sexta-feira, 19 de abril de 2013

LÓGICA INFANTIL



Matheus e Juliana, 18.11.2012.
Peguei carona com meu filho Otávio para ir à Brasília. Ele tem pé pesado e percebemos que corria mais do que devia. Lu e eu o alertamos educadamente. E a Juliana interveio com seus três aninhos: 
-Papai, você não sabe que não deve correr? Assim vai dar assadura no asfalto... Ele não respondeu, mas diminuiu a velocidade bem humoradamente!  
Um dia, Otávio lhe perguntava por seu celular e a Juju lhe disse que, se o celular era seu, ele é quem deveria saber onde esse se encontrava, porque cada um deve cuidar do que é seu! 
Otavio, Lu, Mat e Juju.
Um dos meus grandes motivos de orgulho com meus netos é o uso do idioma português de acordo com a norma que eles demonstram. Sou suspeita como professora de língua e literatura, por décadas... Além disso, a mãe deles também é professora na área!
Sei que os tempos mudaram a partir da influência do cinema e da televisão, mas sinto meu ego massageado quando eles empregam a nossa língua com propriedade em algumas situações. Todavia, o que me faz rir muitas vezes é a questão da lógica infantil.
Regina e netos na escola em BSB.
Tenho estado em Brasília com frequência dando apoio à minha nora que trata um CA de mama. Isto tem me proporcionado um convívio maior com as crianças e sou grata. Uma noite,  eu disse à Juju que estava na hora de ela escovar os dentes e ela foi correndo para o banheiro. Quando cheguei lá, ela me disse: 
- Cheguei primeiro! Você chegou por última!
E eu falei de forma correta, mas sem dizer que ela estava errada:
- Ah, Juliana, que pena, eu cheguei por último!
Juju com óculos e chapéu para passeio.
Ela logo replicou:
- Você não é menino. Você é menina, vovó! Você chegou por ÚLTIMA!
Fiquei boquiaberta e na hora não soube como lhe explicar... E é claro que não tive coragem de corrigi-la. Avó não é mãe de açúcar? Pelo contrário, falei que ela era muito esperta e a parabenizei. Ela ficou toda convencida! Aliás, aos dois anos, em visita à  Shamballa, ela nos mostrou um pé de aranha... Olhamos e vimos teias de aranha ligando duas árvores!
Mat e Juju na Shamballa.
Na escovação do banheiro, daí a pouco, ela me chamou novamente a atenção. Deixei a torneira aberta enquanto colocava pasta em sua escova e ela me repreendeu, questionando se eu não queria salvar o planeta! Explicou-me que eu estava desperdiçando água e achei melhor eu me desculpar pelo esquecimento!
Esta semana, Matheus chegou da escola com o braço machucado. Luciana lhe perguntou se ele havia brigado e ele afirmou que não. Depois de alguma relutância, Mat contou que uma coleguinha havia mordido seu braço.
Lu ficou brava e lhe perguntou por que ele não a havia
Juliana e coleguinha  Duah, no parque.
empurrado. Ele foi categórico ao responder:
 -Mamãe, você não sabe da lei Maria da Peia? Rimos demais enquanto a Lu lhe pedia que nos explicasse. Ele retrucou com clareza. 
- Os meninos não podem bater nas meninas, porque existe essa lei que proíbe e peia quer dizer surra...

Um comentário:

  1. Minha nora Luciana fala sobre a Lei Maria da Peia, compreendida por meu neto...
    Sempre eduquei meus filhos para não baterem em ninguém. Matheus sempre seguiu tal ensinamento, já a Juju...bem, a Juju segue quando quer. Mas, voltando ao Matheus, estava relembrando e contando para minha sogra e minha tia quando uma colega de sua idade lhe deu uma enorme mordida no braço e ele não reagiu. Fiquei brava e falei para ele por que ele não a empurrou e evitou a mordida. Ele arregalou os olhos e me disse: " _ Mamãe, e a lei Maria Da Peia, você nunca ouviu falar"? Tivemos um ataque de risos e depois lhe expliquei o nome correto da lei e o motivo pelo qual ela havia sido criada. Ele já sabia que não podia nem devia bater em mulheres e foi isso o que me deixou orgulhosa, mesmo ele tendo ficado com hematoma. Afinal, hematoma se cura, mas falta de caráter não. É nessas horas que vemos o resultado do que plantamos nos corações de nossos filhos.

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