quarta-feira, 19 de setembro de 2012

PERALTICES DE ALEIXO MENINO


Aleixo, no Arpoador, Rio, 66.
Aleixo lembra que todos os familiares o consideravam extremamente levado na infância. Sua avó Benedita algumas vezes queria pegá-lo para aplicar-lhe um corretivo, costume educacional da época! Ele, então, se escondia debaixo das mesas e imitava o latido e o rosnar dos cachorros para escapar do castigo. Meu marido acha que devia ter uns três anos  nessas ocasiões e ouviu esse relato de suas tias! 
Lei reconhece que não era uma criança fácil de ser educada. Sua mãe costumava fazer uns camisolões para que ele vestisse na primeira infância, mas ele queria calças. Então, ele arranjava um jeito de eles rasgarem ao subir nas árvores! Acontece que Dona Joaquina resolvia costurá-los... 
Daí, ele descobriu um jeito de ficar livre daquelas indumentárias... Percebeu que sua mãe colocava as roupas infestadas de carrapatos próximas ao fogão para serem sapecadas. 

Seu avô João Nuss e netos: Márcia e
Francisco José.
Passou a imitá-la, colocando seus camisolões também, mas fazia com que eles fossem queimados mesmo. Dona Joaquina acabou capitulando e passou a costurar-lhe calções que Aleixo julgava mais masculinos!
Ao perguntar à mãe Joaquina como chegavam os bebês, ela lhe respondeu que as cegonhas os traziam. Ele perguntou então sobre os filhotes dos diversos animais. Ela lhe disse que havia cegonhas para todo tipo de bicho e ele a desmentiu na hora, afirmando ter visto como os animais eram encomendados e depois paridos.
Ele lembra que quando começou a frequentar a escola rural já detinha algum conhecimento assimilado em casa. Conhecia o alfabeto, parte da tabuada e o B+A = BA.

Tia Francisca, irmã de sua mãe.
Sua escola  ficava a 3 ou 4 quilômetros de distância de sua moradia. Os meninos iam a pé, descalços em sua maioria e cruzavam riachos,  passando por trilhas, trechos de floresta que eles chamavam de capão. Era verdadeira aventura. 
A sala de aula era constituída de crianças de todas as idades e níveis, quase todos primos!  Sua primeira experiência escolar foi em sala improvisada na casa do Tio Pedro e ele se lembra do primeiro mestre – Benedito Cipó. Esse era um negro alto, magro, calmo e andava se contorcendo devido a algum problema físico. 

Aleixo e Regina. Farol da
Pousada do Brasigóis, RN.
Quando fui a Itaperuna, quis conhecer o local da antiga escola de sua infância, na região da Capivara, onde Aleixo nasceu e viveu até os 13 anos de idade. Ele me contou que essa sede foi construída pelo Tio Alfredo e me mostrou uma árvore plantada por sua irmã Lourdes na década de cinquenta.

Minha imaginação de escritora fluiu pensando na riqueza das histórias vividas pela família Nuss e as outras famílias às quais eles entrelaçaram suas vidas...

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