By Aleixo Nuss de Oliveira
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Aleixo, no Caimi, Goiânia, 2003. |
Vendo que o tempo passava, de certa forma já saturado de procurar o amor idealizado para um futuro que seria perfeito, parti para uma decisão do tudo ou nada, pois não mais acreditava naquela paixão pela companheira perfeita. Sendo eu pessoa muito introvertida e acreditando sempre que jamais deveria ferir os sentimentos de alguém, não me dava conta de que eu era peça rara, pois deixava meus próprios sentimentos de lado para não correr riscos de causar sofrimentos. Antes de minha partida para a Austrália, havia me relacionado, sem compromissos mais sérios, com uma jovem. Esse relacionamento foi muito marcante para mim, pois sentia algo muito forte, contudo, era apenas ilusão. Para ela eu seria apenas um extra, fui descobrindo aos poucos, já que ela era noiva de outro e planejava seu casamento. Não aceitei continuar com o jogo e pretendia sair do Brasil.
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Aleixo em Ibadan, cidade próxima de lagos,
na Nigéria, 1976. |
Andei pelo mundo por vários anos, tive uns poucos relacionamentos sem importância, sendo que apenas um, em Londres, teve certo significado, sem deixar marcas ou ressentimentos, pois teve um princípio, um meio e um fim, foi bem resolvido para mim. Quando voltei ao Rio de Janeiro, tentei realizar um sonho que me acompanhava desde antes de minha viagem para a Austrália, mas acordei, ou fui acordado, vi que era apenas sonho, a realidade estava falando muito mais alto. As estradas não trilhadas neste intermédio apenas serviram-me de frustração e aprendizado.
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Aleixo, partindo do Rio, em 1969. |
Pode parecer, e parece, coisa de louco, mas jamais andei em linhas retas, apesar de ser julgado, psicologicamente, de “rígido”. Era do tipo capaz de comprar um jornal ou livro, como fiz uma vez, em hebraico, e fingir que estava lendo, enquanto viajava de ônibus. Meu sonho era viajar pelo mundo, aprender Inglês, encontrar meu grande amor, chegar não se sabe lá onde, o que, de certa forma concretizei. O Inglês eu aprendi, parte do mundo bem que conheci. Tanto que uma boa parte daquilo que eu inicialmente escrevi durante minha estadia em outros países foi em Inglês, pois recusava comunicar-me em português ou ter relacionamentos com brasileiros ou portugueses.
Vejam, por exemplo, o texto abaixo e perdoem-me os que não sabem Inglês, mas preferi deixar no original:
It’s July, 1971. After a few months in Lisbon, where I lived and worked for the “Folha Noticiosa de Lisboa” as an assessor and translator to the owner, Gal. Antonio Caldeira Lupi, who’d been the Portuguese Army commander in Angola and Pres. Marcelo Caetano’s journalist. Despite all opportunities offered to me in Portugal, I decided to continue my wanderings started in Sydney, Australia. It’s funny, but since I left Brazil in 1969 I have this feeling that I should write in English and/or Portuguese whenever my mind says so.
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João Nuss e Benedita Gimenez Nuss, avós maternos do Aleixo,
em 1968, na sede da fazenda da família. |
On my way to London my ship had a stopover at the Rotterdam Port. It moored and departed in the same day, but I had the chance to visit the city for a while. Arriving in London, I had to help a Spanish guy whom I met in Southampton, before leaving to London by train. Found him a taxi and tried to help him the best I could. After this I had to call Nick, a trip pal I’d met on the ship from Cape Town to Lisbon. First I phoned his job then his residence where I found him. After a little chat he told me to get on the train to Kings Langley Station where he’d meet me, for I’d asked him to find me a place to stay when I arrived in London.
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Aleixo, Regina e Dona Therezinha Santos, Casa Pueblo,
Punta del Leste, 01.01.2011. |
When I arrived at Kings Langley Station there he was, I got out of the station we went to a parking lane where he had his car parked. I put my luggage on the back seat and shook his hand. He drove out to somewhere I thought was a hotel but it was his parents’ home, a cottage with a nice garden in Hertfordshire. I could hardly believe he was being so kind to me, just a sea traveller colleague. All I expected was him to find me a boarding house. So, we went into his family home, he introduced me to his father and mother, a very educated and friendly couple. Nick took me upstairs and showed me the place I would sleep in, a big, clean room with two single beds and two wide windows. There were nice furniture and fixtures with lots of books. Then I was shown the rest of the house. Nick’s father one of those very English personalities and was a lawyer at Her Majesty's Court (Gray’s Inn) in London. Every time we sat for meals we should talk about a specific subject decided on at the table. Even though my spoken English was good, this was new to me, a simple mortal.
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