Regina, no Hyde Park, em Londres, 2010. |
Eu sempre quis assistir à Procissão do Fogaréu, mas isto ainda não aconteceu. Essa é uma tradicional procissão católica realizada anualmente na cidade de Goiás, na quarta-feira santa.
A procissão encena a prisão de Jesus Cristo e tem início a zero hora da quarta-feira santa, com a iluminação pública apagada e ao som de tambores, à porta da Igreja da Boa Morte, na praça principal da cidade. Os penitentes, vestidos em indumentária especial e representando soldados romanos, seguem então para a escadaria da Igreja de N. S. do Rosário, onde encontram a mesa da última ceia já dispersa. Em seguida, avançam na direção da Igreja de São Francisco de Paula, que simboliza o Jardim das Oliveiras, onde se dará a prisão de Cristo.
Imagem de Jesus na cura dos leprosos. |
Este é representado por um estandarte de linho pintado em duas faces, obra do artista plástico oitocentista Veiga Valle.
A Procissão do Fogaréu foi introduzida em Goiás pelo padre espanhol Perestelo de Vasconcelos, em meados do século XVIII. A indumentária utilizada pelos penitentes caracteriza-se por uma túnica comprida e por um longo capuz cônico e pontiagudo, guardando fortes semelhanças com as vestimentas que ainda hoje são comuns nas celebrações da semana santa na Espanha. Trata-se, com efeito, de um traje de origem medieval, o qual era costumeiramente utilizado por penitentes que assim podiam expiar seus pecados sem ter que revelar publicamente sua identidade. Combinei com Aleixo de ir a Goiás no próximo ano, mas sei que esta cerimônia acontece em outras cidades brasileiras, no sul e no Maranhão.
A Procissão do Fogaréu foi introduzida em Goiás pelo padre espanhol Perestelo de Vasconcelos, em meados do século XVIII. A indumentária utilizada pelos penitentes caracteriza-se por uma túnica comprida e por um longo capuz cônico e pontiagudo, guardando fortes semelhanças com as vestimentas que ainda hoje são comuns nas celebrações da semana santa na Espanha. Trata-se, com efeito, de um traje de origem medieval, o qual era costumeiramente utilizado por penitentes que assim podiam expiar seus pecados sem ter que revelar publicamente sua identidade. Combinei com Aleixo de ir a Goiás no próximo ano, mas sei que esta cerimônia acontece em outras cidades brasileiras, no sul e no Maranhão.
Imagem de Jseus Cristona na crucificação. |
O dia de hoje constitui uma das datas mais emblemáticas para o Cristianismo: Sexta-Feira da Paixão. Momento de fé contrita, solene, que registra a prisão, o julgamento, o suplício, a crucificação, morte e o sepultamento de Jesus Cristo. A definição da data, baseada nos costumes ancestrais herdados da religiosidade judaica, é contada retroativamente a partir do Domingo de Páscoa, marco supremo da ressurreição do Messias.
A antiguidade da data pode ser comprovada pela flutuação do dia santificado, dotado de mobilidade dentre a rigidez dos calendários definidos como referências universais desde os tempos do poder romano. O dia certo, a cada ano, é definido como sendo a primeira sexta-feira depois da primeira lua cheia após o equinócio do outono, em nosso hemisfério sul. No hemisfério norte é o equinócio da primavera. Ou seja, a sexta-feira santa pode acontecer entre 20 de março a 23 de abril.
Jeseus na Samaria. |
Percebe-se, portanto, uma incontornável reafirmação de milenares vínculos sociais traduzidos como referências religiosas de tamanha força que chegam a ultrapassar as próprias crenças, impondo-se aos calendários civis, convertendo-se em feriados para boa parte dos países de tradição católica, alcançando, assim, praticamente todas as demais opções de credo.
Jesus Cristo. |
No Brasil, esta data tem força singular, sendo um momento respeitado em todo o território nacional, devidamente incorporado às datas comemorativas mais fortes. Ao longo dos anos, a Sexta-Feira Santa foi se impondo aos costumes nacionais e o consumo de frutos do mar, nesta data, passou a ser um traço cultural forte, praticado inclusive por grande número de não cristãos.
A encenação da Paixão de Cristo, ocupando ruas de incontáveis cidades brasileiras também se consolidou como característica nacional, chegando a criar uma cidade cenográfica: Nova Jerusalém, em Pernambuco.
Celina, Regina, Sonia, Júnior, Clélia, Lu e filho Angelo, na Shamballa, 2005. |
Apesar do agradecimento, o dia também é utilizado para realização de jejuns e hábitos abstêmios. Essa é maneira encontrada por alguns seguidores para refletir sobre o sofrimento vivido por Jesus em suas últimas horas - antes e durante a crucificação que salvaria a humanidade.
Para isso, além da procissão, as igrejas também realizam nesses dias outros encontros, como orações, missas e encenações.
Não estamos diante de um simples feriadão, mas frente a um momento de grande força popular, capaz de extrapolar os próprios limites religiosos e de estimular reflexões sobre os valores éticos e sociais. Não deve ser desperdiçada, portanto, a oportunidade de se fazer uma reflexão sobre a vida! Afinal, logo vem a Páscoa que quer dizer passagem! Passagem para um período melhor!
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