quinta-feira, 10 de novembro de 2011

LEMBRANÇAS DA HELGA


Helga, Aleixo, Regina e Tia Dione, em Pirinópolis, junho de 2002.
Recebi uma mensagem de parente da Helga e bateu aquela saudade de minha amiga que foi embora tão precocemente, em janeiro de  2003. E quis escrever sobre as lembranças que tenho dela...

Lembrei-me de quando ela era solteira e desfilava graciosamente pela rua seis onde morávamos. Meu pai ficava sentado no alpendre, atrás das azaleias, jasmins, numerosas roseiras do jardim, mas avistava todo o movimento da rua. Ele gostava muito de admirar a sua passagem e uma vez eu o ouvi dizer romanticamente que numa próxima encarnação queria se casar com alguém assim como a Helga!
Aleixo, Regina, Helga e sua tia Dione, ainda em Pirinópolis, 2002. 


Mais tarde, Bené, Clélia e eu a admirávamos quando ela fez amizade com o pintor estrangeiro Peter que morou em sobrado defronte à nossa casa... Nossa vida era muito restrita e sonhávamos com aventuras, ainda platônicas, que imaginávamos que ela vivia pelo fato de ser um pouco mais velha que nós!

Lembro-me  de outra vez em que passei pelo exame de intercâmbio do AFS e ela não envidou esforços para que eu conseguisse realizar o meu sonho de estudar nos EUA...

Ricardo Abrahão, Helga e Andreia, no meu ap de Sampa,
2001.
Quando a Helga marcou seu casamento, eu lhe dei de presente uma camisola colorida que havia trazido dos EUA meses antes. Quando se separou, o Eduardo não permitiu que ela trouxesse nada e ficou por lá com tudo mais... Ela voltou silenciosa e meiga como sempre, apesar de ferida em seus múltiplos corpos!

Então, nós nos lembramos de que eu havia feito seu bolo de casamento e colocado o tradicional par de bonecos noivos em cima. No dia, eles caíram e quebraram. Quando o casamento não seu certo, ela se lembrou do fato e disse calmamente que a gente havia sido avisada, mas não entendeu à época.

Foto clicada pela Helga na Igreja de Pirinópolis, 2002.
Lembro-me, ainda, de seu segundo casamento com o Uárian e as acrobacias que ela fazia para ficar grávida. Nossas longas conversas zelando pelo sono de meus filhos pequenos no quarto da chácara, enquanto o marido tocava piano e assava os patos na grelha, regado a bastante cerveja...

Lembro-me do dia em que a acompanhei ao hospital da Rua 24 do centro para ela fazer exame que possibilitaria a anulação de seu primeiro casamento. Ela perdeu o laudo no caminho de volta e ficamos deveras sem graça, desistindo de buscar uma segunda via.

Meus filhos Otávio e Fábia, em 1975.
Lembro-se das fraldas incrementadas com que ela presenteou meu filho Otávio bebê. De nossas caminhadas pelas ruas da cidade, enquanto conversávamos sem parar... De seu carinho quando minha filha saiu de casa e ela me dispensou seu apoio emocional como sempre!

Lembro-me de quanto ela me ajudou a vida toda. A cada vez que eu precisava, ela estava lá, me apoiando fraternalmente e a todos por quem eu pedia. E quantas vezes combinávamos almoços em self services apenas para colocar a conversa em dia! Sua presença harmonizava qualquer ambiente!

Ainda, Tia Dione,  Helga, Regina e Aleixo.
No casamento de minha filha eu precisava de um par para a Madrinha Helga. Era dia 17 de julho de 1993. E a apresentei ao Ricardo. Foi um reencontro. Eles nunca mais se separaram...

Lembro-me de quando ela e o Ricardo foram me visitar em Sampa. Eu os fiz caminhar até o Ibirapuera e ao final do passeio,  errei a saída e acabamos tendo de pegar um táxi, extenuados de cansaço.

No Mosteiro de São Bento, Ricardo começou a tocar num piano da igreja e quando algumas pessoas se aproximaram com curiosidade, a Helga o chamou de padre para que ninguém estranhasse... A gente ria de tudo quando estávamos os três juntos! Também fui encontrá-los na fazenda em Três Corações e compartilhamos grandes momentos.

Nossa casa na esquina das ruas  seis com a cinco por onde  Helga
passava diariamente até 1967.
Lembro-me dos meus desmaios durante as sessões de seu grupo de Neo-Teosofia e do seu cuidado quando eu despertava apavorada pelo transtorno.

