado. Matriculei-me em duas disciplinas no mesmo dia, para fazer uma única viagem semanal a São Paulo. Ele foi o meu professor de literatura brasileira, eu me sentava bem à frente e prestava toda a atenção à sua aula. Ele detinha muito conhecimento e era bastante simpático, mas meio desorganizado com a enorme quantidade de livros que levava para ilustrar as suas colocações.

A aula devia se encerrar às 20h e nosso ônibus de volta saía às 22h. Todavia, ele nunca conseguia terminar o encontro no horário previsto e minha colega e eu tínhamos que correr muito para não precisar pagar mais uma diária de hotel!

O semestre passou rapidamente e só fizemos amizade no último dia. Logo ele se ofereceu para ser meu co-orientador, porque ele havia sido aprovado em outro concurso e mudaria de cidade.

José Alcides, 2000.
No ano seguinte mudei-me para a capital de São Paulo, cansada de tantas viagens de ônibus. Matriculei-me em um curso na USP, aluguei um kitenete em Vila Mariana, comprei um computador e ali resolvi escrever a tese.
Eu me apaixonei por Sampa e até hoje me lembro com carinho de cada experiência vivida naquela cidade!

A tese não saiu de pronto, mas fiz inúmeros cursos e ótimas amizades que perduram até hoje.

Alcides foi muito importante nessa época de minha vida. Eu perseguia sonhos adolescentes e minha convivência com ele foi meio infantil, meio maternal, companheira, mágica! Vivemos juntos experiências que nunca vamos esquecer e sei que elas contribuíram muito para meu crescimento emocional e espiritual. Convivi bastante com seus pais e sempre agradecerei a acolhida que me dispensavam em Botucatu.

Sr. Osvaldo, pai do Prof. Alcides, 2000.
Dona Helena, 2001.












Apesar da distância, hoje ainda cultivamos uma amizade genuína em que cada um sabe que pode contar com o outro para aluguel de ombros, de ouvidos ou compartilhar de cruzes do caminho. Eu o adoro e não consigo negar quaisquer de seus pedidos. Quando estou aflita, basta conversar com ele e já me sinto melhor!

Bem mais tarde consegui o título de doutora em literatura sob a sua orientação e com tema bem diverso da proposta inicial. E serei sempre grata por seu apoio competente, dedicado, amigo incondicional.

Acredito, realmente, que reencontramos as pessoas e agradeço o fato de o Alcides ter estado presente em minhas múltiplas existências!

domingo, 12 de dezembro de 2010

A MAIS BELA FLOR



Sinos - símbolo natalino!
O bosque estava quase deserto, quando o homem sentou-se para ler, embaixo dos longos ramos de um velho carvalho.
Estava desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava tentando afundá-lo.
E como se já não tivesse razões suficientes para arruinar o seu dia, um garoto chegou, ofegante, cansado de brincar.
Parou na sua frente, de cabeça baixa e disse, cheio de alegria: "Veja o que encontrei!"
O homem olhou desanimado e percebeu que na sua mão havia uma flor.
"Que visão lamentável!" Pensou consigo mesmo.
A flor tinha as pétalas caídas, folhas murchas, e certamente nenhum perfume.
Querendo ver-se livre do garoto e de sua flor, o homem desiludido fingiu pálido sorriso e se virou para o outro lado.
Mas ao invés de recuar, o garoto sentou-se ao seu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa: "O cheiro é ótimo, e é bonita também...Por isso a peguei. Toma! É sua."
A flor estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas ele sabia que tinha que pegá-la, ou o menino jamais sairia dali.
Então estendeu a mão para pegá-la e disse, um tanto contrafeito: "Era o que eu precisava."
Mas, ao invés de colocá-la na mão do homem, ele a segurou no ar, sem qualquer razão.
E, naquela hora, o homem notou, pela primeira vez, que o garoto era cego e que não podia ver o que tinha nas mãos.
A voz lhe sumiu na garganta por alguns instantes...
Lágrimas quentes rolaram do seu rosto enquanto ele agradecia, emocionado, por receber a melhor flor daquele jardim.
O garoto saiu saltitando, feliz, cheirando outra flor que tinha na mão, e sumiu no amplo jardim, em meio ao arvoredo.
Certamente iria consolar outros corações que, embora tenham a visão física, estão cegos para os verdadeiros valores da vida.
Agora o homem já não se sentia mais desanimado e os pensamentos lhe passavam na mente com serenidade.
Perguntava a si mesmo como é que aquele garoto cego poderia ter percebido sua tristeza a ponto de aproximar-se com uma flor para lhe oferecer.
Concluiu que talvez a sua auto-piedade o tivesse impedido de ver a natureza que cantava ao seu redor, dando notícias de esperança e paz, alegria e perfume...
E como Deus é misericordioso, permitiu que um garoto, privado da visão física, o despertasse daquele estado depressivo.
E o homem, finalmente, conseguira ver, através dos olhos de uma criança cega, que o problema não era o mundo, mas ele mesmo.
E ainda mergulhado em profundas reflexões, levou aquela feia flor ao nariz e sentiu a fragrância de uma rosa...
* * *
Verdadeiramente cego é todo aquele que não quer ver a realidade que o cerca.
Tantas vezes, pessoas que não percebem o mundo com os olhos físicos, penetram as maravilhas que os rodeiam e se extasiam com tanta beleza.
Talvez tenha sido por essa razão que um Saint Exupery, um dia,  afirmou que "O essencial é invisível aos olhos."
Redação do Momento Espírita com base em mensagem volante, sem menção ao autor.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

