quinta-feira, 30 de agosto de 2012

ADEVALDES PEREIRA


Regina  lembra-se com saudade do Val
Há um pássaro na Shamballa que não vemos durante o dia. Todavia, assim que anoitece ele começa o seu canto noturno diário. Ontem eu consegui vislumbrá-lo no nosso bosque com o auxílio do Aleixo suprindo a minha miopia. Nossas noites passaram a ser orquestradas com a música deste bacurau! Ele é um pássaro rasteiro, desajeitado e de voo baixo. A gente fica na expectativa alegre de seu desempenho à medida que nos acomodamos no sofá à noitinha, percebendo as árvores próximas da sala.
Estou contente com as boas notícias de meu amigo terapeuta Luís Alfredo! Eu simplesmente o adoro! 
Adevaldes, Clélia e seus filhos, 1988.
Ele compartilhou que está reinventando a sua vida em uma cidadezinha do sul, escolhida com cuidado. Luís continuará com o consultório de psicologia, os cursos, o estudo constante, os grupos de sonhadores, em maioria, em meio a muito afeto e chocolate. Voltas românticas que a vida dá!
Minha sobrinha Tarsila postou uma foto no facebook e lembrei-me com carinho de seu pai – Adevaldes Pereira. 
Eu o conheci em 73 quando minha filha Fábia nasceu e fiquei alguns dias na casa de minha mãe porque já era mãe de outro bebê de 13 meses – Otávio. O pai deles havia viajado para visitar uma fazenda no Maranhão que comprara só por meio de informações.
Clélia com Otávio e Fábia, 1975.
Fábia chorava muito e Val costumava visitar a minha irmã Clélia com quem estava namorando. 
Eram colegas de trabalho, companheiros de futebol e de outras formas de lazer. Ele era simpático, responsável, bonito e logo ganhou a simpatia irrestrita de toda a família. Val não falava muito, mas aos poucos fomos conhecendo-o e admirando as suas qualidades!
Difícil encontrar alguém com seu caráter tão íntegro e cristão.  Estava sempre disposto a ajudar o próximo sem alarde. Ele e Clélia costumavam levar meus filhos pequenos para passeio aos domingos. Ele era excelente fotógrafo e até hoje guardo as inúmeras fotos que ele tirou das crianças. 
Logo eu o convidei para batizar a Fábia junto com Clélia e dois anos mais tarde eles se casaram. Esta união foi abençoada com a chegada de três filhos maravilhosos: Gustavo, Priscila e Tarsila.
Adevaldes, Sônia, Didi e Ziquinho, 93.
Nós convivemos muito em família por duas décadas. Estávamos sempre juntos nos finais de semana e fizemos algumas viagens de férias em sua companhia. A gente costumava alugar uma casa na praia e dividíamos as despesas. Ele cuidava da contabilidade de maneira que tudo acontecesse de maneira justa e organizada. 
Lembro-me de eu gostava de cuidar da administração da casa e fazíamos as compras de supermercado, juntos. Val foi esposo, filho, irmão, cunhado, genro, amigo perfeito.  Era o mais velho dos irmãos do sexo masculino e cuidou de sua mãe e irmãos responsabilizando-se pela educação de todos. Quando seu pai adoeceu, ele também o acolheu e costumava cuidar pessoalmente de seu banho diário! Gostava de viajar e era um ótimo companheiro nestas ocasiões. Clélia e ele viajaram bastante. Nunca o vi de mau humor! Ele se destacava por sua bondade onde quer que atuasse!
Renata, Leandro, Regina, Fábia
 e Tarsila, na praia, 1986.
Meu marido estava sempre fora e, algumas vezes, Val me levou ao hospital com suspeita de crise de angina. Muito tempo depois, descobriu-se que era apenas uma grande pedra na vesícula e fui operada, com a intersecção de minha amiga Helga, no Hospital das Clínicas. 
Lembro-me de que ele foi me visitar e me presenteou com uma maravilhosa corbeille de flores silvestres, as minhas favoritas.  No meio da cesta, havia antúrios brancos, famosos na época devido a uma novela global, cuja personagem - Jorge Tadeu -, vivida por Fábio Júnior, pretensamente fazia brotar em uma árvore de fictícia cidadezinha! Isto alegrou a pobreza do hospital público à beira de uma greve e alvoraçou as enfermeiras. Tive que presentear algumas delas com os antúrios e mais uma vez o Val contribuiu para a harmonia do ambiente!
Nosso pássaro Bacurau da Shamballa.
Adevaldes lutou bravamente contra um câncer durante três anos, mas os seres como ele não precisam ficar muito na terra e nosso tenista partiu aos 44 anos.  Eu poderia escrever muito mais sobre o Val... Difícil descrever como me emociona a lembrança de sua convivência querida. Mas acredito que ele deva estar muito bem onde se encontra e, na certa, intervém por seus amigos e por sua descendência. Sinto que ele faz parte de minha família espiritual e sou grata por este privilégio!

2 comentários:

  1. Oi Regi,
    Obrigada pelo texto e pelas palavras carinhosas.
    Gustavo leu e ficou emocionado.
    Desde a semana passada, quando o lemos, lá em Sampa, queria ter registrado meu agradecimento, mas terminei adoecendo lá e tive até que ir ao pronto socorro, na sexta-feira, depois de passar mal todo a quinta e passar a noite acordada. Foi uma simples virose, mas pensei que ia morrer...enfim...no domingo já estava quase boa.
    Val se foi há 18 anos, mas para nós ele está sempre presente. Quando me reuno com as "crianças" o assunto que predomina são as lembranças do nosso tempo de convivência familiar. No meu aniversário, por exemplo, a Tata preparou, com a cumplicidade dos irmãos, algumas fotos de nossas viagens, ampliou e colocou em fundo branco, com uma dedicatória. Fiquei encantada! Uma das fotos é aquela que ela postou e que despertou suas lembranças.
    Agora, no tempo mais antigo, antes das crianças, o passeio preferido do Val era ir a sua casa, jogar baralho comendo bolo de café, lembra?
    Beijos!
    clélia

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  2. Sim, Clélia, lembro-me muito bem do Val em inúmeras ocasiões! Saudade é "o amor que fica" e ele permanece presente no coração de todos que tiveram o privilégio de sua convivência!
    Qq dia farei outro bolo de café para lembrarmos o tempo que passou, mas nos deixou boas lembranças...
    Abreijos / Regina

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