sexta-feira, 17 de junho de 2011

MIOPIA DA REGINA

Regina, 2011.
O oftalmologista diz que miopia é a condição em que os olhos podem ver objetos que estão perto, mas são incapazes de enxergar claramente os objetos que estão longe. Já a etimologia esclarece que a palavra vem do grego e significa "olho fechado", porque há a necessidade de se “apertar” os olhos para ver melhor à distância.


Regina na Shamballa, dia 12 de junho de 2011.
Eu só descobri que era míope aos 18 anos quando fui reprovada no exame de vista do DETRAN. Então, meu pai me levou até o seu amigo oftalmologista – Dr. Wilson Coutinho – que tinha um consultório em prédio antigo da Avenida Anhanguera.

Lembro-me de que eu o olhava com curiosidade, porque ele havia estado em Monte Cassino, durante a segunda guerra, que nós só acompanhamos posteriormente por meio da leitura das revistas do Reader’s Digest, encadernadas em couro por nosso pai.


Irmã Sonia, mãe Didi, Mana Clélia e esta blogueira,
em 1998.
Após me examinar, ele me emprestou um par de óculos e me pediu que olhasse pela janela do prédio. Fiquei extasiada! Nunca tinha visto tantas cores e precisão de detalhes! Quanto de beleza perdi durante a infância e a adolescência! Quantas quedas poderiam ter sido evitadas... Até hoje não consigo distinguir os pássaros, porque não os via com nitidez.


Mãe Didi e irmão Júnior, em 1998.
É que a vaidade não me permitiu que os usasse, a não ser para dirigir ou ir ao cinema! Bem mais tarde, usei lentes, por alguns anos, mas acabei desistindo e optei por óculos escuros com grau quando saio durante o dia.
Então, encontrei a explicação para algo que não entendia até então. Aos onze anos, fiz uma redação no Colégio para saber se podia pular o exame de admissão, necessário àquela época para ingressar no ginásio que hoje seria a sexta série. Era uma descrição. Eu escrevia bem e sempre conseguia notas boas nas redações, mas fui reprovada. Claro, certamente não enxerguei os detalhes do quadro exposto...


Abadia de Monte Cassino,  em morro do
mesmo nome, na Itália.
Minha colega de ginásio, no Lyceu, a Ledice, também quase perdeu a visão completa de um dos olhos. Ela usava óculos, mas apenas uma das lentes tinha grau. Quando estava cursando Medicina resolveu fazer nova consulta e descobriu que seu olho tinha se atrofiado por não ter colocado lente como deveria desde a infância e precisou correr atrás do prejuízo.
Ledice e eu adorávamos ir ao cinema e costumávamos combinar de matar as aulas vespertinas para ir à matinê. Éramos boas alunas e parece que boas artistas também. Eu procurava o Professor França, responsável pelo turno, e lhe dizia que estava com cólica menstrual.

Daí a cinco minutos, Ledice fazia o mesmo e nos encontrávamos lá fora, na esquina da Rua 18 com a 21, ao lado da casa da Dona Rosinha do Senhor Alberto Costa.
Saíamos bem sérias, com cara de cólica mesmo... Mas, ao virar a esquina, lembrávamos-nos de nosso objetivo e ríamos enquanto nos encaminhávamos para o Cinema escolhido.

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