UM JEJUM DIFERENTE


Regina em 15.09.2010.
O jejum alimentar é bem conhecido e, quando feito moderadamente e em curto espaço de tempo, constitui um bem para o nosso corpo.

Contudo, um jejum ainda mais importante e que tem influência decisiva sobre o nosso desabrochar espiritual é o jejum de palavras!

A evolução mística de um indivíduo ocorre na proporção da diminuição das palavras proferidas durante o dia! Um adepto é aquele que entendeu a mágica do silêncio e do ouvir, tanto do ponto de vista ético, como psicológico e místico.

Silenciando, podemos evitar proferir palavras que possam ser prejudiciais aos outros, higienizar a nossa mente e acumular uma reserva de força vital em nossos corpos físico e psíquico. O falar pouco e o silêncio são poder, como testemunharam todos os Mestres amantes do silêncio e das palavras conscientes, ao contrário de nós, que na maioria das vezes nem prestamos atenção ao nosso fluxo descontrolado de palavras.

O selo do Graal.
O hábito de falar pouco e conscientemente é muito mais difícil do que se imagina! É uma das práticas mais desafiadoras do caminho de quem fez a opção pela reforma íntima.
Para começar a se acostumar com ele devemos iniciar com rápidos jejuns de palavras, começando com um dia, depois três, uma semana e assim em diante.
Isto não significa deixar de falar, mas eliminar toda e qualquer palavra desnecessária, supérflua e que não acrescente nada de construtivo a si mesmo e aos outros. Você verá que inicialmente isso será extraordinariamente difícil, pois exige uma constante atenção ou concentração sobre o que irá verbalizar, em todos os momentos.

Você perceberá que falou mais do que devia e sem perceber inúmeras vezes. Pode ser até que desperte para seu compromisso de jejum de palavras no meio de um falatório seu, em que, totalmente inconsciente, você desperdiçava palavras e energias. Mas persevere! Com a prática constante e perseverante, os resultados para a consciência e para a alma se farão sentir a partir de alguns meses de prática.

E que os anjos digam -
AMÉM!
Como estudante rosa-cruz, eu comecei este jejum e quero ser bem sucedida, porque preciso muito aprender o silêncio! Ainda falo demais!

Vamos fazer jejum de palavras? Assim, podemos potencializar a nossa evolução mística! Eu sou aquela que mais precisa deste jejum! 

INVERNO NA EUROPA



Aleixo e Regina, na Holanda, 19.09.2010.
 Quando neva, a paisagem fica linda, mas a realidade é difícil. Imaginem que a neve que continua a atingir diversos países da Europa tem causado transtornos para a população da Holanda, deixando as vias públicas bloqueadas, jardins e lagos congelados, provocando atrasos em pousos e decolagens no aeroporto internacional de Schiphol, próximo a Amsterdam.

Luiza e netinha Maria Victoria.
Na manhã da última terça-feira, de acordo com o portal de notícias DutchNews, longos congestionamentos foram registrados no país por causa das pistas escorregadias que obrigam os motoristas a reduzir a velocidade, para evitar acidentes e derrapagens.
Soube que o fornecimento de sal - utilizado com areia para que a neve não se transforme em gelo - está reduzido e já começa a preocupar os moradores. Uma empresa que fornece 65% do sal utilizado anunciou a escassez do produto, e as principais estradas e as vias mais importantes devem ser priorizadas pelas autoridades.
Neve na Europa, dez. 2010.
A Holanda continua com temperaturas baixas e muita neve. Em algumas cidades a temperatura registrada chegou a -12°C. Apesar de não ter muito vento, o ar está extremamente frio, principalmente para os imigrantes que vivem ali e ainda não estão habituados, conta a minha irmã, que vive lá há mais de vinte anos.
Luiza diz sonhar com férias no Brasil, mas o filho mais novo está em idade escolar e tem apenas um recesso no final do ano. Ela diz que a neve é linda, mas apenas para ser admirada ocasionalmente!