Um dia, Helga disse a minha filha Fábia que ela seria médica. Isto está se concretizando agora, cerca de duas décadas depois...

Uma vez ela me disse que havíamos sido irmãs em outra existência e morado no Rio. Nós tínhamos vindo da Alemanha, então. Descreveu-me tudo com tanta certeza que, até hoje, quando vou ao Rio busco, no centro, certo sobrado que poderíamos ter habitado no passado...
Meu irmão Júnior a quem ela ajudou uma vez
quando ele precisou de internação hospitalar.


Lembro-me de seu incondicional amor por familiares, amigos e pacientes do hospital onde trabalhava ou qualquer um que precisasse dela...Como adorava a sobrinha Celeninha e os netos do coração que moravam na chácara...

Eu poderia escrever um livro inteiro relatando as boas lembranças  que tenho dela, mas vou fazendo assim, aos poucos, esta pequena homenagem saudosa à nossa Helga Kátia Brockes, porque, repetindo Mário Quintana, “a amizade é um amor que nunca morre”. 

5 comentários:

  1. Oi...nem sei o que falar sobre a história de vc's..
    Realmente a minha tia levava uma paz danada, por onde ela passava!É uma pena que convivi tão pouco com ela...Mas vc contando essas histórias..poxa, é como se eu estivesse lendo um livro sobre a vida dela...e como é bom saber mais um pouquinho sobre o que ela viveu aqui!(queria que tivesse continuação...rs)
    Assim que meu pai chegar de viagem, irei mostrar a ele!!
    Sempre lamentei por não ter convivido mais com ela, pois ela ensinava tantas coisas boas, so fazia o bem, ela era uma pessoa que tinha tanta coisa p/ contar e ensinar...Obrigada por estar me contando mais um pouquinho da vida dela...

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  2. Sou eu quem lhe agradece fazer contato, Miúra! Tenho certeza de que ela também está satisfeita com a nossa aproximação! E você nem imagina como a Helga gostava dos sobrinhos!
    Ela era uma pessoa maravilhosa e fui privilegiada por conviver com ela! Também dou graças por acreditar na multiplicidade das existências... Ela também era espiritualista ao contrário dos irmãos, mas isto não tinha importância para ela... Amava a todos indiscriminadamente! Abreijos quânticos

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  3. Oi Regi,
    Deu uma saudade daqueles tempos antigos. A Helga era uma pessoa iluminada, acho que é a palavra que melhor a define. Convivi muito pouco com ela, mas sempre que a encontrava, ela vinha sorrindo me cumprimentar e perguntar pelos familiares. A última vez que a vi foi numa clínica, na Av. D. Estávamos ambas ali fazendo exames e eu imaginei que os dela também eram de rotina. Levei um susto quando pouco tempo depois você me avisou da passagem dela. Deve estar muito bem, cumprindo novas missões.

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  4. ----- Original Message -----
    From: PEGASUS/GIZELDA
    To: GiAraujo
    Sent: Thursday, November 10, 2011 3:08 PM
    Subject: Re: acesse o blog, por favor!


    Oi, Regi,

    Amei o seu relato sobre a Helga. Fiquei assim, um pouquinho com inveja positiva, de nao ter tantas memorias quanto voce.....fiquei ate mesmo um pouco triste.....mas foi muito bom ler e recordar da nossa grande amiga, daquele espirito tao livre e leve.
    Houve alguma razao p/vc escrever isso hoje ou foi soh mesmo a saudade q. bateu?

    Sempre penso e me lembro dela com muito carinho. Obrigada por me fazer mais uma vez consciente dela e das nossas vidas juntas por mais pouco q. tenham sido os nossos dias juntos e me parece q.com a passagem dos anos elas vao se esticando ainda mais como uma faixa de borracha, mas das fortes porq. ela nunca se arrebenta....nunca se desgasta.

    Como disse um amigo meu pelo facebook, ontem:
    "amigos são a família que DEUS nos permitiu escolher"

    Beijos,
    G.

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  5. ----- Original Message -----
    From: Felix Pádua
    To: GiAraujo
    Sent: Thursday, November 10, 2011 2:31 PM
    Subject: Re: acesse o blog, por favor!

    COMENTÁRIO DO FÉLIX

    Olá, Regina,

    Gostei da história da Helga, como diz minha amiga, ela foi Top!

    Abraços / Félix

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