sexta-feira, 4 de março de 2011

ANOS DOURADOS

Regina lembrando os anos dourados,
meado da década de sessenta, em GYN.
Crescemos em meio a bastante movimento. Éramos sete irmãos e sempre havia mais duas moças em casa para ajudar nos trabalhos domésticos e olhar as gêmeas, a partir da década de sessenta, quando elas nasceram e meu irmão Marco retornou do internato de Belo Horizonte. Então, Clélia e eu perdemos a exclusividade do quarto, antiga salinha de visita que foi nosso dormitório por um bom período. Nessa época, nossos pais passaram a ocupar esse quarto e ficamos todos juntos no quarto maior. O único que tinha quarto próprio era o primogênito Marco Antônio! Ele sempre fez questão de nos lembrar esta precedência!

Logo, o Marco foi trabalhar, na SEVOP, como desenhista e costumava reunir amigos para festinhas familiares lá em casa. Essas se tornaram conhecidas e minhas colegas de colégio passaram a tratar-me melhor visando serem agraciadas com convites.

Meus irmãos: Clelia e Marco, 1963.
Havia românticas serenatas naquele tempo. Era muito bom acordar e ficar olhando os amigos seresteiros pelas frestas das janelas! Dona Julieta Jardim, mãe da Meméia, nos levava a outras festinhas. Era uma farra voltarmos caminhando pelas ruas do centro goianiense. Lembro-me de nossa preocupação com os cabelos que muitas vezes tomavam chuvisco e ficavam eriçados! Na época de Carnaval, adulávamos o Marco, porque meus pais não permitiam que a gente saísse desacompanhada. Papai estava sempre de cama e mamãe envolvida com o centro. Clélia e as meninas da Rua seis formavam blocos animados nestas ocasiões.

Eu adorava pular carnaval. Não me cansava e houve alguns anos que brincávamos as quatro noites e as duas matinês, no Jockey. Era tudo tão simples e inocente. Íamos para dançar, a gente não ingeria álcool, tampouco fumava. Nem namorava! No máximo, alguns flertes platônicos! Mamãe, visando à nossa boa educação, não permitia que acordássemos tarde quando a gente voltava de festas tarde da noite. Então, a gente sempre tinha assunto e demorava a dormir contando as novidades uma pra a outra. Mas nós agüentávamos firmes e só descansávamos na quarta feira.
Clélia, Nilton Ferreira, Gracinha, 1967.
O Nilton Ferreira era da turma da Clélia e da Meméia naquele tempo. Parece que a Marisa Orsi era meio apaixonada por ele que quis namorar a Maria Amélia. Esta recusou por solidariedade à amiga! E como na quadrinha de Drummond, mais tarde, ele acabou casando com outra menina que não tinha entrado na história!

Tínhamos uma vizinha do lado da Rua cinco que sempre fazia uma cruz de cinzas na testa naquele dia e isso intrigava. Mamãe explicava por que a carolice, mas papai ironizava! A filha dessa senhora filó foi quem achou o menino que puseram em nossa garagem!

Uma amiga de mamãe  - a Dona Edith Kolling - ficou viúva e precisou vender alguns quadros pintados por sua sogra, grande pintora européia. Mamãe comprou dois e disse que o maior – retrato de uma preta velha - era de minha irmã Clélia. O menor, uma paisagem com casas no morro de uma cidadezinha da Europa, ela me deu. Eu gostava muito dos quadros.

Quadro da Mãe Francisca, pintado por
Else Wedge Arede, em 1950.
Alguns anos mais tarde, a neta da pintora – Naia Kolling - apareceu lá em casa dizendo que estava resgatando a história de sua avó e querendo comprar os quadros de volta. Mamãe disse que em hipótese alguma cederia o quadro da preta que chamávamos de Mãe Francisca em homenagem a uma entidade com quem minha mãe incorporava e a quem dedicávamos verdadeira idolatria. Mas doou o meu quadro! Soube depois que a moça era a primeira dama de Jaraguá, cidade no interior daqui de Goiás. Clélia conserva o primeiro quadro e permitiu que Aleixo o fotografasse para este blog.

6 comentários:

  1. oi regi,
    Recebi seu recado, mas envolvida com o movimento extraordinário na minha casa, com a vinda da Tata para o Carnaval, terminei esquecendo de ligar pra vc.
    O nome da pintora era Else Wedege Arede e o quadro foi pintado no ano do meu nascimento.
    Vc acredita que consultando as minhas filhas sobre qual delas teria interesse em herdá-lo, fui surpreendida com a informação que elas não o querem de maneira alguma. Razão: tinham medo dele na infância. Pode?
    Pois é, vou consultar o Gu pra saber se ele o quer; caso a história se repita, vou destiná-lo a uma das minhas afilhadas ou sobrinhas. Pretendo que ele continue na família.
    Beijos!
    clélia

    ResponderExcluir
  2. caso ele não queira, sei de alguém que adoraria herdá-lo e é uma de suas afilhadas! Vou acrescentar os dados. bjs

    ResponderExcluir
  3. Olá Lucia, tudo bem?
    Eu estou interessado em escrever um artigo sobre Else Wedege. Você tem mais informação da pintira? Ou fotografias de mais obras?
    Eu estou interessado en contactar com a neta da pintora. Você sabe algo dela.
    Muito obrigado.
    Alberto

    ResponderExcluir
  4. Apenas sei que lhe enviei por E-mail, Alberto. Possivelmente você poderá fazer contato com a neta da pintora por meio de sua cunhada Grace M M Freitas que trabalha na UNB, na área de artes, inclusive. Boa sorte!

    ResponderExcluir
  5. Herdei um quadro da pintora Else Wedege Arede e gostaria se possível mais informações sobre essa artista.

    Grato

    Ricardo H Simões

    ResponderExcluir
  6. Olá GiAraujo e a quem interessar possa,eu me chamo Illana Kolling e sou bisneta da pintora Else Wedege Arede,tenho aqui em minha casa em Jaraguá-GO uma grande parte do trabalho da minha bisavó e conheço parte da historia dessa Dinamarquesa interessantíssima e gostaria de saber mais...também gostaria muito de poder conhecer os trabalhos que outras pessoas possuem ,sou artista plástica e se pudesse contactar com antigos alunos da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro a qual ela foi professora e expoentes dos salões nacionais em que ela participou seria de extrema ajuda. Obrigada.

    ResponderExcluir