Regina, em Besançon, 1983. |
Viajei para a França deixando meus filhos Otávio e Fábia na casa de minhas irmãs Clélia e Sônia. Imaginem que na véspera do embarque descobri que ambos estavam com caxumba! Não havia mais o que fazer e embarquei muito preocupada em 25 de dezembro porque a passagem era muito mais barata no dia de Natal. Havia tantos lugares vazios que os colegas e eu nos deitamos em várias poltronas do avião da Air France.
Eu levava casacos, luvas e gorros emprestados para suportar o frio do inverno francês. Em Besançon faz muito frio mesmo! Dificilmente pegamos alguma temperatura positiva naquele início de janeiro... Nilza e eu colocávamos iogurte na janela do quarto do foyer e amanhecia congelado!
Logo tive que comprar outro calçado. Meus pés gelavam e achei uma
promoção acessível ao meu bolso de professora goiana. Pareciam botas de esquimó, forradas interiormente com pele de carneiro que me foram úteis demais. No ano seguinte, essas botas voltariam à França, então, emprestadas a uma amiga!
Regina e dois colegas. |
Engordei durante o estágio e acabei tendo que comprar uma calça de lã. A magreza das francesas não dava certo com o meu manequim, só a confecção belga ou alemã serviram nesta baixinha e gordinha!
Lembro-me de que o casal francês nos levou a um local para degustarmos fondue numa noite. Logo nos pediram para dançar carnaval. Eu não conseguia tirar tantas blusas e pulôveres e pulamos assim mesmo! Ao retornar para casa senti necessidade de um banho e errei ao me expressar em francês! Pedi banho e não ducha!
Regina, na França, 1983. |
Eles tiveram que ligar o aquecimento da água e quando percebi me entregaram uma montanha de toalhas de todos os tamanhos. Aí caiu a ficha e percebi meu equívoco na comunicação, mas eles tinha tido tanto trabalho preparando a banheira que resolvi aproveitar. Ao chegar ao banheiro percebi que a porta era de vidro transparente e fiquei pouco à vontade a princípio imaginando se alguém viria me espionar. Mas nada aconteceu e curti o meu banho. Nem sempre eles entram completamente na água como nós e a variedade de toalhas tinha essa finalidade, mas usei todos os cremes e sais disponíveis e saí refeita e perfumada depois que quase uma hora imersa na água!
Havia um local onde costumávamos ouvir música à noite. Era próximo à faculdade. Os banheiros do século XVII me chamaram a atenção. Eram de mármore e no chão à semelhança dos buracos das privadas da roça, mas com acabamento de primeiro
mundo!
Wilna foi uma das colegas de viagem |
Besançon tinha um sistema de trânsito modelo. O rio Doubs fazia um desenho de ferradura na cidade, separando o centro da periferia. Dentro da ferradura só trafegavam coletivos e os carros tinham que estacionar do lado de fora.
A população ali sempre foi politizada e desde a antiguidade lutou bravamente. Primeiro contra Júlio César, depois Napoleão e Hitler. Essa foi a primeira região socialista no país. Eles nunca se curvaram passivamente aos desafios ao logo de sua história e se orgulham disso.
Nilza, Derlinda e colega de Natal |
Minha colega paulistana discriminou os animais na casa francesa. Assim, ficou isolada em quarto do andar térreo. Todo o movimento acontecia no primeiro andar, mas coube-me como dormitório o atelier da escritora, uma espécie de mezanino ao qual eu tinha acesso por meio de uma linda escada de madeira.
Os franceses comem pouco. Havia o desjejum, pequenas refeições no horário do almoço á base de vinho e canapés. No jantar, uma sopa ou carne e salada...Mas achei lindo quando Dominique colheu morangos, bateu no liquidificador e preparou nossa geleia para o café matutino!
Porém, o meu desafio foi na primeira noite. Eu fechava a porta do quarto, mas assim que apagava a luz percebia os cães e gatos se aproximando de minha cama. Daí, eu acendia o abajur e os tirava do recinto.
Hilda de Melo, outra colega |
Embaixo, os meus anfitriões ouviam minha voz e perguntavam se estava tudo bem. Eu confirmava... Isto se repetiu algumas vezes até que o sono me venceu. Ao acordar percebi dois gatos junto ao meu rosto. A sorte é que o cachorrão preferiu dormir no pufe no canto do aposento! Ele era enorme!
Tenho poucas fotos da viagem porque a máquina que levei emprestada de minha irmã Luíza travou devido ao frio excessivo na estação de esqui que conheci...
Tenho poucas fotos da viagem porque a máquina que levei emprestada de minha irmã Luíza travou devido ao frio excessivo na estação de esqui que conheci...
Comentário de minha amiga e ex colega da PUC Goiás - Vilma Sousa
ResponderExcluirEstou aqui nesse momento visitando seu blog, já faz alguns dias que não fazia essa visita, fico apreciando as coisas tão lindas q vc escreve e muitas das vezes me inspiram muito!
Sou uma romântica nata, e dias como de hj que preciso escrever uma mensagem bem sincera por ocasião do aniversário de um amigo acho inspiração exata no que leio da sua produção.