Aleixo Nuss, no lago das Cabanas dos Pirineus, em 2003. |
Conheci meu marido Aleixo bem no início de 2002. Eu havia morado em São Paulo por quatro anos para fazer o meu doutorado em literatura e estava de volta a Goiânia, sem conseguir terminar a minha tese.
Como estávamos distantes, trocamos muitas mensagens virtuais e a sua maturidade emocional me conquistou. Usamos o MSN e o Skype algumas vezes, mas ele não gostava muito e preferia visitar-me pessoalmente. Também fui vê-lo no Rio antes de nos casarmos. Em breve resolvemos nos unir e isto aconteceu há cerca de nove anos atrás, primeiramente numa igrejinha junto ao mar, em Saquarema, RJ, depois, aqui. Lembro-me de que quando voltávamos do cartório goiano, nosso carro estragou, chamamos o seguro e voltamos para casa dentro do corsa, em cima do reboque.
Como estávamos distantes, trocamos muitas mensagens virtuais e a sua maturidade emocional me conquistou. Usamos o MSN e o Skype algumas vezes, mas ele não gostava muito e preferia visitar-me pessoalmente. Também fui vê-lo no Rio antes de nos casarmos. Em breve resolvemos nos unir e isto aconteceu há cerca de nove anos atrás, primeiramente numa igrejinha junto ao mar, em Saquarema, RJ, depois, aqui. Lembro-me de que quando voltávamos do cartório goiano, nosso carro estragou, chamamos o seguro e voltamos para casa dentro do corsa, em cima do reboque.
Arthur voando com papai Aleixo, 1981. |
Arthur com sua filha Ana Helena, a netinha do Aleixo, 2010. |
No início estranhei a convivência. Eu tinha estado divorciada por mais de cinco anos e habituada a viver sozinha no meu apartamento. Mesmo na época de casada, meu ex ficava sempre fora e eu era bastante independente. Todavia, nosso relacionamento foi sendo construído aos poucos. Companheirismo, apoio mútuo, sinceridade, amor genuino, abençoado pelo cósmico, como eu sonhara.
Aleixo e Regina, 2004. |
Com o tempo passamos a fazer a maioria das coisas em conjunto e nossa cumplicidade cresceu. Hoje, não consigo imaginar a minha vida longe de meu companheiro querido.
Falar do Aleixo daria um livro. Então, pedi que ele me repassasse pequena parte de sua autobiografia inédita que ele começou a escrever em 1972 e ainda não terminou. Então, vejamos, – Aleixo - por ele mesmo!
TÃO PERDIDO E, AO MESMO TEMPO, REALIZADO...
Aleixo, ainda no Rio, em 1969. |
A leitura dessa história, para muitos, nada vai significar, não passa de palavras, frases, que alguém escreveu sem um princípio, sem um meio, sem um fim. Não é um romance, um drama, uma ficção, uma autobiografia, é, talvez, tudo isso numa miscelânea. Porém, pode ser um pouco de cada, uma salada tal qual é a vida de todos nós, nessa imensa “floresta”, em sentido amplo, nesse nosso planeta Terra.
UMA HISTÓRIA QUE PODERIA SER LONGA
Aleixo e sua filha caçula - Bel - a fisioterapeuta da família, em Natal, RN. junho de 2010. |
Quando Lexin era criança a região da Capivara era bem movimentada pela produção de café, milho, feijão, arroz, entre outros. Como de costume na época, quando muito pouca coisa era industrializada, o berço de Lexin era rústico, feito de lascas de bambu trançado, pendurado por quatro cordas amarradas na travessa da casa, também construída dentro dos parâmetros ecológicos, como se classificaria hoje em dia, só que por falta de opções.
Ele ficou pouco tempo no berço, logo que aprendeu a engatinhar já fugia pelo campo afora, não importavam as surras que levava das formigas, de marimbondos, abelhas e outros insetos... Sua gana pela liberdade era surpreendente, ele precisava ir, não importava para onde, segundo contam seus tios, tias e velhos conhecidos. Quando ele tinha uns dois ou três anos de idade era difícil achá-lo dentro de casa, sumia pelas matas virgens e campos. Suas experiências junto à natureza eram das mais variadas, melhor não entrar em detalhes. Sua mãe já nem se preocupava muito, tal era sua determinação em tomar suas próprias decisões. Por sorte, sobreviveu!