Segundo a BBC, o tráfego aéreo na Europa ficou prejudicado por causa do mau tempo e muitos vôos tem tido atraso. Na Polônia, o rio Vístula, um dos maiores do país em extensão, ficou congelado e a temperatura no país chegou a - 25ºC.
A Alemanha também sofreu com a neve nos primeiros dias de 2010 e as temperaturas chegaram a - 20ºC. Segundo a agência de notícias britânica, parte do gelo já começa a derreter em diversos lugares da Alemanha e a população teme agora a ocorrência de enchentes.
Na Inglaterra uma das maiores nevascas dos últimos 50 anos tem provocado temperaturas de até -12ºC. Nós estivemos lá até o final de setembro e fomos brindados com um clima maravilhoso na época, sempre em torno de 20 º.
Imagem de Londres, em 29. 08.2010, antes deste inverno antecipado!
Nesta época de inverno antecipado, o governo pede para que as pessoas não saiam de casa. Algumas escolas da grande Manchester estão fechadas, inclusive a universidade.
Os aeroportos, como o de Liverpool, foram fechados, e os trens e ônibus tampouco estão funcionando.
E no Brasil nós reclamamos do calor!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

BEIJA-FLOR - ANIMAL DE PODER?!

Regina, em 07.09.2010.
Eu sempre quis ser um beija-flor! E soube que o beija-flor é uma das raras aves que exterioriza muita delicadeza e suavidade. Dizem que, no xamanismo, o beija-flor simboliza a cura, o amor romântico, a claridade, a graça e a proteção espiritual.
O xamã que tem no beija-flor seu animal de poder é uma pessoa que busca sem cessar o contato com sua energia interior, com a sua magia e que busca muito a contemplação e a unicidade com o meio-ambiente.

O xamã beija-flor é um mensageiro do Grande Espírito, que veio para trazer a mensagem de cura para a humanidade, para curar todas as suas doenças emocionais. Este animal de poder nos dá claridade para enfrentar os obstáculos da vida com muita serenidade e autoaceitação.

Imagem de um beija-flor.
O beija-flor nos ensina a suavidade do viver. Viver contemplando tudo que há, todas as pessoas, a humanidade e, principalmente, ele nos remete a buscar nosso estado de graça universal.

A proteção espiritual também é um aliado muito forte deste animal de poder, já que ele atua como arquétipo do amor e as energias e os fluidos que ele capta sempre são energias de altíssima frequência vibratória.

Assim sendo, ao meditarmos no beija-flor unimo-nos à egrégora do amor incondicional, que sustenta todo este universo - manifesto e imanifesto. Como vimos, ainda tenho muito a aprender com o beija-flor!

Regina, na Bretagne, Fr, julho de 1996.


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

MEU AMIGO TERAPEUTA

Regina, 2010.
Eu o conheci em São Paulo. Ele era o terapeuta de meu orientador. Na época, eu deveria estar escrevendo a tese, já havia trocado de tema mais de uma vez e até de orientador, cumprido os créditos, mas estava bloqueada, sem saber a razão. O tempo estava se esgotando e o Alcides sugeriu que eu fizesse umas sessões com seu psicólogo.

Durante a licença para o doutoramento em literatura brasileira, mudei-me para São Paulo, depois de viajar semanalmente de ônibus, um ano inteiro, para assistir às aulas das disciplinas exigidas. Em Sampa, eu acabei fazendo curso de Reiki, de tarô iniciático, estudava astrologia na Régulus (inclusive, fiz alguns atendimentos num espaço terapêutico), cuidava do namorido, mas da tese não saía nada... Poesia, eu escrevia, às vezes, cheia de culpa!

Luis Vasconcellos, 2009.
Marquei a consulta e gostei muito. De repente, encontrava alguém com quem podia conversar qualquer assunto... Ele me compreendia tanto! Como ele me ajudou a ver coisas que eu não percebia sozinha! Como ele pode me conscientizar de minhas escolhas...

A tese mesmo só saiu muito tempo depois e após inúmeras batalhas perdidas, mas valeu à pena ter conhecido o Luis Alfredo!

