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Regina, colegas estagiários, Besançon, 83. |
No curso francês de Besançon havia professores de vários estados brasileiros e ainda de outros países. Dividimos, inclusive, o alojamento com colegas da Colômbia. Pagamos a passagem aérea, mas o estágio foi pago pela embaixada e recebemos uma pequena quantia em francos para as despesas diárias no país.
Nos finais de semana fomos conhecer a vida rural francesa, visitando vinhas e outras fazendas com criação de gado e fábricas de queijo. Naquela época já pudemos observar o gado confinado em pequenos compartimentos e com tudo mecanizado.
Estivemos também numa estação de esqui na divisa com a Suíça, creio que nos Alpes
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Vista da cidade de Besançon, França. |
franceses. A paisagem apresentava lindas casas de campo, sentia-me personagem de filme romântico!
Quando disse a minha anfitriã Dominique que queria levar meu casaco a uma lavanderia, ela se zangou comigo. Mostrou-me a arara na entrada da casa com casacos e chapéus. Falou-me que o mais novo tinha quatro anos e nunca tinha sido lavado.
Mas ela não me convenceu! No estabelecimento paguei a
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Citadelle, em Besançon. |
lavagem de meu manteau depois de 23 dias de uso! E nunca vou esquecer o cheiro do perfume Azzaro negro impregnado no carpete dos ônibus junto com o cheiro característico de casacos com seus donos pouco afeitos ao banho no inverno!
Muita gente aproveitava para viajar e matava as aulas durante a semana. Posteriormente, se os professores perguntavam a razão da falta, bastava ela dizer: “ j´ était fatiguée”. Eles respeitavam o pretenso cansaço e acreditavam na nossa justificativa!
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CLA de Besançon, na atualidade. |
Um dia eu estava numa fila de orelhão esperando para telefonar. Percebi que uma fila crescia muito e as outras ao lado não. Depois soube que um norte africano havia colocado uma moeda brasileira que fazia o mesmo efeito da ficha tradicional e todo mundo podia ligar sem ônus algum. Logo a polícia desconfiou e acabou com a brincadeira!
Eu economizava para ligar ao Brasil com saudade de meus filhos. No entanto, eles estavam satisfeitos e a cada vez
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França rural que conheci em 1983. |
que eu ligava, eu sentia-me vendida quando eles mal falavam comigo, mais interessados nas brincadeiras com os primos nas casas das tias.
Mas quando retornei Otávio disse: até que enfim posso tomar leite à vontade! Mana Clélia reclamou de sua ingratidão! Eles não costumavam tomar leite em sua casa, mas ela o comprou todos os dias pra ele...
Aquela época era um privilégio ter acesso a esse Centro de Linguística Aplicada que frequentamos em Besançon.
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Regina, 1983. |
Porém , ele continua renomado na atualidade, cada vez mais moderno, mas existe desde 1958. Aliás, o CLA é um centro de recursos em línguas de vocação internacional e atua nos domínios complementares do ensino, da formação e da pesquisa.
Mais de 3.000 estagiários vão a cada ano aperfeiçoar-se em francês como língua estrangeira - uma das dez línguas ensinadas, entre elas, português, italiano, alemão, chinês, russo, árabe, espanhol e inglês. Esse centro de línguas é parceiro dos ministérios e dos grandes organismos franceses e internacionais e , efetua mais de 60 missões anuais de avaliação e de formação.
Foi um dos primeiros centros que conseguiu desenvolver um ensino
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Regina, estudante em Besançon, Fr. |
prático das línguas estrangeiras com base nas investigações em linguística aplicada ao ensino e com instrumentos e métodos modernos: laboratório, métodos comunicativos, autoaprendizagem, dentre outros. Esta metodologia proporciona um ensino sobre objetivos específicos e profissionais.
O CLA compõe a Universidade Franche-Comté e acolhe
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Mulheres que leem são perigosas? |
milhares de estagiários provenientes de diversos continentes. Daqui de Goiânia, vários colegas tiveram a oportunidade de ali estagiar e todos voltaram encantados. Além das horas cumpridas na faculdade, fazíamos visitas planejadas a diversos pontos da cidade, desenvolvendo a competência comunicativa específica.
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