Otávio, 2005. |
Otávio, aos 13 anos, para primeira carteira profissional. |
Embalá-lo no colo foi algo indescritível que só as mães podem compreender. Ele desenvolveu-se rapidamente. Alegre, inteligente, esperto, espírito muito evoluído. Aos quatro meses já se sentava e tinha os dois primeiros dentinhos. Aos sete, amanheceu em pé do berço. A partir daí andava por toda a casa arrastando banquinhos de fórmica e, um dia, aos nove meses, saiu correndo sozinho, enquanto almoçávamos! Levei um susto e corri atrás, mas ele não caiu e nunca mais deixou de andar. Logo aprendeu a molhar as plantinhas do jardim e comprei-lhe um piniquinho para que ele aprendesse a não precisar de fraldas.
Otávio e Fábia, 1976, fotografados pela Tia Clélia e Tio Val. |
Bem, ele aprendeu a engatinhar quando Fábia tentava fazê-lo e, por um tempo, regrediu em tudo que havia aprendido precocemente. Mas foram crescendo e se tornaram inseparáveis. Como era bonito vê-los brincando juntos. Pareciam gêmeos! Lindos, perfeitos, inteligentes, saudáveis.
Aos quatro anos matriculamos o Otávio no Jardim. Haviam aberto uma escolinha mais ou menos próxima – Pinguinho de Gente – com poucos alunos e julguei ideal. Sua primeira professora foi a Gláucia Machado e eles se adoravam. Meu filho sempre foi o melhor aluno em todos os níveis, ao longo de sua vida, sempre bem humorado, conquistava colegas e professores. Quando eu acordava às 6h ele já estava pronto com seu uniforme e os objetos no braço.
Otávio, 1977, no Flamboyant. Claro que o papai Noel era seu Tio Júnior! |
Passamos por várias mudanças, de casa, de cidade, de estado. Otávio sempre se adaptou bem a todas as situações. Eu os eduquei praticamente sozinha. Além de sua irmã Fábia, tive o termo de guarda e responsabilidade de minha sobrinha Renata, dos nove meses aos 11 anos. Exceto por um semestre, em 1982, em que adoeci e não conseguiram diagnosticar a doença, acabando por ter sido tratada de TB não localizada. Então, minha mãe levou a Renata consigo por alguns meses.
Eu me acostumei a compartilhar tudo com o Otávio. Por uma razão ou outra, seu pai estava sempre distante. Assim, senti muito a sua falta quando foi fazer a graduação longe de casa. Mas foi a sua escolha e respeitei. Ele foi aluno exemplar e terminou o curso já trabalhando. Nunca gastei com livros. Ele estudava na biblioteca do INATEL.
Otávio e nosso gatinho maranhense, na casa em Porto Franco, MA, 1979. |
Ao terminar a graduação e voltar para casa, lembro-me de que me abraçou junto com seu pai e disse que, até que enfim, estávamos juntos. Eu tinha resolvido me divorciar, mas não tive coragem de fazê-lo, então! Adiei a decisão por mais um ano. Na época, ele passou em um concurso em Brasília e mudou-se para lá. Eu comprei um apartamento novo, porque havia deixado a casa para meu ex-marido, uma vez que nossa filha Fábia estava casada, tinha um filho e todos moravam no mesmo lote.
Ele foi trabalhar em Brasília. No primeiro fim de semana me perguntou se poderia continuar comigo nos finais de semana. Ele tinha uma namorada e vinha visitá-la com freqüência. Claro que lhe disse que tudo que era meu, também era dele e a cada weekend nos reencontrávamos. Seu relacionamento com a namorada vivia em crise e a gente imaginava que se eles casassem não duraria muito. Isso aconteceu algum tempo depois, mas continuam juntos em meio a muitas crises, agora pais de dois filhos. Todo relacionamento é um grande aprendizado e torço para que todos nós assimilemos as lições que a escola da vida nos traz.
Otávio, Luciana, Regina e Arthur, 2003. |
Lembrar ou reencontrar o Otávio me traz o sentimento da genuína dimensão amorosa. Não importa o tempo /espaço, sempre percebo o mesmo amor que senti ao abraçá-lo pela primeira vez na presente encarnação. E nossos encontros e desencontros apenas comprovam que o verdadeiro amor supera quaisquer imperfeições de seres em evolução! Oro ao cósmico, envio Reiki, a cada vez que lembro e sempre agradecerei a Deus a bênção dessa convivência, depois de momentos ou de vidas! A principal leitura desta lição de vida é a questão do desapego que estou treinando desde as mais remotas lembranças...
Otávio e Regina, na Shamballa, em 8.3.2011. |
Oi, Regina, lindo seu texto sobre o Otávio e esse amor tão sublime que só as mães podem compreender (talvez, infelizmente, nem todas). Gostei de ler seu texto, apesar de já conhecer toda a história, e me senti próxima por compartilhar esse sentimento de plenitude no relacionamento com meu filho. Gostei, também, de rever o Otávio e saber que está bem.
ResponderExcluirBeijos
Helen Amorim
Sim, Helen, mas a melhor notícia é a cura do Frederico. Voltou às aulas neste semestre. Está pintando quadros maravilhosos e preocupado com o vestibular daqui a dois anos. Quer ser psicólogo ou psiquiatra, sabia?
ResponderExcluirEstamos todos muito felizes e continuamos orando e enviando Reiki, gratos ao cósmico!
Regina