sexta-feira, 8 de outubro de 2010

MITOS DESFEITOS

De repente a gente percebe que conseguiu quebrar todos os mitos cultivados ao longo da existência e sente desânimo. O terapeuta amigo sugere: “é preciso continuar mitologizando a realidade, mas evitando confundir o ideal com o real...” Será? 
Regina em 19.09.2010.
Sabemos da importância dos mitos em nossa vida. Não teríamos graça sem os mitos e os sonhos. Aquilo que os seres humanos têm em comum se revela nos mitos. Eles são histórias de nossa vida, de nossa busca da verdade, da busca do sentido de estarmos vivos.

Os temas míticos não são encontrados somente nas mitologias dos povos antigos ou entre grupos humanos primitivos. Não me refiro a mitos de contexto coordenado e elaborado, mas lembro que os componentes típicos de mitos continuam emergindo do inconsciente a cada noite, em nossos sonhos humanos. Surgem reativados pelas condições atuais do sonhador que despertam ressonâncias de experiências semelhantes já vividas pela espécie humana. Outras produções do inconsciente, tais como visões, alucinações, delírios, trazem sempre algum componente mítico. A constatação repetida dessas ocorrências, sem que conhecimentos anteriores os pudessem explicar, levou Jung a admitir que os moldes básicos para a formação dos mitos, ou seja, os arquétipos devem estar presentes na profundeza do inconsciente.

Só que a verdade que eles contêm possivelmente não é literal, mas depende do eco que acorda nos ouvintes e nos leitores, de acordo com seu repertório cultural e as ligações que conseguem estabelecer entre os mitos e a sua substância, revelando um sentido oculto e profundo a ser reinventado.

Meus filhos Otávio e Fábia, em 1975.
Ontem acordei cedinho e me lembrei desta mesma data 38 anos atrás. Dei à luz a meu filho Otávio. A cesariana estava marcada para bem cedo e cheguei ao Hospital São Salvador às 6h da manhã. Eu enjoava toda a gestação e não tomei os comprimidos de Debendox, porque faria a cirurgia. Começaram a me preparar, mas logo me avisaram que atrasaria, porque surgiu caso de emergência que ocuparia a sala. Então, tive que esperar e vomitei por mais de duas horas. Otávio veio ao mundo às 8h45. Ao abraçá-lo pela primeira vez, esqueci tudo que havia sofrido, como todas as mães.

Livro biográfico sobre Chico Xavier.
Assisti ao filme Nosso Lar, no Rio, conforme relatei anteriormente. No dia seguinte, o vôo atrasou e comprei um livro no aeroporto, enquanto esperava. Já o havia lido e retornei à livraria Laselva pedindo para trocá-lo. Dentre as possibilidades, trouxe uma biografia do Chico, escrita pelo jornalista Marcel Souto Maior. Terminei a leitura ontem.
E me lembrei de quando conheci o Chico Xavier. Minha irmã Clélia havia feito uma viagem de avião com meu pai no mês anterior e resolveram que eu acompanharia minha mãe a Uberaba. Foi a minha primeira viagem de avião. Acredito que tenha sido em 60 ou 61. Os aviões eram pequenos, tipo teco teco e balançava demais. Eu enjoei muito e quando o avião parou em Uberlândia, pedi a minha mãe que me deixasse lá e me pegasse na volta. Ela sabia que eu era gulosa e me comprou com uma caixa de bombons!
Eu havia vomitado nos saquinhos no trajeto anterior e fui comendo chocolate no segundo trajeto. Ao chegar ao centro do Chico, eu estava com dor de barriga. Resumindo, além do odor do vômito, fiquei cheirando a fezes e nem tive coragem de me aproximar da multidão que cercava o médium. Só o vi de longe! Passei grande parte do tempo no banheirinho no quintal do centro e o filho de Dona Maria Antonieta – o Clóvis Alessandri – meu coleguinha de curso de piano, inglês, francês e alemão, na época, agüentou o perfume que eu exalava o tempo todo com a maior caridade cristã! Nunca mais o encontrei, mas foi excelente amigo na minha infância e adolescência! Hoje, sei que é um grande pianista na Alemanha.

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