Aleixo e Regina, em Granada, Es, 19.09.11. |
Brasigóis Felício, Regina e Lei, na Pousada do Farol, RN, 17.01.12. |
E lembrei-me de minhas aulas de literatura quando selecionava exemplos de hipálage para ajudar os alunos na fruição dos textos. Então, veio-me à memória o belo soneto de Júlio Salusse, intitulado Os Cisnes que é considerado uns dos mais belos poemas em língua portuguesa.
A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
Um lago azul sem ondas, sem espumas,
Sobre ele, quando, desfazendo as brumas
Matinais, rompe um sol vermelho e quente,
Nós dois vagamos indolentemente,
Como dois cisnes de alvacentas plumas.
Um dia um cisne morrerá, por certo:
Quando chegar esse momento incerto,
No lago, onde talvez a água se tisne,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne!
A hipálage é uma figura de linguagem que se caracteriza pelo desajustamento entre a função gramatical e a função lógica das palavras, quanto à semântica, de forma a criar uma transposição de sentidos. Uma das formas mais frequentes consiste na atribuição, a um substantivo, de uma qualidade (adjetivo) que, em termos lógicos, pertence a outro. Por exemplo, saudade é um sentimento que encontrou significado em nossa cultura e os cisnes de Salusse também sentem saudade devido ao recurso estilístico do poeta!
Oi, Regi,
ResponderExcluirQue eu me lembre, nunca tinha ouvido falar nesse vocábulo: hipálage. Vivendo e aprendendo...hehehe
Quanto ao poema Os Cisnes, é um dos que sei de cor desde os tempos de adolescente. No entanto, hoje, com a maturidade, embora continue achando ele muito lindo, não concordo nem um pouco com a "praga" do cisne sobrevivente. Imagina! Condenar o outro à solidão! rsrsrs
beijos!
clélia