sexta-feira, 8 de abril de 2011

DIVINA – IRMÃ ESPIRITUAL


Divina das Dores de Paula, 1963.
Nem me lembro como eu a conheci. Ela morava na Rua Seis, poucas casas depois da nossa. Fomos colegas de colégio, desde o antigo primário. Tínhamos quase a mesma idade, mas ela era mais extrovertida que eu à época e me protegia em minha timidez. Sempre gostei muito dela e até hoje é alguém em quem confio, mesmo que nem sempre estivéssemos de acordo. Acho que ela temia, mas ao mesmo tempo admirava a minha coragem e ousadia ante as mudanças vivenciadas. Eu também a admiro muito! Difícil encontrar alguém mais responsável, honesta e verdadeira que ela! Uma grande capacidade amorosa, mãezona, mas exigente com seus filhos! Compartilhamos muitas experiências e sua convivência fraterna sempre foi gratificante para a minha alma.

Sei que a família biológica é uma necessidade em nosso processo evolutivo, mas a família espiritual nos fortalece. Divina é minha irmã querida de muitas e muitas jornadas que por hora estão veladas pela bênção do véu do esquecimento, mas cujo liame afetivo foi reconhecido pelo meu espírito desde sempre. Nunca poderei reclamar falta de amizade sincera em minha vida! Mas há pessoas que são importantes em determinada estação de nossa existência! Outras se presentificam a vida toda.

Didi, Divina e Luzia, 2004.
Tanto Divina como eu, casamos cedo e naquela época cada um tomava as rédeas de suas vidas a partir de então. Passamos por dificuldades inúmeras para concluir os estudos, prover o sustento, criar os filhos, crescer integralmente, ao longo de nossas vidas. Mas sempre encontrei um porto em sua casa e nossos filhos cresceram juntos. Uma vez eu adoeci seriamente e a Divina se responsabilizou pela escola da Fábia, levando-a e buscando-a a cada dia, durante meses.

Moramos próximas muitas vezes na vida adulta e sempre me senti acolhida em sua casa, onde costumava almoçar aos domingos. Baixo e eu levávamos as crianças ao clube ou ao cinema, enquanto Divina preparava o almoço. Seu tempero é insuperável, talvez seja o amor cuidadoso com que prepara os alimentos. Mas era o Baixo que preparava o peixe assado de que tanto eu gostava! Nós três disputávamos a rapa na panela do arroz. Agora, Aleixo aderiu ao trio!

Regina, Divina e seu neto Luis Gabriel, 2003.
Quando éramos crianças brincávamos de mudar nossos nomes e ela sempre dizia que se chamava Sandra Beatriz escolhendo também outro nome para mim! Eu dizia que gostaria de me chamar Patrícia ou Catarina...
Eu me casei primeiro e Divina foi a primeira pessoa, juntamente com minha mãe, a me visitar em São Paulo. Tempos depois, morei no sul do Maranhão e ela, o Baixo e as crianças também nos visitaram lá, por duas vezes. Nós duas viajamos algumas vezes ainda adolescentes e sempre foi muito boa a nossa convivência.

Ela também desmaiava e uma vez o fez no meio do pasto da chácara da mamãe! Colocamos biquíni e fomos nos bronzear ao sol... O caseiro nos avisou para ter cuidado com as vacas. Algumas tinham parido e estavam valentes. Divina desmaiou e não tive coragem de deixá-la sozinha. Eu chamei por auxilio, imaginava que os filhos do caseiro nos espiavam escondidos, mas ninguém apareceu... Então, comecei a conversar com as vacas que se aproximavam,imitando a fala do vaqueiro e pedindo auxílio a Deus, enquanto arrastava a Divina desacordada. E sobrevivemos ao apuro!

Divina, Hélvio (Baixo), Regina, Aleixo, em
2.4. 2011, níver da Divina.
Na década de setenta, quando ela resolveu se casar, mandou-me um telegrama e viemos de Sampa para testemunhar o seu enlace. No dia da defesa de minha dissertação de mestrado, ela me buscou em casa e assistiu ao acadêmico teatro massacrante! Sua presença me faz bem e ela compareceu sempre que precisei!

Hoje, a gente quase nem precisa mais falar... Já compartilhamos tantas coisas! Não importa o tempo/espaço, sei que Divina existe em minha existência e sou grata ao cósmico por isso!

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