sábado, 13 de novembro de 2010

MENINICE E PRÉ-ADOLESCÊNCIA

Regina, no Rio, 2004-2005.
Naquela época a gente vivia mais a infância, em relação aos dias de hoje. Ainda não havia televisão nas casas, tampouco videogames. Estudávamos e brincávamos durante o dia, mas a gente era mandada para a cama, bem cedo, para evitar que a gente fizesse mais artes, como repetiam os nossos pais. No rádio da grande sala de estar, lembro-me de papai ouvindo o Repórter Esso e mamãe ouvindo a sua novela, enquanto éramos exortados a ir para a cama, sem direito de questionar a nossa preferência!

Nossa casa da Rua Seis, centro de Goiânia.
Houve uma ocasião que Clélia e eu tivemos o nosso quarto próprio. Na realidade, a pequena sala de visitas que tinha saída para o alpendre se transformou em nosso quarto durante algum tempo. E tenho boas lembranças desse período.

Uma noite, nós fomos visitados por um ladrão. Ele entrou pela porta da cozinha que foi arrombada silenciosamente, atravessou a longa copa e veio até o nosso quarto. Eu estava acordada e morrendo de medo. Não me mexi, mas pela luz do pequeno vitraux que dava para o alpendre, vi quando ele pegou o nosso uniforme dependurado ali para irmos ao colégio pela manhã. Ele visitou também os outros dois quartos, pegando alguns objetos que selecionou lá fora. Acabei dormindo depois e só deram por falta de algumas coisas na manhã seguinte. Minha mãe ficou contente que eu não houvesse gritado, porque temia que o assaltante pudesse nos machucar.
Regina em 1959.
Regina, em 1962.














O pessoal ainda não dedetizava as casas e as baratas costumavam vir voando lá de fora. Clélia tinha verdadeiro pavor delas e várias vezes ela gritava quando as percebia próximas.
Divina, amiga de infâcia e irmã espiritual.
1962.
Clélia, em 1958













Nesse quarto descobrimos a inexistência de Papai Noel. Papai e mamãe pensavam que estávamos dormindo e saíram para fazer as compras do natal. Vimos quando retornaram cheios de embrulhos natalinos. A gente costumava fazer um presépio e enfeitar uma árvore, onde eram colocados os presentes de todos! A partir de então, Clélia e eu descobrimos quem era papai Noel, mas nos mantivemos caladas, cúmplices, não relatando a verdade aos irmãos menores!

Imagem da Rainha da Luz, mestre ascensionada.
Mas a imagem mais cara dessa época foi uma visão que tive. Eu estava doente, creio que com dor de garganta e permanecia na cama, depois de ser medicada com remédios caseiros. Até hoje me lembro da imagem de uma moça linda, loura, toda de azul e luz. Não tive medo, eu apenas a observei, extasiada, aproximar-se de meu leito com um sorriso tranqüilo. A figura flutuava a certa altura de minha cama e ali permaneceu por instantes de um tempo psicológico imensurável. Quando minha mãe veio ver como eu estava, eu lhe relatei e ela acreditou em mim. Isto foi muito importante, porque nunca esquecerei a realidade daquela imagem que me trouxe sentimentos inefáveis de paz e amor!



3 comentários:

  1. Novo comentário da Mirtes...

    Oi, Regina,



    Certa vez, quando eu estava passando por um momento de muitas decepções, eu tive um sonho.

    Sonhei com um mulher que usava um vestido longo e azul. Que a imagem e a visão dessa mulher me causava grande emoção e maravilhamento.

    Ela me disse para não reclamar dos meus problemas e ser forte.

    Lembro que contei a ela os meus problemas e chorei muito, aos pés dessa mulher.

    No outro dia eu levantei me sentindo super serena, calma e relaxada. E por onde eu passava as pessoas me diziam: “Hoje há alguma coisa diferente em você”.

    A sua história da mulher de azul fez com que eu recordasse desse sonho. E além de nós duas, já escutei outras histórias semelhantes sobre uma mulher de azul.



    Saudades e beijo



    Mirtes

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  2. Embora não tenha muitas saudades da minha infância, a imagem que vc postou de nossa casa me fez lembrar do orgulho que eu sentia quando as pessoas comentavam que ela era a mais bonita da rua. E, de fato, ficava muito linda mesmo quando as acácias (chuva de ouro) floriam e embelezavam o jardim fantástico que era o orgulho do nosso pai.Sinto tristeza quando passo na rua 6 e contemplo o que restou daquela beleza toda.

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  3. Sim, Clélia, vc tem razão, acabaram com a casa de nossa infância! Mas nossa meninice teve muitas coisas boas, apesar das provações e condições cármicas, sobretudo relacionada aos reencontros necessários e à doença do papai...
    Desde a adolescência optei pela filosofia de fazer do limão uma limonada e priorizo o que foi bom e conservo o restante como lições de vida para o nosso crescimento integral! Obrigada por participar sempre de minha existência real e virtual, agora no blog!

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