Voltei para Goiânia ao final de minha licença, mas a gente nunca mais se separou. Mantemos a sintonia e uma genuína amizade cúmplice...

Sempre que preciso conversar profundamente com alguém, sei a quem procurar!
L. Vasconcellos, 2010.

“Cada um de nós nasce com uma bagagem própria, tendências e potenciais a serem atualizados em vida. Somos como uma semente que carrega em si mesma - potencialmente - as direções do desenvolvimento e crescimento humanos, tanto no geral, quanto no particular. Mas, como sementes em desenvolvimento, nós também somos forçados a uma adaptação ao meio ambiente natural, familiar e cultural.

Esse contato com o meio estabelece quais potencialidades serão mais estimuladas e efetivamente exercidas.
Ou seja, o meio ambiente humano ensina à criança o que é certo e o que é errado; ensina o que deve e o que não deve ser feito, pensado, sentido, observado e assim por diante. Isto cria em todos nós uma fronteira de diferenciação entre o que cada um é - o que cada um deseja ou pretende - e o que de cada um é possível efetivamente ser exercido ou expressado na situação familiar e social, isto é, o que a cultura deseja e ordena”. Luis A. Vasconcellos

Seu blog: http://www.luisvasconcellos.zip.net/


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

MEMÓRIAS DA MINHA INFÂNCIA

A Chegada das Irmãs Gêmeas
 

Regina, 2010.
Minha mãe era católica desde a infância, mas tornou-se espírita em meado da década de 50, depois de alguma relutância. Meu pai era maçom e espiritualista há alguns anos. Papai lia muito, ajudava o próximo sempre e se desdobrava junto às obras assistenciais da Tenda do Caminho, primeiramente.
Mais tarde, com o desmembramento daquela instituição, o grupo que se afinizava com a umbanda reunia-se em nossa casa para a criação de um novo núcleo, o atual - Centro Espiritualista Irmãos do Caminho – do qual ele foi o fundador e doador do terreno da primeira sede.

Minha mãe começou se ocupando da obra do berço. Depois, descobriu-se médium e desenvolveu rapidamente vários tipos de mediunidade, passando a viver em função disso, apesar de ser dona de casa dedicada e mãe de tantos filhos. 
Luiza e Celina, 1965.
Nosso irmão caçula, Zezinho, devia ter pouco mais de seis anos, quando ela começou dizendo que estava sendo preparada para ser mãe novamente. Dizia ter sido orientada espiritualmente sobre quem iria receber como filha... Conversava sobre isso com todos nós - as cinco crianças – e já torcíamos pela chegada de nossa possível irmãzinha que se chamaria Maria Celina. Era como sonhar brincando com uma boneca de verdade!

Naquela época ainda não havia ultrasson, tampouco se  fazia exame de Raios-X para antecipar o sexo dos bebês ou  a possível gravidez gemelar. Assim, foi um susto quando nossas irmãs gêmeas  - Maria Celina e Maria Luiza  - chegaram em 29 de maio de 1961! Tudo mudou lá em casa, desde então! Eram pequenas,  e apesar de bastante saudáveis, choravam a noite toda nos primeiros meses!

 

Luiza, Renata, Angelo, Rafael e Victoria,
na Holanda, onde residem.
Minha mãe não podia faltar às sessões específicas do centro, porque dirigia os trabalhos! E me lembro, até hoje, quando ela saiu pela primeira vez e me avisou de que suas queridas filhinhas estavam sob a minha responsabilidade! Eu levava a sério aquela responsabilidade e o fazia da melhor maneira possível. Quantas vezes, ela me acordava durante a noite para que eu pegasse uma delas ao colo, porque ela não conseguia segurar as duas!

 

Mas lembro-me de algo inusitado! Ao sair para o Centro, à noite, minha mãe deixava chá de hortelã, poejo ou camomila pronto em um copo tampado com um pires. Aconteceu que papai havia tomado uísque e deixado um resto no copo de cristal que sempre ficava com o chá! Assim que elas começaram a chorar, peguei o copo e dei uma colherada para cada uma! Não era chá, mas a bebida de papai!

 

Sonia e gêmea Celina, tomando cerveja,  2010.
Dizem que ninguém morre antes da hora e que as crianças têm anjos particulares o tempo todo! Eu fiquei mal quando percebi o que havia feito! Graças a Deus, elas não tiveram nada! Apenas riam bastante, exibindo a conhecida alegria dionisíaca...
Parece que até hoje Celina gosta de álcool!