sexta-feira, 5 de novembro de 2010

RICARDO ABRAHÃO


Há algumas pessoas que apenas reencontramos em nossa atual existência. Nós nem precisamos ter nascido perto delas, tampouco pertencer à mesma família biológica. A gente se encontra e sabe que se encontrou sempre, independente de tempoespaço!

RicardoAbrahao, Regina e Helène Mendonça MottaTipple, 25.11.1996.
Temos um destes amigos preciosos – Ricardo Abrahão     – com quem já compartilhei alguns fatos hilários.

Eu o conheci em Santa Rita do Sapucaí, MG, na casa de nossa amiga Maria de Lourdes, a tia Linda, que hospedou meu filho Otávio, por mais de dois anos, durante a sua graduação no INATEL. A partir de então, a gente sempre esteve em sintonia, mesmo a quilômetros de distância.

Ricardo veio a Goiânia algumas vezes. Uma delas para me homenagear durante o lançamento de meu primeiro livro de poesia – Presente de Meiga. Ninguém esquecerá a sua voz de barítono que não pôde ser gravada, devido a uma falha técnica do departamento cultural da PUC, naquele dia! Foi no Space La Fontaine e quando ele começou a cantar, tudo o mais silenciou... Ao final, muita gente chorava de emoção!

Helga Brockes na igreja, em Pirinópolis, 2002.
Ele veio, ainda, para o primeiro casamento de minha filha Fábia. Ele era padrinho e o coloquei junto com a Helga Brockes. Eles também se reencontraram naquele dia – 17 de julho de 1993! Ainda, nesse dia, quando o noivo apareceu sem o paletó adequado, Ricardo nem hesitou... Tirou o seu e o emprestou sorrindo, sem nenhum alarde!

Quando morei em Sampa, ele e Helga foram me visitar e, posteriormente, eu os visitei numa fazenda em Três Corações. Antes, ele esteve hospedado na casa da Helga por alguns meses, mas eu ainda estava em Sampa.

Todavia, numa das vezes em que visitei o Otávio, em Santa Rita do Sapucaí, nós fomos com o Ricardo e a irmã de Tia Linda a cidades vizinhas. Em São Lourenço, nós resolvemos experimentar de todos os tipos de água e, claro, pelo menos eu tive dor de barriga depois. Em Caxambu, estávamos os quatro famintos, entramos num bar e pedimos pão de queijo. Esse era tão grande e duro que poderia servir para desacordar alguém, se usado como arma!

Ricardo, Helga e Andréia, em Sampa, 2001.
Como ele mesmo diz, alguns casos que compartilhamos são dignos motivos de novelas televisivas! É o caso relatado por nossa amiga Helga. Ela nos contou muito séria, uma vez, que estava gripada e resolveu se curar por meio de vitaminas. Arranjou bastantes frutas e picou tudo em uma bacia, fazendo uma enorme salada. Comeu tudo e a gripe foi embora!
Uma época, Ricardo veio a Goiânia e ficou hospedado conosco. Nós morávamos no centro, perto da Avenida Paranaíba. A faxineira estava lá em casa, percebi que ela estava quase terminando de lavar a cozinha e fui ao banco próximo tirar dinheiro para pagar o seu serviço. Voltei no máximo em meia hora e encontrei o Ricardo morrendo de rir. Imaginem que a senhora faxineira tinha ido embora, deixando as cadeiras para cima, o chão todo encharcado... Deixou até mesmo a muda de roupa que trocaria quando terminasse. Ela nunca mais apareceu...Eu perguntava ao Ricardo o que  havia acontecido e ele ria muito, mais nada!


Regina com chapéu cor de rosa, em julho de 1993.
Outro fato hilário também presenciado pelo Ricardo foi o furto de meu chapéu cor de rosa no dia da festa de casamento da Fábia. Fomos mais cedo para nos aprontarmos no local, acompanhar a preparação do buffet e a decoração da floricultura. Contratei um cabeleireiro conhecido de minha irmã Celina para nos pentear e fazer a maquiagem da noiva,  a minha (mãe da noiva) e da avó da noiva. Não me preocupei muito com o cabelo, porque usaria chapéu de organdi da cor de meu vestido.

O cenário era deslumbrante. Casamento em estilo francês, tudo decorado nas cores branco, champanhe, rosa e vinho, até as fitas do bolo que era do tamanho da mesa redonda e cujas fitas desciam até o chão. O espaço era uma chácara onde havia acontecido outros dois lindos casamentos das filhas dos proprietários, a Filhinha e seu marido Ziquinho, tios de meu cunhado. O corredor era ladeado por palmeiras reais, a passadeira vinho,  com enfeites laterais em branco, champanhe e rosa, conduzia ao altar com meu amigo e padre francês – Père Jean. Tudo maravilhoso naquela linda manhã goianiense!

