sexta-feira, 13 de maio de 2011

CANÁRIOS E GAVIÃO

Aleixo e Regina, no Caimi, em 2002.
Nunca gostei de pássaros presos e aos dois anos soltei toda a coleção de canários de meu pai, conforme relatei anteriormente.

Mas logo que me casei com Aleixo, ele me presenteou com um casal de canários que colocamos na varanda de nosso apartamento, no edifício Caimi, onde morávamos, então.

Num final de tarde, minha irmã foi me visitar! Eu havia limpado a gaiola há pouco tempo e ela ainda estava no chão da sacada.
Gavião...
Celina quis ver os meus canários e eu lhe disse que estavam na varanda. Na semi-obscuridade, ela os achou grandes e me perguntou se a gaiola não estaria pequena para eles. Respondi que não e também fui espiá-los...

Assim que eu me aproximei, o pássaro fez um som estranho, abriu as asas ocupando quase todo o espaço da gaiola e eu me afastei apavorada, pensando se os canários estariam doentes, pois tinham crescido tão de repente...

Minha irmã Celina.
Então, gritei pelo Aleixo que veio decifrar o mistério. Ele riu de nosso despreparo e falou que não havia mais canários, só um gavião ao lusco fusco...
Ao acender a luz, ainda vimos algumas penas de canário ao chão!

Liguei para meu filho Otavio, contando o incidente. Ele me pediu que guardasse o gavião, pois ele o queria. Meu sobrinho André disse o mesmo, à sua mãe, Celina, assim que soube do fato.

Regina, Marcos e Helen, Rosane, Anne e Patrick,
 filho Otávio e nora Luciana, em 2002.
O gavião dormiu na gaiola. Eu o vi pela manhã e pensei que teria que lhe dar algo para comer, mas não tinha carne em casa.
Assim, preparei um sanduíche de queijo e tomate para meu desjejum e resolvi repartir com ele. Mas ele fugiu da gaiola antes de pegar a sua parte...

Um comentário:

  1. cOMENTÁRIO DO AMIGO TERAPEUTA - LUIS ALFREDO

    Este foi um bom "causo" para ser contado de hoje em diante.
    Talvez o gavião seja um tipo de presságio. Se eu puder "vê-lo" como em um sonho, eu diria que
    - um par (de canários, de pessoas, sócios, familiares etc..) está dando como segura uma situação que não tem nada de estável.
    - Pelo contrário, como sabemos... A morte, o imprevisto, o incalculável (o gavião e sua admirável natureza caçadora) ou até mesmo o desconhecido esteja "rondando" esta situação aparentemente segura.
    - O casal (o par - de canários - os sócios e assim por diante...) estava protegido por uma cela, um prédio, limites, barreiras, costumes, rotinas, paradigmas (a gaiola) e nem assim a natureza lhes poupou da realidade do inesperado e do indesejado.
    - Sua segurança atuou contra eles, sua rotina os deixou sem alternativa de ação. Muitas vezes nos tornamos presas fáceis na mão do inesperado, nas mãos dos espertalhões, nas mãos dos imprevistos de todo tipo e quanto mais nos tornamos "domésticos" ou presos maior é o risco de nos vermos demolidos por uma novidade ou imprevisto que desmonte todos os nossos paradigmas de estabilidade e de fixidez.
    - até mesmo o gavião, na sua implacável natureza de predador, deixou-se ficar na gaiola, talvez tempo demais, pois podia ser que ele mesmo se tornasse mais uma vítima naquela "cela" onde antes ele se refestelou com os indefesos canários. O gavião demonstrou uma "graça animal", pois seu instinto está acima da ética e da moral mundana, tanto é que ele escapou... Será ele um vilão? É cabível ele ser julgado? Sua ferocidade instintiva é condenável? Em nome deste tipo de julgamento o homem, como espécie, já devastou o planeta, matando e perseguindo os OUTROS (os animais, os outros homens, as outras crenças, as outras religiões, os outros paradigmas).

    Os paradigmas que imperam nas cabeças humanas são tão domesticados quanto um par de canários criados em uma gaiola. Não valem um tostão furado quanto à dura realidade (da vida e da morte) os ignora... Quantos são aqueles que, com freqüência, se queixam à divindade (ao universo) suplicando/pedindo melhores condições de vida, melhores alternativas e possibilidades, mais comida e mais tranqueira para atravancar e atulhar as auto assumidas gaiolas...

    Peixinhos serão mais representativos da domesticidade do que canários? Talvez! Aliás, bem provável! Será que já não vivemos em "algo" análogo a um "aquário" ou "gaiola"? Neste caso, quem nos alimenta? Quem são os nossos "donos"?
    Nossas gaiolas têm elevadores, portões imponentes, segurança, garantia contra o medo, a fome e a morte? São sofisticadas, porém apenas "gaiolas" de qualquer modo...
    Há "coisas da vida" (e da morte!) que convém aceitarmos, pois disto pode depender a possibilidade de viver uma vida com todo o sentido que ela possa ter ou uma meia vida, uma existência média, sem percalços e plena de tédio e resignação. Se não podemos mais ou menos MORRER, então porque aceitar uma VIDA "mais ou menos"?
    Será que o gavião aceitaria o tomate? Vermelho como a carne?

    Pode ser que esta interpretação tenha algum pé na realidade e pode ser que não. Pode já estar em curso (a situação piloto) e/ou não acontecer de modo algum.
    Mas, independente da validade dos argumentos, gostei do exercício de interpretar esta "sincronicidade" que será tão maior quanto mais esta se aproximar dos vindouro-atuais situações vividas.
    Pode ser também que tudo termine em pizza...

    Contudo, é muito importante saber:
    O que será que o André e o Otávio planejavam fazer, uma vez de posse do gavião?
    Qual papel desempenhou Celina? O de reveladora, de arauto?

    Beijos a todos os envolvidos,
    Luis Vasconcellos.
    São Paulo, 2002.

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