Aleixo, Regina e seu filho engenheiro - Otávio, em 2003. |
Aleixo em Ibadan, na Nigéria, em 1975. |
Seus limites, nos primeiros anos de vida, era a floresta, em forma de ferradura, ao redor do sítio onde seus pais plantavam café, milho, feijão, entre muitas outras culturas de subsistência. Sua vida diária era movimentada, apesar de ser a única criança no sítio, seu pai trabalhava com muitos camaradas (trabalhadores) na lavoura e ele aproveitava para aprender coisas de adulto, sem descuidar de suas peraltices infantis. Cada pássaro, formiguinha, animalzinho silvestre e doméstico não escapavam da sua atenção, pois ele não tinha cerimônias, cada um tinha sua serventia: fosse como brinquedo, para suas experiências “científicas”, ou lá o que fosse....
CIDADÃO DO MUNDO
Aleixo e seu filho - engenheiro Arthur, no Rio, 2011. |
Minha origem familiar é complexa, apesar de uma simplicidade muito grande. Compreendo, agora, que desde muito cedo na vida me interessei pelas diversidades, sem ter jamais deixado de enfrentar as adversidades resultantes dessa minha maneira de ver o mundo. Cada um de meus avós tinha uma descendência diferente, um era judeu-germânico, outro afro-lusitano, outra espanhola e a outra só Deus sabe. Meu avô materno foi sempre nossa referência, ele era casado com a espanhola e toda a ninhada de filhos e netos sempre estiveram a distância de uma caminhada não muito longa ou um trote de cavalo da sede da fazenda, num local próximo de São João do Paraíso, no Norte Fluminense.
Aleixo, Regina, sua filha médica Fábia, genro Vaíte, cunhada Celina, cunhados Tavinho e Clélia, em Araguari, dia 7 de novembro, 2010. |
Aprendi a enfrentar as situações desde muito cedo na vida, logo que comecei a andar também comecei a dar trabalho a todos que me rodeavam ou eram rodeados por mim. Dizem que eu tinha o dom de sumir como se fosse por mágica. As coisas que eu fazia (sem comentários aqui) me deram o apelido de “Lexin Maluquin”, maneira “capialesca” de falar do norte fluminense, quase divisa de Minas Gerais, que omite muitos sons na fala, Ex.: os nh, lh, inversão de r/l/r, plurais somente nos artigos, etc. Ex.: momentin, filin, os home, as muié, carça, e assim vai. Contudo, o que era motivo de inibição no passado, motivo de exclusão em várias situações, com as novas concepções lingüísticas, esta identidade regionalizada passou a ser aceita e até incentivada, de certo modo, por profissionais liberais de muitas áreas, pois indica originalidade, o que é louvável, já que o que interessa é a comunicação efetiva de um grupo, que se danem os puristas. Abaixo as “aboborinhas”, viva as “abobrinhas”, verdinhas e sem agrotóxicos...
Aleixo e Regina, em Oxford, UK, setembro de 2010. |
Aleixo, para primeira carteira de identidade, no Rio, Brasil, 1964.. |
Aleixo, foto para carteira funcional, do MS&D, na Austrália, em 1969. |
Aleixo, na noite de gala, em sua primeira viagem de navio, a bordo do P& O, de Sydney a London, 1970. |
Aleixo e Regina, em Londres, 4.9.2010, |
Filhão Arthur e neta Leninha, em Natal, 2011. |
Lá fui eu para Sydney, no meu primeiro vôo em um aparelho 707, da Lufthansa. Posso dizer, hoje, que foi uma verdadeira viagem indianajonesca, pois paramos no Senegal, na Suíça, na Alemanha, na Grécia, no Iraque, na Índia, em Cingapura etc, etc, até chegar a Sydney, na Austrália uns três dias depois.
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oi regi,
ResponderExcluirpede o aleixo pra liberar o segundo capítulo. achei muito interessante o início. Se eu fosse ele, continuaria com o apelido, tirando o maluquinho, naturalmente.
Beijo
clélia
vou pedir a ele! Obrigada por acompanhar o blog! Bjs
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