Pena que na hora  da cerimônia dei falta de meu chapéu que nunca mais foi encontrado e tive que participar do casamento assim mesmo, mantendo o sorriso de cheese! No dia seguinte, claro, mandei fazer outro chapéu igualzinho e fiz questão de ser fotografada, conforme comprovo na foto anexa!
Ricardo Abrahão, em Campos do Jordão, 1.1.2010.
Ricardo Abrahão      é cantor lírico, professor de canto erudito, pianista, compositor, arranjador, musicólogo. Estudou em Berlim, onde participou de recitais e concertos, sendo especialista em música erudita alemã. É reconhecido internacionalmente como um dos maiores gregorianistas da América Latina e formador da Scholae Cantorum. Ministra cursos e faz conferências acadêmicas, sendo professor de canto gregoriano no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, onde cantou para o Papa Bento XVI.

No próximo dia 6 de novembro Ricardo fará um conserto no INATEL que comemora mais de quarenta anos! Infelizmente, não poderemos estar presentes fisicamente desta vez! É aniversário de minha filha e iremos almoçar em Araguari a 300 quilòmetros daqui!

3 comentários:

  1. COMENTÁRIO ENVIADO PELA QUERIDA PROFESSORA MALUBA, DE BH., VIA EMAIL, EM 6.11.2010.

    Minha querida amiga,
    A visão empequenecida que vê a vida num cartão postal nos assusta quando nos damos conta de que estamos a fazer estes gestos de modo recorrentes. Nestes momentos temos que olhar para a outra face, a face interna de nós.A outra face sempre escondida com a qual nos aprendemos e na qual nossa mônoda quântica se esparrama, se encanta e referencia a vida. Temos que aprender a ler seus acordes no ritmo das florinhas bailando no vento depois da chuva farta, nas suas texturas as vantagens e também as dificuldades.
    As florinhas dos platôs da montanha suportam e sobrevivem no vento forte que chamuscam as curvas das suas pétalas, porém elas não se quebram,porque se curvam na aceitação das adversidades.
    Elas se curvam à merçê dos ventos para não romper. Nos momentos de ventos bravios aproximar-se da face amada,ou do amado muito perto para mirar com referência e ver a amplidão da paisagem que nela habita,nos dá força para alargar e limpar o corpo vital(não local) enegrecido por picumãs e fuligens dos fatos idos , uma atitude que integra a sombra.
    A sombra precisa sempre ser integrada.Aos sessenta anos desenvolve-se a coragem de cortar na tesoura os momentos de diversidade das lembranças da vida, produzindo uma satisfação no gesto do desapego que se resguarda no relicário das atitudes saudáveis.
    A inclemência dos ventos e da marezia, corta e marca nossos corpos, a presença de seres,fatos e sombras invisíveis só conhecidas na subjetividade de cada pessoa, nas texturas, repassos e tessituras das falésias criadas pelo vento no castelo que contruímos na nossa trajetória ,pedra sobre pedra constroem o relicário das máscaras que usamos no dia a dia.
    Seguimos em frente e aceitamos,não há como mostrar resistência em mar aberto.
    A flutuação continua entre o sonho e a realidade.A paisagem interna dos jardins do castelo vai se adensando pela soma de pequenos fatos ,pequenas atitudes e experiências recorrentes. Se a experiência repetida amplia a qualidade da perícia do gesto também deixa vago,no entanto, a possibilidade do enfretamento,competitivo,comparativo, discernido como experiência exemplar ou não.
    Aos setenta anos me esforço para estar na escuta,porém com a mesma sensação de então guardar ainda dentro de um antigo livro escolar o papel do primeiro bombom,recebido com mãos trêmulas de um jovem admirador.A mão que toca e e a mão que recebe o primeiro gesto adolescente do encontro com a vivência de um romantismo idealizado o memo dos trovadores medievais do século 12,com suas cítaras cantando e louvando Rapunzel que ainda não tinha tranças tão longas. Com meu abraço quântico, Maluba.

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  3. Comentário do Ricardo Abrahao

    Regina, eu gosto tanto de você que não sei o que dizer.
    Fiquei tão emocionado com os fatos hilários com ricardo abrahão que não consigo escrever para você. Acho que tenho problema mental...(voce não acha, tem certeza kkk). Um detalhe o nome da Helene é Pitle e não Temple KKKKKKKKKKKKKKK
    BEIJÃO!
    Ricardo Abrahao

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