quarta-feira, 22 de setembro de 2010

MEMÓRIAS RECENTES DA HOLANDA

 A Gestão da Água Subterrânea
Aleixo e Regina em Zaandam, Holanda.
O sistema de drenagem das áreas situadas abaixo do nível do mar - Sistema Polder - é muito importante para a população holandesa e a manutenção do nível do lençol freático tem grande repercussão, pois para os produtores agrícolas dessas áreas é interessante drenar bastante o solo para manter o nível do lençol freático baixo e assim poderem criar o gado, utilizar maquinário agrícola, entre outras coisas.

No entanto, devido às características do solo, se o nível do lençol freático for rebaixado demais, haverá problemas geotécnicos que poderão afetar futuramente as fundações de edifícios. Dessa forma, os geólogos do serviço geológico da Holanda promovem reuniões com os produtores agrícolas locais para discutir e conscientizar sobre a importância do não-rebaixamento excessivo do nível freático. Essas reuniões com a comunidade e a equipe técnica permitem que seja criada uma consciência coletiva da importância do respeito às normas de drenagem do solo, dizem os especialistas.

Regina, na mesquita, em Zaandam.
Os holandeses se orgulham muito da qualidade da água que se bebe das torneiras - considerada a melhor da Europa. Essas experiências nos mostram como a divulgação das informações sobre a importância da preservação criou uma mentalidade coletiva de respeito ao meio ambiente, garantindo a manutenção da própria qualidade de vida.

Entre o Brasil e a Holanda existem contextos sociais e territoriais muito diversos. Porém, não dá para deixar de se observar que um país como a Holanda sempre teve que lidar com a gestão das águas, tanto superficiais como subterrâneas, para a sobrevivência do seu povo que aprendeu, muitas vezes de forma difícil - como no caso do grande desastre que houve em 1953, com o rompimento dos diques onde mais de 18 mil pessoas morreram -, a buscar a gestão sustentável desse precioso recurso. Essa gestão sustentável realmente busca considerar os aspectos ambientais.

Aleixo e Regina em Zaandam, construção típica do local.
Os holandeses aprenderam, ao longo dos anos e com as dificuldades, que só por meio da gestão sustentável é que se garantirá para a atual e as futuras gerações o acesso à água de qualidade. É uma questão de sobrevivência. O abastecimento de água na Holanda é responsabilidade de 15 companhias. Essas companhias têm o status legal de companhias privadas, mas seus proprietários são os municípios e as províncias. Ele menciona que no nível regional as províncias, que são 12, supervisionam as Câmaras de Gestão de Águas e os municípios, além disso, são responsáveis pela regulação do uso, além de terem importante papel na proteção ambiental.

Em nível nacional três ministérios lidam com a gestão da água: o Ministério dos Transportes e Trabalhos Públicos por meio da Agência de Gestão das Águas; o Ministério da Habitação, Planejamento do Território e Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura e da Segurança Alimentar.

Aleixo, Regina Renata e Rafael, no moinho Van Sloten.
A Holanda tem um vasto histórico de gestão das águas. Devemos nos lembrar de que o sistema de Câmaras de Gestão das Águas é uma das mais antigas instituições na Holanda. Algumas dessas câmaras, que funcionam no âmbito das províncias, foram fundadas no século XII. Na verdade, é a Câmara de Gestão de Águas que gerencia o sistema de águas. A unidade-área é uma unidade hidrológica, em geral a área da bacia hidrográfica. E cada província tem várias câmaras de gestão de águas. Quanto à legislação, leis referentes à água estão registradas na província de Frisian, por exemplo, desde o ano 1100, mas, pode-se dizer que, a partir do século XX, desde os anos 60, a legislação holandesa vem incorporando o conceito de Gerenciamento Integrado de Recursos Aquáticos.

Dentro do moinho museu Van Sloten.
Esse conceito trata a gestão das águas de forma holística e enfatiza a necessidade de se considerar tanto as águas superficiais quanto as águas subterrâneas, tanto no que se refere à qualidade quanto à quantidade dos recursos, tanto no que se refere à ecologia, à relação entre os recursos aquáticos e terrestres e também considerando as funções sócio-econômicas das bacias hidrográficas.

Aleixo e Regina no museu em Amsterdam.
A primeira Política Nacional para as Águas foi editada em 1968 e focava exclusivamente o incremento do suprimento de água, em especial na escala de infra-estrutura. A Segunda Política Nacional para as Águas foi publicada em 1985 e introduziu um enfoque econômico, além de tratar da qualidade da água. Mas foi na publicação da Terceira Política Nacional para as Águas, em 1989, que se considerou a integração da gestão de águas superficiais e subterrâneas, abordando tanto os aspectos referentes à qualidade e quantidade, enfocando fortemente os aspectos de proteção à natureza. A Quarta Política Nacional para as Águas foi editada em 1998.

Aleixo e Regina no jardim de igreja em Amsterdam.
Mesmo que, de acordo com a nossa visão, a Holanda seja considerada um país com um território pequeno, eles mantêm áreas de dunas preservadas, a fim de garantir a qualidade da sua água. Como as dunas são consideradas áreas de recarga, os holandeses também as utilizam como filtro natural, e chegam a realizar a recarga artificial, ou seja, infiltram água de qualidade inferior para que seja filtrada pelas dunas e, por fim, seja captada e utilizada para abastecimento.

Aleixo e Regina em frente ao Hard Rock Café, em Amsterdam.
Resumindo: a Holanda é um país em constante risco de submersão e não fosse seu sistema de drenagem altamente eficiente, as águas cobririam o país em pouco tempo, além de outras conseqüências ligadas à qualidade de vida holandesa. O Molen Van Sloten, o moinho que visitamos é o único que ainda é usado para carrear água para o sistema de drenagem. O restante é feito pelas bombas elétricas comuns.

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